Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 29/04/2011, sobre uma ouvinte jornalista que trabalha no jornal interno da empresa que divulga falsas notícias.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Sou obrigada a divulgar mentiras no jornal interno da empresa'
"Sou formada em jornalismo", escreve uma ouvinte, "e depois de muito batalhar por uma colocação, consegui uma vaga no setor de comunicação de uma empresa. Sou responsável pelo jornal interno, que é distribuido a todos os funcionários ou é acessado pela Intranet.
Só que eu não decido o que é publicado. As notícias me chegam prontas e eu apenas tenho que acertar o estilo e a gramática. Meu problema é que a maioria dessas notícias não condiz com a realidade da empresa. Só para dar um exemplo, eu sei que o ambiente de trabalho não é bom e todo mundo reclama, mas tenho que escrever que ele é maravilhoso. Sinto-me muito mal fazendo isso. Eu me formei para dizer a verdade, não para mentir. Como posso convencer a empresa a mudar de postura?"
Bom, o seu caso é um exemplo da diferença entre o que um funcionário recém contratado espera de uma empresa e o que ele de fato encontra. Em alguns casos, como no seu, a frustração inicial é bem grande.
Eu imagino que você não queira fazer o óbvio, que seria pedir a conta. Eu lhe diria também, com alta dose de certeza, de que a sua empresa não irá mudar a linha de comunicação adotada. Claramente, o objetivo do jornal da empresa é fazer propaganda dela, e não jornalismo imparcial.
O que eu lhe sugiro é propor artigos que enfatizem as coisas boas que a empresa oferece, porque não acredito que tudo o que ela oferece seja ruim. Ao fazer isso, você irá ganhar a confiança das pessoas que hoje redigem os textos, e aos poucos você irá conseguindo mais autonomia.
No seu caso, como no caso de muitos ouvintes que trombam com a realidade, é preciso mostrar paciência e habilidade política, duas coisas que os jovens profissionais abominam, com toda razão. Mas essa é uma daquelas leis cruéis do mercado de trabalho: nem sempre a decisão está nas mãos de quem tem razão.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-29
2011-04-28
'Por que o mundo é tão complicado?' - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 28/04/2011, sobre porque o mundo é tão complicado.
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'Por que o mundo é tão complicado?'
"Por que o mundo é tão complicado?", pergunta um ouvinte.
Humm. Começando pelo começo: nós não sabemos quando foi o começo. O que sabemos é que num determinado momento, uma massa de energia, do tamanho de uma laranja, explodiu e formou o universo. Isso foi há uns 13 bilhões de anos, mais ou menos, na nossa maneira de contar o tempo. Até aí, o universo era simples, simplesmente porque não existia ninguém para explicá-lo.
Acontece que em um daqueles zilhões de corpos celestes que se formaram na explosão inicial, uma célula se dividiu em duas, formando um minúsculo organismo, capaz de agir por conta própria e de se reproduzir em outros organismos semelhantes.
É verdade que foram necessários mais alguns bilhões de anos e muitas mutações até que esses organismos primitivos saíssem do oceano e chegassem a terra firme, mas eles chegaram. E daí, durante um tempão enorme, tudo o que essas criaturas fizeram foi comer, dormir e se reproduzir. Muita gente diria que isso sim é que era vida.
Até que aconteceu algo inesperado. Um asteróide destrambelhado se chocou com o nosso mundinho e causou a extinção das espécies dominantes. Isso permitiu que outras espécies, que não tinham e nem teriam chance alguma de sobressair, por serem mais lentas e mais fracas, pudessem tomar conta do pedaço. E uma dessas espécies desenvolveu uma habilidade única: pensar. Ver duas coisas separadas, que nada têm a ver uma com a outra, e imaginar o que poderia resultar da junção das duas.
É isso que tornou o mundo complicado: o fato de que sabemos pensar e podemos transformar ideias em aplicações práticas. Nesse processo, há os que complicam e os que tentam descomplicar. Respondendo à sua pergunta, desde o início da humanidade, a primeira turma sempre esteve em vantagem numérica.
Max Gehringer, para CBN.
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'Por que o mundo é tão complicado?'
"Por que o mundo é tão complicado?", pergunta um ouvinte.
Humm. Começando pelo começo: nós não sabemos quando foi o começo. O que sabemos é que num determinado momento, uma massa de energia, do tamanho de uma laranja, explodiu e formou o universo. Isso foi há uns 13 bilhões de anos, mais ou menos, na nossa maneira de contar o tempo. Até aí, o universo era simples, simplesmente porque não existia ninguém para explicá-lo.
Acontece que em um daqueles zilhões de corpos celestes que se formaram na explosão inicial, uma célula se dividiu em duas, formando um minúsculo organismo, capaz de agir por conta própria e de se reproduzir em outros organismos semelhantes.
É verdade que foram necessários mais alguns bilhões de anos e muitas mutações até que esses organismos primitivos saíssem do oceano e chegassem a terra firme, mas eles chegaram. E daí, durante um tempão enorme, tudo o que essas criaturas fizeram foi comer, dormir e se reproduzir. Muita gente diria que isso sim é que era vida.
Até que aconteceu algo inesperado. Um asteróide destrambelhado se chocou com o nosso mundinho e causou a extinção das espécies dominantes. Isso permitiu que outras espécies, que não tinham e nem teriam chance alguma de sobressair, por serem mais lentas e mais fracas, pudessem tomar conta do pedaço. E uma dessas espécies desenvolveu uma habilidade única: pensar. Ver duas coisas separadas, que nada têm a ver uma com a outra, e imaginar o que poderia resultar da junção das duas.
É isso que tornou o mundo complicado: o fato de que sabemos pensar e podemos transformar ideias em aplicações práticas. Nesse processo, há os que complicam e os que tentam descomplicar. Respondendo à sua pergunta, desde o início da humanidade, a primeira turma sempre esteve em vantagem numérica.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-27
'Devo relatar o comportamento antiético de colegas após pedir demissão?' - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 27/04/2011, sobre a ética.
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'Devo relatar o comportamento antiético de colegas após pedir demissão?'
"Trabalhei um ano em uma empresa", escreve uma ouvinte, "e todos os dias eu ficava incomodada ao ver que alguns colegas só fingiam estar trabalhando e passavam horas acessando a internet. Em meu modo de ver, essas pessoas estavam lesando a empresa. Agora pedi a conta e estou em dúvida se devo relatar esse comportamento antiético dos colegas."
Vamos lá. Ética é algo que ninguém precisa explicar o que é. Todos sabemos o que devemos fazer e principalmente o que não podemos fazer, ou porque é ilegal ou porque é imoral.
