Um excelente artigo da Scientific American, discutindo a relação entre amor e sexo com a criatividade e o pensamento racional analítico.
Resumindo, pra aqueles que não gostam de ler ou não se interessam por ciência, basicamente é dito que o ato de se apaixonar, de pensar em amor, faz com que fiquemos mais criativos, mas com menos pensamento analítico, ou seja, menos racionais. Por outro lado, pensar sobre sexo nos faz menos criativos, mas com mais pensamento lógico.
Isso me leva a duas consequências. Uma, agora você já tem motivos científicos pra dizer pra aquele seu amigo apaixonado, que ele está idiota. Mas em compensação, vai poder produzir alguma obra de arte. ;)
E a segunda, é que como nós homens pensamos em sexo praticamente o tempo todo, somos mesmos mais racionais. Hahaha =P
Um ou outro termo foi deixado em inglês, pois como não sou psicólogo, não encontrei o termo apropriado em português. Alguns links e os destaques foram colocados por mim.
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O amor nos faz mais criativos?
O amor tem inspirado incontáveis trabalhos de arte, de peças imortais como Romeu e Julieta, a obras-primas de arquitetura, como o Taj Mahal, a até clássicas músicas pops, como Love of My Life, do Queen. Isso levanta a óbvia questão: por que o amor é uma emoção tão estimulante? Por que o ato de se apaixonar - ou ao menos pensar no amor - leva a tanta produtividade criativa?
Uma possibilidade é que quando estamos apaixonados, nós realmente pensamos diferente. Esta romântica hipótese foi recentemente testada pelos psicólogos Jens Förster, Kai Epstude, e Amina Özelse, na Universidade de Amsterdã. Os pesquisadores descobriram que o amor realmente altera nossos pensamentos, e que essa profunda emoção nos afeta de uma maneira diferente do que simplesmente quando pensamos em sexo.
O experimento demonstrou que o amor nos faz pensar diferente porque dispara um processamento mental global, que por sua vez, promove o pensamento criativo e interfere com o pensamento analítico. Pensar sobre o sexo, entretanto, tem o efeito oposto: ele dispara o processamento local, que promove o pensamento analítico e interfere com a criatividade.
Por que o amor nos faz pensar mais globalmente? Os pesquisadores sugerem que o amor romântico induz a uma perspectiva de longo prazo, enquanto o desejo sexual induz a uma perspectiva de curto prazo. Isso porque o amor tipicamente implica desejos e objetivos de um prolongado relacionamento com uma pessoa, enquanto o desejo sexual é tipicamente focado em se ocupar em uma atividade sexual "aqui e agora". Consistente com essa ideia, quando os pesquisadores disseram às pessoas para imaginar um encontro romântico ou um encontro sexual casual, eles descobriram que aqueles que imaginaram os encontros românticos, os imaginaram acontecendo mais no futuro do que aqueles que imaginaram o sexo casual.
De acordo com a Construal Level Theory (CLT), pensar sobre eventos que estão mais longe no futuro ou no passado - ou em qualquer tipo de distância psicológica (como considerar coisas ou pessoas que estão fisicamente longe, ou considerar alternativas remotas ou improváveis da realidade) dispara um estilo de processamento mais global. Em outras palavras, a distância psicológica nos faz ver a floresta, em vez de árvores individuais.
Um estilo de processamento global promove o pensamento criativo porque ele ajuda a levantar associações remotas e incomuns. Considere, por exemplo, o ato de achar um presente para o seu parceiro(a). Se pensarmos sobre o presente, enquanto usamos um conjunto local, provavelmente iremos nos focar em opções mais concretas e literiais, a maioria envolvendo um objeto tangível embrulhado em papel colorido. Provavelmente iremos considerar os suspeitos comuns, como um relógio, um livro ou um perfume. Entretanto, pensar sobre um presente mais globalmente, pode nos inspirar a considerar um presente como "qualquer coisa que faça ele/ela feliz". Deste modo, pensamos em ideias mais diversas e originais, como uma viagem de férias junto, escrever uma canção, ou limpar e remodelar a casa.
É claro, isso não significa que devemos sempre pensar globalmente. Enquanto o processamento local pode interferir na criatividade, ele também promove o pensamento analítico, o que usamos para aplicar regras lógicas. Por exemplo, se você está olhando um peça de móvel numa grande vitrine, de acordo com uma lista pré-definida de critérios (como tamanho, cor, preço), um conjunto de pensamento local pode ajudá-lo a encontrar o que queria, te prevenindo de dispersar por opções atrativas, mas irrelevantes, e fazendo com que você preste mais atenção aos detalhes relevantes.
Em resumo, os autores sugerem que, pelo amor ativar uma perspectiva de longo prazo, que promove um processamento global, deve promover também a criatividade e impedir o pensamento analítico. Em contraste, atividades sexuais ativam uma perspectiva de curto prazo, o que promove o processamento local e deve promover também o pensamento analítico e impedir o pensamaento criativo.
