Quarta-feira, meio de semana, aproveitei pra ir ao cinema e me isolar um pouco do som das malditas cornetas da Copa. Assisti a comédia romântica Cartas para Julieta (ou Letters to Juliet, no original), sem esperar muito do filme, até porque já havia visto o trailer e este entrega praticamente toda a história. Mas até que me surpreendi, e o filme é bem mais simpático do que eu esperava.
Mesmo carregado de clichês, o filme funciona. Como comédia romântica, você já sabe de antemão o final da história. Bem, na verdade, sabe até mesmo o meio da história. O que diferencia cada filme desse gênero é a maneira como a história é contada, o que no caso do cinema, envolve diversos fatores: atuação do elenco, design de produção, jogo de câmera e montagem, trilha sonora e sonorização, etc. No caso de Cartas para Julieta, na média, todos esses elementos criaram um filme despretensioso, bobinho, mas divertidinho de se assistir.
No filme, a protagonista Sophie (a bonitinha e de olhos grandes Amanda Seyfried, de O Preço da Traição), trabalha para a revista New Yorker como uma pesquisadora que checa a veracidade das histórias. E claro, ela acredita no amor verdadeiro, como já fica estabelecido nas primeiras cenas, em que ela pesquisa o famoso beijo na Times Square.
Sophie está para se casar com Victor (Gael García Bernal), um chef de cozinha prestes a abrir o seu próprio restaurante. Mas antes, eles vão viajar de férias, numa espécie de lua-de-mel antecipada, para Verona, a cidade italiana em que se passa talvez a história de amor mais famosa de todos os tempos, a de Romeu e Julieta. Só que ali, já fica claro uma coisa: que Victor é muito mais apaixonado por comida, e se seguem cenas em que ele fica maravilhado com os sabores italianos (massas, azeites, vinhos, queijos, tudo pra deixar a gente com água na boca também), ao mesmo tempo em que ela fica entediada. Nisso, ele continua com seu tour gastronômico, enquanto Sophie vai passear e conhecer a cidade sozinha. Mau sinal, diria até mesmo o espectador mais incauto, e você sabe como isso termina. Mas prossigamos.
Em Verona, Sophie conhece a Casa de Julieta. Um ponto turístico, onde há um muro onde mulheres deixam cartas para a famosa personagem. Cartas de amor, obviamente, em seus mais diversos aspectos: pedindo que um amor volte, com dúvidas sobre relacionamentos, etc. Mas sobretudo, de mulheres com o coração partido (o que não é novidade, corações das mulheres têm dois estados: apaixonados e partidos, hehe). Bem, essas cartas e bilhetinhos deixados no muro são recolhidos e respondidos, pelas Secretárias de Julieta, um grupo de mulheres empregadas pela prefeitura do lugar para esse fim.
Sophie conhece essas 'secretárias' e passa algum tempo com elas, até que um dia, recolhendo as cartas no muro, ela se depara com uma escondida por trás de um tijolo solto, escrita há uns 50 anos atrás. Comovida pelo conteúdo da carta, Sophie a responde. E a contra-resposta chega logo, na figura da própria remetente, Claire (Vanessa Redgrave), que há 50 anos atrás não teve coragem de assumir o seu grande amor e fugiu. Agora, impulsionada pela resposta de Sophie, ela voltou a Itália para procurar por seu grande amor, acompanhada do neto Charlie (Christopher Egan), que não gostou nada dessa história.
Sophie se junta a Claire e Charlie na busca por Lorenzo, o grande amor de Claire. E aí, você já sabe o que acontece, seguindo o guia de clichês de comédias românticas: Charlie e Sophie, que a princípio não se bicam, acabam se apaixonando durante a jornada; Claire quase perde as esperanças, mas no final, encontra seu amor; Sophie e Charlie têm seus mal-entendidos quanto ao que sentem um pelo outro, na figuras do noivo de Claire, por exemplo; mas no final, tudo acaba em festa. Neste caso, literalmente. E pior ainda, em festa de casamento. Parece final de novela, não? E se alguém reclamar que tem spoiler neste parágrafo, não digo nada que não apareça no trailer.