A partir da nossa educação e da nossa avaliação, cada um de nós desenvolve um código pessoal de conduta no trabalho. Alguns podem achar que usar o tempo na empresa para atividades que nada têm a ver com a função, como escarafunchar a internet, é apenas uma maneira de relaxar um pouco. E outros podem achar que isso é totalmente errado e se sentem incomodados quando veem os colegas
A questão é: como devemos agir quando temos a certeza que a conduta do próximo está prejudicando a empresa? Será que faz parte da nossa obrigação profissional denunciar o fato? De certa forma, cada subordinado deve ser a extensão dos olhos e dos ouvidos do chefe? Ou a ética se aplica somente a nossa própria conduta, e se o chefe não vê o que está errado, o problema é dele?
Essas respostas, em minha opinião, precisam ser dadas durante, e não depois. Não se pode deixar para amanhã a ética de hoje. No caso da nossa ouvinte, a minha sugestão é que ela não se preocupe com a empresa que está deixando, e pense na atitude que ela tomaria no caso da empresa para onde ela for, também apresentar a mesma situação que a deixou incomodada na empresa anterior.
Max Gehringer, para CBN.
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'Devo relatar o comportamento antiético de colegas após pedir demissão?'
"Trabalhei um ano em uma empresa", escreve uma ouvinte, "e todos os dias eu ficava incomodada ao ver que alguns colegas só fingiam estar trabalhando e passavam horas acessando a internet. Em meu modo de ver, essas pessoas estavam lesando a empresa. Agora pedi a conta e estou em dúvida se devo relatar esse comportamento antiético dos colegas."
Vamos lá. Ética é algo que ninguém precisa explicar o que é. Todos sabemos o que devemos fazer e principalmente o que não podemos fazer, ou porque é ilegal ou porque é imoral.
A partir da nossa educação e da nossa avaliação, cada um de nós desenvolve um código pessoal de conduta no trabalho. Alguns podem achar que usar o tempo na empresa para atividades que nada têm a ver com a função, como escarafunchar a internet, é apenas uma maneira de relaxar um pouco. E outros podem achar que isso é totalmente errado e se sentem incomodados quando veem os colegas
A questão é: como devemos agir quando temos a certeza que a conduta do próximo está prejudicando a empresa? Será que faz parte da nossa obrigação profissional denunciar o fato? De certa forma, cada subordinado deve ser a extensão dos olhos e dos ouvidos do chefe? Ou a ética se aplica somente a nossa própria conduta, e se o chefe não vê o que está errado, o problema é dele?
Essas respostas, em minha opinião, precisam ser dadas durante, e não depois. Não se pode deixar para amanhã a ética de hoje. No caso da nossa ouvinte, a minha sugestão é que ela não se preocupe com a empresa que está deixando, e pense na atitude que ela tomaria no caso da empresa para onde ela for, também apresentar a mesma situação que a deixou incomodada na empresa anterior.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-26
Filme: A Garota da Capa Vermelha
Uma das falas clássicas da história de Chapeuzinho Vermelho é aquela em que a garota questiona o lobo travestido de avó: "Que olhos grandes você tem, vovó. É pra te ver melhor. Que nariz grande você tem, vovó. É para te cheirar melhor", e assim por diante. Nesta versão contemporânea do conto de Chapeuzinho feito para os cinemas, A Garota da Capa Vermelha (ou Red Riding Hood no original), alguém poderia dizer ao espectador: "Que saco enorme você tem". E ele responderia: "Tem que ter, pra aguentar a encheção que é esse filme". Na melhor das hipóteses, é um filme equivocado. Muito equivocado.
A Garota da Capa Vermelha é Valerie (Amanda Seyfried), uma camponesa que vive num vilarejo na borda de uma floresta muito mal encarada. Ela nutre paixão (correspondida) pelo pobre lenhador Peter (Shiloh Fernandez), mas acaba sendo prometida para Henry (Max Irons), que tem condições financeiras melhores, se bem que ele não é o que se chamaria de rico hoje em dia, sendo um ferreiro no vilarejo. Vilarejo este, que além de tudo, mantém uma relação íntima com um lobisomen que toda lua cheia exige o sacrifício de alguns animais. Valerie e Peter tencionam fugir do vilarejo, mas os planos são interrompidos quando o lobisomen faz de vítima, a irmã de Valerie. A partir daí temos uma trama que mistura dramalhões dignos de novelas mexicanas (traição, meio irmãos, quase incestos, etc.) com o mistério de "quem será o lobisomen".
A Garota da Capa Vermelha talvez agrade pré-adolescentes femininas de todas as idades. As comparações com Crepúsculo são inevitáveis. A diretora Catherine Hardwicke, que também dirigiu o primeiro filme da citada "saga", não se esforça nem um pouco para diferenciar este filme da sua "inspiração" vampiresca. Aliás, se neste filme temos a falta de fadas (aquelas voam pela floresta e brilham ao sol), o mesmo não se pode dizer do resto. Temos uma jovem frágil e romântica que se vê no meio de um turbilhão sobrenatural, ao mesmo tempo em que é disputada por dois jovens apaixonados por ela. E, claro, não falta também o contexto de castidade e pureza da personagem principal, que de certa forma, se torna hilário ao perceber como a diretora trabalha o tema, por diversas vezes deixando o casal quase tocando os lábios, só pra interromper o beijo por algum evento inesperado. Isso, claro, até a cena toda errada da comemoração pela falsa captura do lobo, em que finalmente vemos um beijo.
Aliás, toda essa cena da comemoração é um grande equívoco. Comemorando a falsa captura do lobo, a vila se transforma num circo pagão, em que pra uma orgia só faltou o sexo mesmo. A câmera vai e volta filmando por cima, oferecendo um espetáculo caricato e de alta vergonha alheia. Talvez seja apenas a minha mente suja (não acredito), mas tem uma hora em que Valerie começa a dançar com uma amiga, pra deixar Peter enciumado ou enfezado, ou o que quer que tenha passado na cabeça do roteirista David Johnson. O que tem de errado na cena? Tudo. A insinuação lésbica, a motivação dos personagens em fazer isso, o desenrolar da cena. É um mix de coisas que até podem ter parecido boas ideias (se você está bêbado) individualmente, mas que é tão idiota e sem sentido junto...
