2010-08-31

Filme: O Último Mestre do Ar

Bem, antes de começar a falar sobre o filme O Último Mestre do Ar (ou The Last Airbender no original), devo dizer que nunca assisti o desenho que deu origem a esta adaptação cinematográfica. Mas apesar dos defeitos do filme, depois de assisti-lo, fiquei com vontade de ver o desenho (um "american anime").

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O Último Mestre do Ar é a adaptação cinematográfica do desenho Avatar, que por causa do filme do James Cameron, mudaram um pouco o nome. O filme conta a história de Aang, um Avatar. No universo do filme, existem seres humanos capazes de manipular elementos, mas somente uma única pessoa a cada geração, o Avatar, consegue manipular todos os quatro (ar, água, fogo, terra). Além disso, o Avatar é o responsável por manter o equilíbrio do mundo, um elo entre o mundo físico e espiritual.

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Acontece que o último Avatar sumiu por centenas de anos, e o mundo entrou em desequilíbrio. Uma das nações (são quatro, uma para cada elemento), a nação do fogo, iniciou uma guerra e pretende dominar o mundo. Coisa básica de vilão. Mas o Avatar ressurge, na figura de Aang (Noah Ringer), um garoto de 12 anos que ficou muitos anos aprisionado no gelo. Acordado de seu sono secular por Katara (Nicola Peltz, uma gracinha) e seu irmão Sokka (Jackson Rathbone), Aang inicialmente não tem noção do que aconteceu, mas logo descobre duas coisas básicas: a primeira, que ele é perseguido pelos agentes da nação do Fogo, que temem o Avatar como a última barreira entre eles e a dominação mundial (insira risada maléfica aqui); e a segunda, é que ele é o último remanescente do seu mosteiro, onde treinava com seus amigos e mestres monges, a dominação do ar (o seu elemento primordial).

Como Aang, antes de ser aprisionado no gelo, fugira do mosteiro antes de aprender a dominar todos os elementos, eles partem numa jornada para aprender a dominação dos outros elementos e para acabar com a guerra. A história simplificadamente é esta.

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O desenho teve três temporadas, e esse filme adapta apenas a primeira temporada (que na mitologia do desenho, é o livro um, o livro da água). Ou seja, O Último Mestre do Ar seria o primeiro de uma trilogia. E como todo meio que começa uma história, grande parte do tempo é gasto situando o espectador naquele universo em particular, por isso, explicações são abundantes durante o filme. Entretanto, o roteiro de M. Night Shyamalan, que também dirige o filme, consegue não ser maçante ao distribuir boa parte das explicações ao longo da película.

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Se neste ponto o roteiro é interessante, em outros ele peca muito. Como teve que condensar uma temporada inteira (mais de 20 episódios) do desenho em torno de duas horas, é normal que se cortem coisas e que seja notado um certo senso de urgência ao contar a história, em comparação ao original (acredite, isso acontece nos filmes do Senhor dos Anéis, mesmo com 3 horas, mais ou menos, em cada filme, sendo que as versões extendidas com quase uma hora a mais, se mantém mais fiéis aos livros). Essa correria faz com que não dê tempo para desenvolver apropriadamente os personagens, como os companheiros de Aang, Katara e Sokka. De fato, no filme, a própria relação entre esses personagens se torna estranha, a dinâmica entre Aang e Katara, por exemplo: a relação é claramente forte e desenvolvida, mas não acompanhamos esse desenvolvimento, que para o espectador, parece ter brotado do nada. Por isso, o senso de urgência.

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Outro ponto fraco do roteiro são pequenas "homenagens" ou referências a cenas claramente presentes no desenho, e que acabam não funcionando num filme. Podemos observar alguns diálogos fraquíssimos, como a ameaça do Príncie Zuko (Dev Patel, aqui fazendo o papel de "vilão" da história) a Aang, para ir com ele para o navio, ou ele queimaria a aldeia onde estava, no estilo "Venha para o navio senão eu queimarei toda a aldeia", e Aang obedecendo com apenas um "ok", ou ainda quando a avó de Katara explica que a função do Avatar também seria "mudar o coração das pessoas", porque "a guerra se vence pelo coração". Sim, piegas mode ON. Além disso, certas cenas, como a cena cômica onde o "bichinho" de estimação (que mais parece um mamute voador) de Aang fica em cima de Sokka, quase o esmagando, simplesmente não têm graça no filme, apesar de serem potencialmente boas num desenho.