Com uma história óbvia e cercada por clichês (por exemplo: que maravilha, na Itália todo mundo fala inglês fluente!), o filme poderia ser uma bomba, mas não é. Ele tem bons pontos positivos. A atuação de Seyfried e Redgrave, por exemplo, estão muito boas (como já era de se esperar da segunda). Neste quesito, o ponto negativo vai para Bernal e Egan. Enquanto o Victor de Bernal está totalmente caricato, o Charlie de Egan aparece, em todas as cenas, mais tenso do que deveria estar. Entretanto, a interação entre Egan e Seyfried ainda consegue transcorrer bem, com o ranzinza Charlie protagonizando boa parte dos momentos cômicos.
Outro ponto positivo, este já mais comum em comédias românticas, é a trilha sonora. As músicas escolhidas dão um tom bem leve ao filme, e entram sempre em momento apropriado. Um detalhe é que várias das músicas são cantadas em italiano, algumas versões de clássicos em inglês. Isso enquanto o filme se passa na Itália, pois quando temos a personagem de volta ao mundo anglófono, a música volta ao inglês.
Apesar de não ter nenhuma inovação, a fotografia de Cartas para Julieta é eficiente. Especialmente quando o filme ganha ares de road movie, o diretor Gary Winick adota planos abertos, mostrando o cenário exuberante do norte da Itália. E gostei em especial da cena em que Charlie e Sophie conversam mais relaxadamente/intimamente pela primeira vez, quando o diretor opta por planos abertos mostrando bastante da pequena cidade em que eles estão, ao invés de focar apenas nos dois personagens. Uma decisão que foge dos clichês visuais, já que o esperado era fechar o foco nos dois personagens.
E outro (dos poucos) pontos que fogem dos clichês, é justamente a filmagem do casamento, que não é o da personagem principal. Na maioria dos filmes, mesmo que o casamento não seja o da protagonista, o diretor acaba focando nela. Neste Cartas para Julieta, o diretor (evidentemente) mostra a protagonista, mas quem "estrela" o casamento é a noiva, coisa que deveria ser sempre (mas quase nunca o é).
E falando no casamento (que é a parte final do filme), ele tem uma cena que valeu o roteiro. É quando finalmente sabemos o que Sophie escrevera para Claire, e nos damos conta de que Sophie, de uma maneira ou outra, escrevera para si mesma. Muito bom exemplo de poesia no roteiro.
De maneira geral, Cartas para Julieta é apenas mais uma comédia romântica, daquelas cheias de clichês (não falta nem a "cena do balcão" de Rome e Julieta). Não é espetacular, e é bem bobinho (no sentido simplório da palavra), e serve como um bom alívio para uma cabeça estressada. E é simpático e divertidinho, especialmente quando a história ganha ares de um road trip romântico. E como geralmente é na vida, e especialmente neste filme, a jornada importa mais que o destino. Que você já sabe qual é, tanto no filme, quanto na vida.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Ah, fiquei super afim de ver agora! Parece bem fofo =D
ResponderExcluirE eu adoro essa menina Amanda!
Boa dica,
bjss
deb
É verdade, uma coisa que o filme é, e eu esqueci de mencionar, é fofo.
ResponderExcluiresse eu quero ver...
ResponderExcluirEu quase ia assistir esse no dia dos namorados, mas daí optamos por Fúria de Titãs. Não sei se a escolha foi melhor, MAS NÉ?
ResponderExcluirDia dos namorados, filmes fofos não são bem vindos.
Me deixou com vontade de ver, eu confesso que estava cheia de preconteitos. Mas já vejo esperando um filme "fofo", não é o meu gênero favorito, mas é um ótimo passatempo! Beijo querido.
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