Outra coisa que não agrada em A Garota da Capa Vermelha é a quantidade de clichês "dramáticos" e de "romance". Só nos quinze minutos iniciais da trama, já vemos a mocinha apaixonada que é prometida para outro, a mãe que convence o amor verdadeiro a deixar a mocinha se casar com o outro pra ter uma vida melhor e o mocinho dispensando a mocinha pro "bem" dela. Sim, tudo isso acontece nos primeiros minutos de projeção, e não acaba por aí. Muitas traições e revelações ainda estão por vir, numa trama que faz do filme uma autêntica novela mexicana. E claro, não falta no final a união dos mocinhos, Peter e Henry, pra tentar resgatar Valerie, deixando as diferenças entre eles de lado. Sim, feito pra menininhas suspirarem.
Além do roteiro ser carregado de clichês, ele é carregado de coisas sem sentido e sem explicação. Tome por exemplo, tudo o que envolve o padre Solomon, caçador de lobisomens e outros monstros vivido por Gary Oldman. Pra começar, o padre chega carregando dois filhos na carruagem e contando histórias da mulher morta. Ok, suponhamos que ele tenha se tornado padre depois da morte da esposa. Ainda assim não explica o fato de alguns de seus guerreiros serem negros. Na Idade Média, guerreiros negros lutando pela Igreja. Er... Será que o casting do filme tinha cotas? Ou eu estou perdendo algum momento histórico? E como explicar o elefante que o padre Solomon usa para torturar suas testemunhas? Não sou perito em aparelhos de torturas medievais indianas (pois os adereços no elefante sugerem essa origem), mas creio que isso seja muito WTF. Tanto quanto as reações do povo do vilarejo, que uma hora tratam Valerie como uma bruxa dos infernos e na outra, a protegem. Tudo bem que com razão, mas convenhamos, multidões não são conhecidas por usarem a cabeça.
A Garota da Capa Vermelha até tem um elenco razoável, mas nem o melhor elenco do mundo salva um filme desses. Gary Oldman deve ter pego gosto por fazer vilões exagerados (vide o anterior O Livro de Eli), mas o caricato se encaixa bem neste filme. Tentativas mais sérias, como a própria protagonista de Seyfried, soam deslocadas no clima caricatural do filme.
Soando caricato e falso, com vários planos que mais parecem um teatro (devido ao cenário totalmente irreal e que lhe passa isso na cara), A Garota da Capa Vermelha tem não só um texto ruim, mas uma direção sem muita direção. Se esforçando para parecer sério, mas mostrando visualmente o contrário, como na floresta com árvores espinhudas de um falsidade ímpar, o filme só não espanta os espectadores usando a artimanha do mistério de "quem é o assassino", no caso, "quem é o lobisomen". Mesmo assim, é muito fraco, e as explicações no final são de dar vergonha alheia. Sério.
Usando do artifício do "sonho vívido/profético da personagem principal" para conseguir encaixar as famosas frases do diálogo entre Chapeuzinho e Lobo disfarçado, A Garota da Capa Vermelha é uma tentativa frustrada de revitalizar ou "modernizar" o conto do secular imortalizado pelos irmãos Grimm. O melhor mesmo era ter deixado tudo como estava.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
P.S. Se dissessem pra Amanda Seyfried "que os olhos grandes você tem", o que será que ela diria?
A Garota da Capa Vermelha é Valerie (Amanda Seyfried), uma camponesa que vive num vilarejo na borda de uma floresta muito mal encarada. Ela nutre paixão (correspondida) pelo pobre lenhador Peter (Shiloh Fernandez), mas acaba sendo prometida para Henry (Max Irons), que tem condições financeiras melhores, se bem que ele não é o que se chamaria de rico hoje em dia, sendo um ferreiro no vilarejo. Vilarejo este, que além de tudo, mantém uma relação íntima com um lobisomen que toda lua cheia exige o sacrifício de alguns animais. Valerie e Peter tencionam fugir do vilarejo, mas os planos são interrompidos quando o lobisomen faz de vítima, a irmã de Valerie. A partir daí temos uma trama que mistura dramalhões dignos de novelas mexicanas (traição, meio irmãos, quase incestos, etc.) com o mistério de "quem será o lobisomen".
A Garota da Capa Vermelha talvez agrade pré-adolescentes femininas de todas as idades. As comparações com Crepúsculo são inevitáveis. A diretora Catherine Hardwicke, que também dirigiu o primeiro filme da citada "saga", não se esforça nem um pouco para diferenciar este filme da sua "inspiração" vampiresca. Aliás, se neste filme temos a falta de fadas (aquelas voam pela floresta e brilham ao sol), o mesmo não se pode dizer do resto. Temos uma jovem frágil e romântica que se vê no meio de um turbilhão sobrenatural, ao mesmo tempo em que é disputada por dois jovens apaixonados por ela. E, claro, não falta também o contexto de castidade e pureza da personagem principal, que de certa forma, se torna hilário ao perceber como a diretora trabalha o tema, por diversas vezes deixando o casal quase tocando os lábios, só pra interromper o beijo por algum evento inesperado. Isso, claro, até a cena toda errada da comemoração pela falsa captura do lobo, em que finalmente vemos um beijo.
Aliás, toda essa cena da comemoração é um grande equívoco. Comemorando a falsa captura do lobo, a vila se transforma num circo pagão, em que pra uma orgia só faltou o sexo mesmo. A câmera vai e volta filmando por cima, oferecendo um espetáculo caricato e de alta vergonha alheia. Talvez seja apenas a minha mente suja (não acredito), mas tem uma hora em que Valerie começa a dançar com uma amiga, pra deixar Peter enciumado ou enfezado, ou o que quer que tenha passado na cabeça do roteirista David Johnson. O que tem de errado na cena? Tudo. A insinuação lésbica, a motivação dos personagens em fazer isso, o desenrolar da cena. É um mix de coisas que até podem ter parecido boas ideias (se você está bêbado) individualmente, mas que é tão idiota e sem sentido junto...
Outra coisa que não agrada em A Garota da Capa Vermelha é a quantidade de clichês "dramáticos" e de "romance". Só nos quinze minutos iniciais da trama, já vemos a mocinha apaixonada que é prometida para outro, a mãe que convence o amor verdadeiro a deixar a mocinha se casar com o outro pra ter uma vida melhor e o mocinho dispensando a mocinha pro "bem" dela. Sim, tudo isso acontece nos primeiros minutos de projeção, e não acaba por aí. Muitas traições e revelações ainda estão por vir, numa trama que faz do filme uma autêntica novela mexicana. E claro, não falta no final a união dos mocinhos, Peter e Henry, pra tentar resgatar Valerie, deixando as diferenças entre eles de lado. Sim, feito pra menininhas suspirarem.
