Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 25/11/2008, sobre porque alguns candidatos super qualificados as vezes não conseguem empregos.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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Desequilíbrio entre teoria e prática, falta de vaga adequada e ameaça de insatisfação prejudicam os 'superqualificados'
"Estou começando a ficar preocupado", escreve um ouvinte. "Em dois processos de seleção de que participei, fui descartado porque, segundo os entrevistadores me explicaram, eu era super qualificado para as vagas. Será que ter disposição para fazer cursos, agora virou fator negativo na hora da contratação?"
Não, não virou.
Essa explicação de super qualificação tem o objetivo de fazer o candidato não se sentir tão mal quando ele recebe uma má notícia. Pelo menos, ele poderá dizer aos amigos: "eu só não consegui a vaga porque sou bom demais!"
Mas vamos aos verdadeiros motivos para essa rejeição. São três.
O primeiro é o desequilíbrio entre teoria e prática. O candidato de fato acumulou uma vistosa bagagem acadêmica, mas não tem a experiência mínima que a função exige.
O segundo motivo é estratégico. Por não conseguir uma vaga condizente com a sua formação, o candidato opta por ingressar numa empresa, em um degrau mais baixo. Seria o caso, por exemplo, de um engenheiro que se candidata a operador de produção.
Mas o terceiro motivo é o que normalmente prevalece. O candidato não consegue convencer o entrevistador de que ficará satisfeito com a vaga, mesmo que ela esteja aquém de seu potencial. Aí, o risco para a empresa seria que o candidato fosse admitido e continuasse procurando emprego, um que estivesse mais de acordo com a sua formação. Ou então, que o recém admitido acabe criando algum problema de relacionamento com os colegas, cuja qualificação acadêmica é menor, porém condizente com a função.
Em qualquer processo de seleção, a formação e a experiência, somados, pesam 60%. Os outros 40% têm a ver com fatores ligados ao comportamento. Se não fosse assim, as entrevistas pessoais nem seriam necessárias. E as pessoas seriam contratadas apenas com base no currículo.
Em resumo, o nosso ouvinte não perdeu as vagas por excesso de qualificação. Essa foi simplesmente a explicação mais fácil e menos dolorida. Perdeu porque o entrevistador não ficou convencido de que o ouvinte estaria de fato disposto a abraçar um trabalho inferior ao seu grau de qualificação.
Max Gehringer, para CBN.
via de regra, eu gosto muito dos textos do Max Gehringer e seu bom senso, mas neste caso específico o que me parece é que o autor está muito distante do cotidiano de quem procura emprego. Não que eu ache que ele não saiba o que está falando, pelo contrário, sei que o cara é bom. A questão é que ele trabalha com base em recrutadores capacitados e bem remunerados, pessoas que atendem bem, entrevistam adequadamente e te dão um retorno, mesmo que seja não. Alo-ou, isso é um delírio.
ResponderExcluirEu já cansei de lidar com recém-formado em psicologia muito mal-resolvido que te analisa com base em valores pessoais. São raros os recrutadores no padrão Max Gehringer de qualidade, tanto que me lembro de cada um que conheci e a qual empresa pertence.
Não to discutindo, só comentando...