Os autores apresentam dois estudos que apoiam este modelo. Participantes do primeiro estudo imaginaram uma dessas três situações: uma longa caminhada junto com o(a) amado(a) parceiro(a) (condição de amor), sexo casual com uma pessoa que eles sentiam atração mas não amor (condição de sexo), ou uma boa caminhada sozinhos (condição de controle). Os participantes então eram chamados a resolver três problemas criativos e quatro problemas que usassem pensamento analítico, que eram problemas de lógica do exame de graduação padrão GRE (por exemplo, se A < B e C > B então ?) Como esperado, participantes da condição de amor resolveram mais os problemas criativos e menos os problemas analíticos, do que os da condição de controle. Participantes da condição de sexo, por outro lado, resolveram menos problemas criativos e mais problemas analíticos, comparados aos participantes da condição de controle.
O segundo estudo examinou se lembretes mais sutis de amor e sexo podem provocar efeitos similares. Primeiro, como parte de uma tarefa de atenção falsa, participantes eram subliminarmente apresentados a palavras relacionadas ao amor (por exemplo, "amando"), palavras relacionadas ao sexo (por exemplo, "erotismo"), ou uma sequência de letras que não formavam uma palavra (essa era condição de controle, por exemplo "XQFBZ"). Em seguida, o pensamento analítico era medido usando os mesmos problemas do GRE do primeiro estudo. Desta vez, o pensamento criativo foi medido usando uma tarefa "de geração", na qual os participantes tinham um tempo limitado para gerar o máximo número possível de usos para um tijolo. Replicando as descobertas do primeiro estudo, os participantes da condição de amor geraram mais usos criativos e resolveram menos problemas analíticos do que aqueles na condição de controle, enquanto os participantes da condição de sexo mostraram o padrão oposto.
Uma das implicações mais notáveis destes experimentos é que amor e sexo não influenciam simplesmente na maneira como pensamos sobre a pessoa que amamos ou desejamos. Ao invés, eles influenciam o jeito que pensamos sobre tudo. Os mesmos pesquisadores demonstraram esta tendência em outro experimento. Quando apaixonados, ao que parece, nós temos dificuldade para distinguir entre diferentes qualidades da pessoa amada (por exemplo, "se ele é bonito, ele também deve ser bondoso!"), um fenômeno que é geralmente chamado de efeito halo. O amor promove o efeito halo também para outros objetos? Parece que a resposta é sim.
O mesmo grupo de pesquisadores diz que o efeito halo reflete o processamento global, e portanto deveria aumentar quando pessoas pensam sobre o amor e diminuir quando eles pensam sobre sexo. Eles descobriram o padrão esperado de avaliações (isto é, menos diferenciação entre qualidades distintas depois de pensar sobre amor e mais diferenciação depois de pensar sobre sexo), não apenas nas avaliações sobre o parceiro(a) romântico, mas também avaliando diferentes aspectos de uma cadeira!
A lição aprendida é que ao pensar em amor, ou qualquer coisa que promova uma perspectiva distante ou processamento global, pode nos fazer mais criativos. Talvez o amor seja um jeito especialmente potente de nos induzir a um senso de transcendência - estar no aqui e agora, e mesmo assim contemplar o futuro distante e talvez até mesmo a eternidade.
Texto original de Nira Liberman e Oren Shapira, publicado na Scientific American.
eu sempre disse q amor e razão não combinam...
ResponderExcluirbjs
Agora vc pode dizer que estudos científicos comprovam o que vc sempre disse. ;)
ResponderExcluirpoisé, e olha q eu nem me esforcei tanto pesquisando... :D
ResponderExcluirEu marquei para ler depois, mas assim... e quando a pessoa se apaixona e perde a criatividade... ela... não está apaixonada?
ResponderExcluirquando a pessoa se apaixona e perde a criatividade é pq ela..... sei lá porra.
ResponderExcluirEu perco a criatividade pq os amores nunca são correspondidos e só consigo pensar naquela pessoa e só volto ao normal quando esqueço ela.
Mas considerando que nunca amei e fui amado.. com reciprocidade... Bem... nunca fui criativo por isso meus textos são uma merda.
É pq vcs estão na fase da depressão pós amor não correspondido.
ResponderExcluirAndarilho querido, vc é psicólogo?
ResponderExcluirbjs
Não, eu sou analista. Mas de sistemas. ;)
ResponderExcluirhum, entendi...
ResponderExcluirmas acho q dá pra analisar gente tmb né? afinal de contas somos um sistema complexo... rs
Na verdade, não.
ResponderExcluirMas eu uso o meu lado House pra analisar as pessoas, hahahah
bom, agora está explicado então.....
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