Além do roteiro ser carregado de clichês, ele é carregado de coisas sem sentido e sem explicação. Tome por exemplo, tudo o que envolve o padre Solomon, caçador de lobisomens e outros monstros vivido por Gary Oldman. Pra começar, o padre chega carregando dois filhos na carruagem e contando histórias da mulher morta. Ok, suponhamos que ele tenha se tornado padre depois da morte da esposa. Ainda assim não explica o fato de alguns de seus guerreiros serem negros. Na Idade Média, guerreiros negros lutando pela Igreja. Er... Será que o casting do filme tinha cotas? Ou eu estou perdendo algum momento histórico? E como explicar o elefante que o padre Solomon usa para torturar suas testemunhas? Não sou perito em aparelhos de torturas medievais indianas (pois os adereços no elefante sugerem essa origem), mas creio que isso seja muito WTF. Tanto quanto as reações do povo do vilarejo, que uma hora tratam Valerie como uma bruxa dos infernos e na outra, a protegem. Tudo bem que com razão, mas convenhamos, multidões não são conhecidas por usarem a cabeça.
A Garota da Capa Vermelha até tem um elenco razoável, mas nem o melhor elenco do mundo salva um filme desses. Gary Oldman deve ter pego gosto por fazer vilões exagerados (vide o anterior O Livro de Eli), mas o caricato se encaixa bem neste filme. Tentativas mais sérias, como a própria protagonista de Seyfried, soam deslocadas no clima caricatural do filme.
Soando caricato e falso, com vários planos que mais parecem um teatro (devido ao cenário totalmente irreal e que lhe passa isso na cara), A Garota da Capa Vermelha tem não só um texto ruim, mas uma direção sem muita direção. Se esforçando para parecer sério, mas mostrando visualmente o contrário, como na floresta com árvores espinhudas de um falsidade ímpar, o filme só não espanta os espectadores usando a artimanha do mistério de "quem é o assassino", no caso, "quem é o lobisomen". Mesmo assim, é muito fraco, e as explicações no final são de dar vergonha alheia. Sério.
Usando do artifício do "sonho vívido/profético da personagem principal" para conseguir encaixar as famosas frases do diálogo entre Chapeuzinho e Lobo disfarçado, A Garota da Capa Vermelha é uma tentativa frustrada de revitalizar ou "modernizar" o conto do secular imortalizado pelos irmãos Grimm. O melhor mesmo era ter deixado tudo como estava.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
P.S. Se dissessem pra Amanda Seyfried "que os olhos grandes você tem", o que será que ela diria?
O cactus de pau duro
Algo me diz que esse cactus está na seca há algum tempo...
...e não é só porque ele parece um pênis ereto.
Via Fail blog.
...e não é só porque ele parece um pênis ereto.
Via Fail blog.
'O que devo fazer para melhorar meu desempenho no teste de redação?' - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 26/04/2011, com uma dica para melhorar na redação.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'O que devo fazer para melhorar meu desempenho no teste de redação?'
Uma jovem ouvinte faz uma pergunta sobre redações. "Já fui reprovada algumas vezes no teste de redação", ela escreve, "porque me falta assunto. Leio o título e me dá aquele branco. O que eu posso fazer para melhorar?"
De fato, o teste de redação reprova metade dos candidatos, não só pelo conteúdo, mas também pelos erros gramaticais. Então, vou lhe dar uma sugestão simples e eficiente, daquelas que todo mundo gosta, fácil, rápida e gratuita.
A sugestão é a seguinte: pegue um texto já escrito sobre um tema atual, qualquer um, mesmo que seja um assunto que você não costuma ler, como economia ou política. E não precisa ser um texto longo, pode ser somente um parágrafo, de cinco linhas. Aí, escolha uma consoante, qualquer uma, e reescreva o texto sem ela. Isso fará com que você tenha que encontrar sinônimos sem aquela letra para que o texto continue compreensível.
Ao terminar, selecione outra consoante e repita o exercício. Você pode começar pelas consoantes menos usadas, como o "Z", e depois partir para as que mais se repetem, como o "C". Parece um exercício banal, mas não é. Muitas vezes mudar uma palavra vai requerer que você transforme a frase, invertendo-a ou pontuando-a de modo diferente.
Além disso, ao ter que ler várias vezes um texto pronto para poder alterá-lo, duas coisas acontecerão:a sua compreensão sobre o conteúdo do texto irá melhorar e você irá aprendendo a evitar erros de gramática.
Alguns desses textos ficarão em sua memória, e você poderá usá-los em futuras redações. Se você fizer esse simples exercício uma vez por dia, em um mês, o seu estilo já terá melhorado muito.
Max Gehringer, para CBN.
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'O que devo fazer para melhorar meu desempenho no teste de redação?'
Uma jovem ouvinte faz uma pergunta sobre redações. "Já fui reprovada algumas vezes no teste de redação", ela escreve, "porque me falta assunto. Leio o título e me dá aquele branco. O que eu posso fazer para melhorar?"
De fato, o teste de redação reprova metade dos candidatos, não só pelo conteúdo, mas também pelos erros gramaticais. Então, vou lhe dar uma sugestão simples e eficiente, daquelas que todo mundo gosta, fácil, rápida e gratuita.
A sugestão é a seguinte: pegue um texto já escrito sobre um tema atual, qualquer um, mesmo que seja um assunto que você não costuma ler, como economia ou política. E não precisa ser um texto longo, pode ser somente um parágrafo, de cinco linhas. Aí, escolha uma consoante, qualquer uma, e reescreva o texto sem ela. Isso fará com que você tenha que encontrar sinônimos sem aquela letra para que o texto continue compreensível.
Ao terminar, selecione outra consoante e repita o exercício. Você pode começar pelas consoantes menos usadas, como o "Z", e depois partir para as que mais se repetem, como o "C". Parece um exercício banal, mas não é. Muitas vezes mudar uma palavra vai requerer que você transforme a frase, invertendo-a ou pontuando-a de modo diferente.
Além disso, ao ter que ler várias vezes um texto pronto para poder alterá-lo, duas coisas acontecerão:a sua compreensão sobre o conteúdo do texto irá melhorar e você irá aprendendo a evitar erros de gramática.
Alguns desses textos ficarão em sua memória, e você poderá usá-los em futuras redações. Se você fizer esse simples exercício uma vez por dia, em um mês, o seu estilo já terá melhorado muito.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-25
As belas fotografias subaquáticas de mulheres Sarah Lee
Sarah Lee atualmente estuda na Califórnia, mas é originária do Havaí. Tendo crescido num lugar com cenários tão paradisíacos, cenários para suas fotos é o que não faltam. Entretanto, dentre o trabalho da fotógrafa, destaco a série de fotos subaquáticas, algumas tiradas embaixo da água salgada do mar, outras em água doce, sobretudo piscinas.