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Aliás, o elemento cômico, ou a falta dele, parece ser algo que incomodou bastante os fãs do desenho. Realmente, O Último Mestre do Ar tem poucos alívios cômicos. Boa parte do filme tem um clima sombrio e dramático, o que não considero um defeito. Ao fazer a adaptação, Shyamalan tinha a escolha entre focar o drama ou a comédia, mas dificilmente conseguiria encaixar ambos com o devido destaque, devido às limitações do tempo de filme. Assim, creio que foi acertada a escolha, afinal, a história de Aang, se formos refletir, é bem dramática (imagine você acordar uns 100 anos no futuro e todos aqueles que você conhecia e estimava estarem mortos). Entretanto, creio que, se houver uma continuação, haja mais alívios cômicos, já que a apresentação dos personagens já foi feita neste filme (e certos traumas dos personagens tenham sido resolvidos também).

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Se o roteiro de O Último Mestre do Ar não é lá essas coisas, visualmente o filme é ESPETACULAR. Sim, com letras maiúsculas. Os efeitos especiais dos mestres dominadores dos elementos estão excelentes, mas é na coreografia e na dominação da câmera (não resisti à piadinha), que o filme se destaca. E muito.

A coreografia das lutas misturam a plasticidade das artes marciais chinesas de maneira linda, combinando movimentos de tai chi chuan com movimentos de kung fu "mais agressivo" - afinal, é tudo kung fu. E junte-se a isso a dominação dos elementos, somando os efeitos especiais de cada elemento de maneira tão fluida quanto os movimentos dos personagens. Agora, perceba que tudo isso é mostrado em longos planos, em que a câmera se movimenta ao redor dos personagens acompanhando-os por longos períodos, como o maravilhoso plano em que Aang enfrenta ao lado dos dominadores da terra, alguns dominadores do fogo. Além de realçar a coreografia das lutas, esses planos longos são como um contraponto ao corte rápido, que geralmente é usado como recurso para dar um senso de ação/perigo à cena.

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Com atuações médias de seus protagonistas (no começo, temos a impressão que os jovens protagonistas estão pouco confortáveis, mas isso passa ao longo do filme), O Último Mestre do Ar, como um filme de ação/drama, é bem eficiente e cumpre o que se propõe. Ou quase, se considerarmos que, pelo menos aqui, ele só estreou em salas 3D. Tirando um único plano em que vemos alguns personagens andando pela geleira, de uma visão acima deles, não notei uma única cena em que houvesse uso da profundidade. Bem, pelo menos, a conversão não deturpou as imagens, como ouvi dizer que foi o caso de Fúria de Titãs.

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Enfim, apesar de não ser perfeito, O Último Mestre do Ar consegue agradar a quem nunca assistiu o desenho, e espera apenas um bom filme de ação com artes marciais zen e um bocado de drama. Eu, particularmente, fiquei com vontade de ver uma continuação. Ou seja, gostei.

Trailer:



Para saber mais: crítica no Omelete.

3 comentários:

  1. Oi Andarilho, não posso fazer muitas observações sobre o filme, porque não assisti o desenho, mas, assisti o filme domingo e gostei muito. Fiquei curiosa prá ver o restante mesmo. bjs

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  2. Parabéns pela crítica, e foi até bom ter sido de um "não-iniciado", pois parece mais imparcial.
    Bem, eu assisti toda a série... algumas vezes, e garanto que é fiel, entre aspas, porque várias coisas são cortadas, afinal, transformar 420 minutos de anime em 100 minutos de filme não deve ser fácil rsrs.
    Shyamalan cometeu vários erros, mas vários acertos também poderiam ser listados aqui(mas não serão rsrs), algumas escolhas acertadas, outras nem tanto, mas valeu. Não é um filme empolgante, mas nem de longe é a catástrofe cinematográfica que os americanos clamam por lá.
    Ainda que eu tenha gostado do filme, o classifico como médio, pois é impossível ignorar suas fraquezas, mas quero muitíssimo que haja a sequência, e espero ter essa natícia em breve.

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