2008-08-08

Asfalto

Deitei no asfalto. Eram por volta das três da tarde, o sol brilhava, mas não aquecia em demasia; era um sol de inverno.

Numa rampa de acesso, lá estava eu deitado, no meio do asfalto. As mãos atrás da cabeça, formando um travesseiro improvisado naquele asfalto duro. De uma forma que eu não sei explicar, estava aconchegante. A calça jeans e a camiseta não deixavam que eu tocasse diretamente o asfalto, apenas as minhas mãos assim o faziam.

Olhei para o céu, poucas nuvens vagavam por aquele céu azul. Todo o cenário parecia um mar, de imensidão azul, com as poucas nuvens, ralas e espaçadas, como se fossem a espuma gerada pelas ondas.


No meio delas, clara, quase desfalecendo, a lua, não sei em qual quarto, se minguante ou crescente.

E o clima estava muito bom. O sol gentil, aquecendo mas não queimando, e uma brisa leve, talvez resquício da chuva de manhã. Pois é, de manhã havia chovido, algumas pancadas de chuva relativamente fortes, mas nada que deixasse a terra encharcada.

E muito menos o asfalto, que com o sol, que dera o ar de sua graça por volta do meio dia, já havia secado. E eu estava ali, deitado. Olhando para o céu, as nuvens, a lua... E só pensando em como aquilo tudo era bom.

E apesar de ser o único ali, deitado, ao meu lado haviam outras pessoas, sentadas. E tenho que admitir, que aquela sensação boa, muito se deveu a elas. Porque as que estavam ao meu lado, não eram quaisquer pessoas. Não, eram pessoas, por falta de palavra melhor ou meatáfora mais apurada, especiais. Simplesmente pessoas especiais.

E mesmo que eu não diga a elas pessoalmente, por timidez ou vergonha, eu agradeço por elas terem estado ali.

Porque deitar no asfalto no meio da tarde pode ser tão bom quanto se jogar numa praia, cercado de areia, com a brisa e o som do mar.

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