Lembrando um pouco o trabalho já aqui postado, de James Cooper, Sarah Lee usa a reflexão e refração da luz na água para conseguir imagens belíssimas. Além disso, as suas fotos no mar, pontuadas pela espuma das ondas, também criam efeitos lindos. Veja:
Imagens via site de Sarah Lee, com mais imagens e em maior resolução.
Lembrando um pouco o trabalho já aqui postado, de James Cooper, Sarah Lee usa a reflexão e refração da luz na água para conseguir imagens belíssimas. Além disso, as suas fotos no mar, pontuadas pela espuma das ondas, também criam efeitos lindos. Veja:
Brincando de sereia:
Reflexos da luz:
Força das ondas:
Cores:
CSI submarino - faixa DO NOT CROSS:
Música com um violão debaixo d'água:
Reflexos da luz:
Força das ondas:
Cores:
CSI submarino - faixa DO NOT CROSS:
Música com um violão debaixo d'água:
Imagens via site de Sarah Lee, com mais imagens e em maior resolução.
Estudantes de cursos tecnológicos não encontram empregos na área - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 25/04/2011, sobre como estudantes de cursos tecnológicos podem entrar no concorrido mercado de trabalho.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Estudantes de cursos tecnológicos não encontram empregos na área
Vou hoje responder a várias mensagens de conteúdo semelhante. Elas vêm de estudantes de cursos tecnológicos, de todas as idades, que não encontram vagas compatíveis com os cursos que estão fazendo. O principal motivo, que quase todos os ouvintes reconhecem, é a falta de experiência.
Há vários casos de ouvintes que estão no mercado há algum tempo e optaram pelos cursos para poder mudar de área. Mas há também muitos casos de jovens que viram nos cursos uma oportunidade para conseguir uma vaga em áreas pelas quais eles têm preferência. O resultado, tanto para os jovens quanto para os mais maduros, é que essas oportunidades não têm surgido. E a pergunta geral é a mesma: qual é o caminho?
Eu diria que, salvo raras exceções, o mercado de trabalho não é uma estrada reta, larga e bem pavimentada. É mais uma sucessão de trilhas estreitas, que se entrecruzam e não raramente confundem a cabeça de quem deseja escolher uma direção e permanecer nela.
Quando alguém decide estudar, só para dar um exemplo, Gestão de Recursos Humanos e não recebe uma única resposta para os currículos que envia, a impressão é de que deve existir algum atalho. E, de fato, existe. Chama-se indicação direta.
Mas então quem não conhece alguém que possa fazer essa indicação estaria definitivamente barrado? Não. É aí que as trilhas do mercado se entrecruzam. Se não há uma vaga na área escolhida, o candidato deve tentar uma vaga em qualquer outra área, em uma empresa que mais tarde possa lhe proporcionar uma transferência para a área desejada.
Depois da recomendação, essa é a opção que mais funciona: a de já estar na empresa quando a oportunidade aparece. Demora mais, é verdade, mas é melhor do que passar muito tempo perseguindo uma única opção que a cada dia se mostra mais difícil.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Estudantes de cursos tecnológicos não encontram empregos na área
Vou hoje responder a várias mensagens de conteúdo semelhante. Elas vêm de estudantes de cursos tecnológicos, de todas as idades, que não encontram vagas compatíveis com os cursos que estão fazendo. O principal motivo, que quase todos os ouvintes reconhecem, é a falta de experiência.
Há vários casos de ouvintes que estão no mercado há algum tempo e optaram pelos cursos para poder mudar de área. Mas há também muitos casos de jovens que viram nos cursos uma oportunidade para conseguir uma vaga em áreas pelas quais eles têm preferência. O resultado, tanto para os jovens quanto para os mais maduros, é que essas oportunidades não têm surgido. E a pergunta geral é a mesma: qual é o caminho?
Eu diria que, salvo raras exceções, o mercado de trabalho não é uma estrada reta, larga e bem pavimentada. É mais uma sucessão de trilhas estreitas, que se entrecruzam e não raramente confundem a cabeça de quem deseja escolher uma direção e permanecer nela.
Quando alguém decide estudar, só para dar um exemplo, Gestão de Recursos Humanos e não recebe uma única resposta para os currículos que envia, a impressão é de que deve existir algum atalho. E, de fato, existe. Chama-se indicação direta.
Mas então quem não conhece alguém que possa fazer essa indicação estaria definitivamente barrado? Não. É aí que as trilhas do mercado se entrecruzam. Se não há uma vaga na área escolhida, o candidato deve tentar uma vaga em qualquer outra área, em uma empresa que mais tarde possa lhe proporcionar uma transferência para a área desejada.
Depois da recomendação, essa é a opção que mais funciona: a de já estar na empresa quando a oportunidade aparece. Demora mais, é verdade, mas é melhor do que passar muito tempo perseguindo uma única opção que a cada dia se mostra mais difícil.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-24
Filme: Rio - em 3D
Começo dizendo que não gosto da trilogia A Era do Gelo, tanto que nem assisti ao terceiro filme (o primeiro achei fraco e o segundo me fez dormir). Por isso, a frase "dos criadores de A Era do Gelo" no cartaz da animação Rio não só não me empolgou, como também me deixou com um certo receio. Que no final foi injustificado, pois Rio é sim, uma bobagem, mas uma bobagem divertida.
Se na época do primeiro "A Era do Gelo" a diferença entre os filmes da Pixar e das concorrentes (qualquer que fosse) era gritante, tanto em termos técnicos quanto no desenvolvimento da história, hoje, pelo menos na parte técnica da animação, essa diferença não existe mais (pelo menos para alguns estúdios maiores, como o Blue Sky deste filme Rio). Entretanto, a parte que concerne o desenvolvimento da história, essa ainda a maioria come poeira da Pixar (apesar de termos um ou outro concorrente a altura, como o recém exibido Rango).
Rio é um representante desse tipo de animação: impecável tecnicamente, mas com uma história rasa e bobinha, mas que agrada a uma faixa etária mais baixa. E nem discuto a ambientação totalmente fantasiosa da cidade do Rio de Janeiro, já que o Rio do filme é aquele feito pra ser vendido a turistas, e que só reforça clichês que estrangeiros têm em mente em relação ao Brasil, como sermos o país do futebol, samba e mulheres (o que nem sempre causa boa impressão, vide esta propaganda nsfw aqui). O irônico é que o diretor de Rio é justamente um brasileiro, Carlos Saldanha.
