Ainda vale a pena fazer um curso superior?

Eu havia transcrito esse comentário do Max para CBN, do dia 22/04/2008, e havia esquecido de publicar. Então, aqui vai.

Lembrando que o áudio original pode ser conferido na página da CBN.

Ainda vale a pena fazer um curso superior?

Saiu em todos os jornais: o Ministério do Trabalho informou que em março de 2008 foram geradas mais de 206 mil novas vagas no mercado de trabalho. Um incrível aumento de 41% sobre março de 2007. São Paulo foi o estado que abriu mais vagas, com 43% do total, e apenas a região nordeste apresentou resultado negativo, com redução de 14 mil vagas.

Essa boa notícia, provavelmente, vai fazer muita gente que está procurando emprego e não encontra, começar a imaginar que não tem sorte na vida. O que acontece é que a maior parte dessas vagas foi gerada pelos setores de serviços, agropecuária, construção civil e indústrias têxteis, mecânicas e metalúrgicas. Ou seja, são postos de trabalho ou para profissionais de nível médio ou com pouca qualificação. No caso de São Paulo, a lavoura de cana-de-açúcar foi a maior geradora de empregos. E foi também a cana que causou a queda de postos de trabalho no nordeste.

Embora a notícia seja realmente boa, porque mais gente está trabalhando com carteira assinada, o maior contingente de desocupação continua sendo o dos jovens qualificados. Pessoas entre 18 e 26 anos, com diploma universitário ou fazendo curso superior, que continuaram encontrando no primeiro trimestre de 2008 as mesmas dificuldades que encontraram no ano passado. Essa situação é responsável por uma distorção que está ficando cada vez mais evidente: jovens com curso superior são contratados com salários equivalentes ao do nível técnico.

Se essa é a situação, vale a pena fazer um curso superior? Mais do que nunca. Primeiro, porque ele será útil para o resto da carreira, e não apenas para conseguir o primeiro emprego. E segundo, porque o curso superior já se transformou em requisito mínimo para a maioria das vagas técnicas e administrativas, em grandes empresas. Mesmo que o reflexo de um diploma em curto prazo possa não parecer muito alentador, estudar é preciso.

Max Gehringer, para CBN.