2009-05-26

Programas de qualidade de vida para os funcionários - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 25/05/2009, sobre programas de qualidade de vida que a empresa acha que o empregado precisa, e o que o empregado pode realmente estar querendo.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

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Programas de qualidade de vida para os funcionários

academia ginástica
"Sou gestor de recursos humanos de uma grande empresa", escreve um ouvinte. "Há 3 meses iniciamos um programa de qualidade de vida, para nossos empregados. Proporcionamos palestras sobre saúde e alimentação, e montamos uma academia interna, com aparelhos para que todos possam se exercitar, antes ou depois do expediente.

A participação é espontânea. E para nossa frustração, a adesão foi baixíssima. Só 10% aderiram, e esse número ainda vem caindo. Discutimos com nossos gerentes o que pode ter acontecido e nos deparamos com opiniões contraditórias. Há os que dizem que empregado é assim mesmo, e não reconhece o que a empresa faz. E há opiniões mais moderadas, de que talvez tivéssemos falhado na comunicação das vantagens do programa.

Vamos fazer uma pesquisa para tentar entender os motivos, mas eu gostaria de ouvir um comentário seu, a respeito."


Vamos lá. O que eu vou dizer pode parecer negativo, mas não é. Empresas montam programas de qualidade de vida porque o empregado é cada vez mais pressionado, para aumentar a produtividade, reduzir o índice de erros e, não raramente, em função de cortes de pessoal, trabalhar por dois.

Essa pressão constante causa tensão, e essa tensão pode influir no estado físico e psicológico do empregado. Portanto, a empresa precisa encontrar formas de descontrair o empregado para que ele possa suportar ainda mais pressão. Insisto, parece negativo, mas não é. Sem esses programas, muitos empregados iriam espanar, causando prejuízos à própria saúde e à empresa.

Por que então todo mundo não correu para a academia? Porque, imagino eu, exercício físico é uma forma de descontração, mas não é a única. Tem gente que não gosta de malhar. E tem gente que não quer, ou não pode, levantar mais cedo ou chegar em casa mais tarde. Há empregados que se sentiriam melhor se tivessem uma capela, ou uma biblioteca, ou mesmo uma assistência psicológica, algo simples, mas que poucas empresas proporcionam.

Ao oferecer ao empregado uma coisa que a empresa acredita que ele precisa, sem perguntar se o empregado concorda que precisa mesmo, ele pode reagir como se estivesse sendo obrigado a participar. E aí, não participa.

Eu sugiro que uma das perguntas da pesquisa seja: "O que mais você gostaria de ter além da academia?" Só essa pergunta já mudaria o ambiente, porque iria mostrar ao empregado que a empresa está preocupada também com o que ele pensa e não apenas com o que ela acha.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

  1. trabalhei muitos anos envolvida com o mercado de indústrias farmacêuticas, consideradas as melhores pra se trabalhar, acompanhei de perto alguns programas de qualidade de vida e confesso, tive vontade de passar pro lado deles.
    bjs

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