Rio conta a história da ararinha azul Blu, o último macho da sua espécie. Tendo sido levado da floresta quando filhote, foi parar no distante estado de Minessota nos Estados Unidos, e por acidente caiu nas mãos de Linda, sua dona e com quem cresceu. Tanto Linda e Blu vivem numa espécie de mundinho particular, tanto que Blu nunca aprendeu sequer a voar. Um dia, o cientista-nerd-adorador-de-pássaros Tulio entra na vida dos dois, convidando-os a irem ao Rio de Janeiro, onde Jade, a última arara da espécie se encontra, para procriarem e salvarem a espécie. Já no Rio de Janeiro, Blu e Jade promovem aquele clichê de comédia romântica em que os protagonistas a princípio não se bicam, mas depois se apaixonam, isso enquanto fogem de traficantes de animais que têm uma cracatua como principal ajudante, encontram amigos pelo caminho como um tucano com jeito de malandro e um cachorro que adora Carmen Miranda, isso tudo passando por pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Com bastante parte do seu humor vindo do pastelão e dos clichês brasileiros-carnavalescos (não faltam marmanjos em fantasias, digamos... femininas demais), Rio também investe bastante na aventura. O problema é o desbalanceamento entre os gêneros, que passa da perseguição para a aventura para a comédia romântica para a superação... A sensação que fica é que com muitas boas ideias, quiseram colocá-las todas juntas, o que nem sempre flui bem.
Graficamente excelente, o único momento em que Rio se perde é quando mostra a cidade do alto de dia, fazendo com que a cidade pareça mais uma maquete com bloquinhos. Fora esse detalhe, a ambientação no Rio traz a lembrança filmes antigos, como se o diretor resgatasse um Rio com menos problemas de antigamente, uma época mais romântica e pontuada pela bossa nova (e a cena do jantar de Tulio e Linda ilustra isso perfeitamente). Quanto ao 3D, é eficiente e bem usado, mas não faz uma grande diferença narrativa. Ou seja, assistir sem o 3D vai lhe conferir uma experiência praticamente igual (isso se você não for novato ao assistir filmes em 3D, tendo a magia da novidade já passado).
Não poderia faltar praia e bunda num filme do Rio.
Mesmo tendo defeitos (e se você considerar a geografia carioca, que pra passar pra qualquer lugar do Rio você tenha que atravessar o sambódromo, então tem muito mais defeitos), o filme Rio é divertido. Tem algumas boas sacadas (os micos-ladrões-trombadinhas, por exemplo), e é o tipo de filme leve e bobinho que você leva o sobrinho pentelho pra comer pipoca e tomar refrigerante e morrer com uma overdose de açúcar no sangue. Enfim, é aquele tipo de filme que não é excepcional, mas que é simpático e não ofende ninguém. A não ser, claro, quem mora no Rio e acha que os filmes, mesmo animações, devem retratar com fidelidade a cidade. Nesse caso, passe longe, até porque números musicais de samba, mesmo com pássaros (e até flamingos), não devem fazer parte do cotidiano de lugar algum.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
Se na época do primeiro "A Era do Gelo" a diferença entre os filmes da Pixar e das concorrentes (qualquer que fosse) era gritante, tanto em termos técnicos quanto no desenvolvimento da história, hoje, pelo menos na parte técnica da animação, essa diferença não existe mais (pelo menos para alguns estúdios maiores, como o Blue Sky deste filme Rio). Entretanto, a parte que concerne o desenvolvimento da história, essa ainda a maioria come poeira da Pixar (apesar de termos um ou outro concorrente a altura, como o recém exibido Rango).
Rio é um representante desse tipo de animação: impecável tecnicamente, mas com uma história rasa e bobinha, mas que agrada a uma faixa etária mais baixa. E nem discuto a ambientação totalmente fantasiosa da cidade do Rio de Janeiro, já que o Rio do filme é aquele feito pra ser vendido a turistas, e que só reforça clichês que estrangeiros têm em mente em relação ao Brasil, como sermos o país do futebol, samba e mulheres (o que nem sempre causa boa impressão, vide esta propaganda nsfw aqui). O irônico é que o diretor de Rio é justamente um brasileiro, Carlos Saldanha.
Rio conta a história da ararinha azul Blu, o último macho da sua espécie. Tendo sido levado da floresta quando filhote, foi parar no distante estado de Minessota nos Estados Unidos, e por acidente caiu nas mãos de Linda, sua dona e com quem cresceu. Tanto Linda e Blu vivem numa espécie de mundinho particular, tanto que Blu nunca aprendeu sequer a voar. Um dia, o cientista-nerd-adorador-de-pássaros Tulio entra na vida dos dois, convidando-os a irem ao Rio de Janeiro, onde Jade, a última arara da espécie se encontra, para procriarem e salvarem a espécie. Já no Rio de Janeiro, Blu e Jade promovem aquele clichê de comédia romântica em que os protagonistas a princípio não se bicam, mas depois se apaixonam, isso enquanto fogem de traficantes de animais que têm uma cracatua como principal ajudante, encontram amigos pelo caminho como um tucano com jeito de malandro e um cachorro que adora Carmen Miranda, isso tudo passando por pontos turísticos do Rio de Janeiro.
Com bastante parte do seu humor vindo do pastelão e dos clichês brasileiros-carnavalescos (não faltam marmanjos em fantasias, digamos... femininas demais), Rio também investe bastante na aventura. O problema é o desbalanceamento entre os gêneros, que passa da perseguição para a aventura para a comédia romântica para a superação... A sensação que fica é que com muitas boas ideias, quiseram colocá-las todas juntas, o que nem sempre flui bem.
Graficamente excelente, o único momento em que Rio se perde é quando mostra a cidade do alto de dia, fazendo com que a cidade pareça mais uma maquete com bloquinhos. Fora esse detalhe, a ambientação no Rio traz a lembrança filmes antigos, como se o diretor resgatasse um Rio com menos problemas de antigamente, uma época mais romântica e pontuada pela bossa nova (e a cena do jantar de Tulio e Linda ilustra isso perfeitamente). Quanto ao 3D, é eficiente e bem usado, mas não faz uma grande diferença narrativa. Ou seja, assistir sem o 3D vai lhe conferir uma experiência praticamente igual (isso se você não for novato ao assistir filmes em 3D, tendo a magia da novidade já passado).
Não poderia faltar praia e bunda num filme do Rio.
