A fronteira entre a sinceridade e o bom senso - by Max Gehringer

Outra transcrição dos comentários do Mr. Max. Para ouvir o áudio original, acesse o site da CBN.

A fronteira entre a sinceridade e o bom senso

O tema de hoje é a fronteira entre a sinceridade e o bom senso. Um ouvinte escreveu o seguinte:

"Eu trabalhava em uma boa empresa já fazia quatro anos. Não tinha problemas com ninguém e nenhuma queixa. No fim do ano passado, prestei um concurso público e passei. Não havia uma data certa para eu assumir a vaga, mas mesmo assim, em respeito a minha empresa, comuniquei o fato a meu chefe, que até reagiu bem, dizendo que eu estava certo em procurar o que era melhor para mim.

Eu deixei claro para meu chefe que a convocação para o serviço público poderia demorar alguns meses, e que eu cumpriria com as minhas obrigações como sempre cumpri, até o último dia. E ele elogiou a minha postura. Bom, um mês depois fui informado que o cargo público havia sido suspenso por ordens de Brasília. Comuniquei o fato a meu chefe, que para minha surpresa, ele me disse que já havia sido contratado um funcionário para me substituir e que eu seria dispensado, como realmente fui. De repente eu, que tinha dois bons empregos, fiquei sem nenhum.

Minha pergunta é: o que eu fiz de errado?"

Vou inverter a pergunta: o que a sua empresa fez de errado? Quando você revelou que a empresa não estava mais em seus planos futuros, ela excluiu você dos planos futuros dela. Se você iria sair mais cedo ou mais tarde, sua empresa decidiu que era melhor você sair mais cedo. Embora muita gente possa discordar disso, um empregado não está cometendo qualquer pecado ético se não comunicar a empresa que está participando de um processo seletivo em outra empresa. Assim como a empresa não feriu a ética quando deixou de comunicar ao nosso ouvinte que o processo de substituição dele havia sido iniciado sem ele saber. Nosso ouvinte apostou numa reação positiva na empresa, sem estar preparado para a reação negativa.

Em resumo, sobrou sinceridade, mas faltou um pouco de bom senso.

Max Gehringer, para CBN.