Mesmo tendo defeitos (e se você considerar a geografia carioca, que pra passar pra qualquer lugar do Rio você tenha que atravessar o sambódromo, então tem muito mais defeitos), o filme Rio é divertido. Tem algumas boas sacadas (os micos-ladrões-trombadinhas, por exemplo), e é o tipo de filme leve e bobinho que você leva o sobrinho pentelho pra comer pipoca e tomar refrigerante e morrer com uma overdose de açúcar no sangue. Enfim, é aquele tipo de filme que não é excepcional, mas que é simpático e não ofende ninguém. A não ser, claro, quem mora no Rio e acha que os filmes, mesmo animações, devem retratar com fidelidade a cidade. Nesse caso, passe longe, até porque números musicais de samba, mesmo com pássaros (e até flamingos), não devem fazer parte do cotidiano de lugar algum.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
2011-04-23
Banco de esperma, agora com máquinas
Esquete hilária do Team Submarine mostrando o que poderia acontecer caso bancos de esperma entrassem no sistema financeiro de forma mais agressiva, com caixas automáticos e até máquininhas tipo Cielo...
Só pra esclarecer, nos Estados Unidos você pode vender seu esperma pra bancos de esperma. Ou seja, uma "doação" remunerada, coisa que aqui no Brasil não é usual (e creio que até proibido por lei, mas não tenho certeza). Por isso, no vídeo o seu esperma vale dinheiro. $$$
Dica via copyranter.
Só pra esclarecer, nos Estados Unidos você pode vender seu esperma pra bancos de esperma. Ou seja, uma "doação" remunerada, coisa que aqui no Brasil não é usual (e creio que até proibido por lei, mas não tenho certeza). Por isso, no vídeo o seu esperma vale dinheiro. $$$
Dica via copyranter.
2011-04-22
Filme: Pânico 4
Um filme que critica de maneira irônica e divertida (sem apelar para o escracho total), todos os clichês de um gênero do qual ele mesmo faz parte (e nesse processo, fazendo uma autocrítica), não pode ser de todo o mal. Pânico 4 (ou no original, Scream 4) é isso: uma ironia do começo ao fim.
A série Pânico nunca se levou muito a sério como filme de terror. Com certeza haviam as mortes, o(s) vilão(ões) assassino(s) ghostface e o suspense de ver quem seria o próximo personagem a bater as botas. Mas Pânico assumia também o lado cômico desse tipo de terror adolescente, seja usando de metalinguagem com um nerd explicando "as regras" para se sobreviver num filme de terror, seja usando humor físico ao fazer as personagens darem verdadeiros balés ao fugirem das estocadas do assassino atrapalhado (mas que no final, acertava o alvo). Pânico 4 abandona um pouco o humor físico (o assassino agora, paradoxalmente com o final, está mais atlético), mas continua abusando, e muito, da metalinguagem, seja ao enfatizar tanto "as novas regras", seja ao brincar com o filme dentro do filme, numa abertura que traz um aspecto meio Inception (recursivo) e que é, de longe, a melhor sequência do filme.
Pânico 4 se passa muitos anos depois dos eventos do terceiro filme. Os personagens principais já estão bem mais velhos, Dewey (David Arquette) agora é xerife, por exemplo, e sua esposa Gale (Courteney Cox) envelheceu mal, tanto pelo lado profissional (não conseguindo mais escrever) quanto pelo lado físico (o botox de Courteney Cox a deixou horrível). Sidney (Neve Campbell) querendo se livrar da estigma de eterna vítima e perseguida (!) por assassinos, escreveu um livro sobre o tema, e volta à boa e velha cidadezinha de Woodsboro numa turnê para divulgar o seu livro de auto-ajuda, bem no aniversário dos primeiros eventos ocorridos. O que ela não esperava é que um novo assassino de adolescentes está a solta, e ele parece mirar no círculo de conhecidos da prima de Sidney, Jill (Emma Roberts, a linda sobrinha da mulher Julia Roberts), que tem como melhores amigas Kirby (Hayden Panettiere, a eterna cheerleader) e Olivia (Marielle Jaffe).
O elenco de Pânico 4 é enorme, e formado por muitos rostos conhecidos da televisão, por isso, não vou citar todos. Se bem que eles são irrelevantes pra trama, sendo mais um "bônus" pro espectador (nerd), porque no filme servem mesmo de número e de vítimas para o assassino da vez. E se você pensou que com os protagonistas seria diferente, se enganou. O trio (formado pelos sobreviventes dos filmes anteriores) pouco se desenvolve. (Talvez pelo roteirista Kevin Williamson achar que o que eles tinham que se desenvolver, já foi feito nos outros filmes?) O fato é que apenas o casal Gale e Dewey tem algo a mais, que é a crise no casamento deles, mas é algo tão mal explorado que a gente facilmente se esquece disso. O interessante é que o foco maior da projeção fica com os novos personagens adolescentes, mas que apesar de ganharem bastante tempo em tela, são unidimensionais como personagens (tem o clichê do nerd, da gostosinha, do jogador de futebol americano...)
Mesmo que este seja o quarto filme da franquia, como os próprios personagens se dão conta (depois da providencial explicação dos nerds de filmes de terror), Pânico 4 é como se fosse uma refilmagem do primeiro. O que não é nenhuma surpresa nesta época em que Hollywood só recicla ideias, coisa que até mesmo o personagem no filme critica. (Uma auto-meta-crítica?) Nesse contexto, esqueça todo o marketingo do filme: a década mudou, mas as regras continuam as mesmas.
O lado bom disso é que Pânico 4 traz algo de nostálgico e familiar pra quem assistiu os primeiros com pipoca e refrigerante, e rindo muito com os amigos do lado. Além da familiaridade de ver os personagens principais reunidos novamente (mesmo que seja meio assustador o visual de Courteney Botox, quero dizer, Cox), as mortes absurdas também têm um certo gosto de nostalgia e graça (do absurdo). Ou vai me dizer que o assassino cravar uma faca na testa de alguém não é, de certa maneira, engraçado? (Só pra constar, na vida real pra pessoa fazer isso, e depois ainda tirar a faca cravada até o fundo, o cara tem que ter uma força de Jason.) E pior ainda, a vítima ainda dá uns passos depois disso. (Não é à toa que quem interpreta essa vítima é um comediante.)
Enfim, Wes Craven, o diretor de todos os Pânico, fez em Pânico 4 uma refilmagem do original, atualizando um ou outro elemento temporal, como a presença massiva de celulares e facebook, hoje em dia, por exemplo, ou com o fato de que agora ser famoso não é ter um livro escrito sobre você, mas aparecer em vídeo na internet (Rebecca e seu Friday, que o diga). É um filme razoável, legal se você curtiu os três primeiros e se gosta de um terrir com metalinguagem. Mas, como uma personagem mesmo fala no filme, "uma refilmagem nunca supera o original", o que é autocrítico e irônico, mas ao mesmo tempo, de certa forma covarde, como se os autores estivessem se desculpando a priori. Irônico é que não precisava.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
A série Pânico nunca se levou muito a sério como filme de terror. Com certeza haviam as mortes, o(s) vilão(ões) assassino(s) ghostface e o suspense de ver quem seria o próximo personagem a bater as botas. Mas Pânico assumia também o lado cômico desse tipo de terror adolescente, seja usando de metalinguagem com um nerd explicando "as regras" para se sobreviver num filme de terror, seja usando humor físico ao fazer as personagens darem verdadeiros balés ao fugirem das estocadas do assassino atrapalhado (mas que no final, acertava o alvo). Pânico 4 abandona um pouco o humor físico (o assassino agora, paradoxalmente com o final, está mais atlético), mas continua abusando, e muito, da metalinguagem, seja ao enfatizar tanto "as novas regras", seja ao brincar com o filme dentro do filme, numa abertura que traz um aspecto meio Inception (recursivo) e que é, de longe, a melhor sequência do filme.
Pânico 4 se passa muitos anos depois dos eventos do terceiro filme. Os personagens principais já estão bem mais velhos, Dewey (David Arquette) agora é xerife, por exemplo, e sua esposa Gale (Courteney Cox) envelheceu mal, tanto pelo lado profissional (não conseguindo mais escrever) quanto pelo lado físico (o botox de Courteney Cox a deixou horrível). Sidney (Neve Campbell) querendo se livrar da estigma de eterna vítima e perseguida (!) por assassinos, escreveu um livro sobre o tema, e volta à boa e velha cidadezinha de Woodsboro numa turnê para divulgar o seu livro de auto-ajuda, bem no aniversário dos primeiros eventos ocorridos. O que ela não esperava é que um novo assassino de adolescentes está a solta, e ele parece mirar no círculo de conhecidos da prima de Sidney, Jill (Emma Roberts, a linda sobrinha da mulher Julia Roberts), que tem como melhores amigas Kirby (Hayden Panettiere, a eterna cheerleader) e Olivia (Marielle Jaffe).
O elenco de Pânico 4 é enorme, e formado por muitos rostos conhecidos da televisão, por isso, não vou citar todos. Se bem que eles são irrelevantes pra trama, sendo mais um "bônus" pro espectador (nerd), porque no filme servem mesmo de número e de vítimas para o assassino da vez. E se você pensou que com os protagonistas seria diferente, se enganou. O trio (formado pelos sobreviventes dos filmes anteriores) pouco se desenvolve. (Talvez pelo roteirista Kevin Williamson achar que o que eles tinham que se desenvolver, já foi feito nos outros filmes?) O fato é que apenas o casal Gale e Dewey tem algo a mais, que é a crise no casamento deles, mas é algo tão mal explorado que a gente facilmente se esquece disso. O interessante é que o foco maior da projeção fica com os novos personagens adolescentes, mas que apesar de ganharem bastante tempo em tela, são unidimensionais como personagens (tem o clichê do nerd, da gostosinha, do jogador de futebol americano...)
Mesmo que este seja o quarto filme da franquia, como os próprios personagens se dão conta (depois da providencial explicação dos nerds de filmes de terror), Pânico 4 é como se fosse uma refilmagem do primeiro. O que não é nenhuma surpresa nesta época em que Hollywood só recicla ideias, coisa que até mesmo o personagem no filme critica. (Uma auto-meta-crítica?) Nesse contexto, esqueça todo o marketingo do filme: a década mudou, mas as regras continuam as mesmas.
O lado bom disso é que Pânico 4 traz algo de nostálgico e familiar pra quem assistiu os primeiros com pipoca e refrigerante, e rindo muito com os amigos do lado. Além da familiaridade de ver os personagens principais reunidos novamente (mesmo que seja meio assustador o visual de Courteney Botox, quero dizer, Cox), as mortes absurdas também têm um certo gosto de nostalgia e graça (do absurdo). Ou vai me dizer que o assassino cravar uma faca na testa de alguém não é, de certa maneira, engraçado? (Só pra constar, na vida real pra pessoa fazer isso, e depois ainda tirar a faca cravada até o fundo, o cara tem que ter uma força de Jason.) E pior ainda, a vítima ainda dá uns passos depois disso. (Não é à toa que quem interpreta essa vítima é um comediante.)
Enfim, Wes Craven, o diretor de todos os Pânico, fez em Pânico 4 uma refilmagem do original, atualizando um ou outro elemento temporal, como a presença massiva de celulares e facebook, hoje em dia, por exemplo, ou com o fato de que agora ser famoso não é ter um livro escrito sobre você, mas aparecer em vídeo na internet (Rebecca e seu Friday, que o diga). É um filme razoável, legal se você curtiu os três primeiros e se gosta de um terrir com metalinguagem. Mas, como uma personagem mesmo fala no filme, "uma refilmagem nunca supera o original", o que é autocrítico e irônico, mas ao mesmo tempo, de certa forma covarde, como se os autores estivessem se desculpando a priori. Irônico é que não precisava.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
Faça os próprio planos e controle a ansiedade - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 22/04/2011, sobre quanto tempo esperar uma promessa feita pelo gerente.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Faça os próprio planos e controle a ansiedade
"Gostaria de saber", escreve um ouvinte, "quanto tempo a gente deve esperar para que uma promessa seja cumprida. É que o meu gerente me chamou, elogiou o meu trabalho e me disse que a empresa tinha planos para mim. Eu perguntei que planos seriam esses, e o gerente me disse para aguardar porque ele falaria comigo no momento apropriado. Isso faz três meses e o gerente não disse mais nada. Não quero parecer ansioso, mas como foi ele quem começou o assunto, gostaria de saber que atitude devo tomar."
Vamos lá. A primeira hipótese é a de que existem planos, mas não existe uma vaga imediata. Nesse caso, a tradução do que o seu gerente disse seria a seguinte: "Você está sendo observado, seu trabalho é muito bom e em casos assim, a empresa sempre reconhece o mérito através de uma promoção." O que ele não disse, mas deveria ter dito, é que ele não estava fazendo uma promessa de curtíssimo prazo.
A segunda hipótese é a de que nunca existiu plano algum. E que o seu gerente acredita em promessas vazias para motivar os subordinados. E além disso, ele imagina que os subordinados não têm boa memória. Isso não é difícil de descobrir. Se outros colegas seus ouviram palavras semelhantes no passado e nada aconteceu com eles, a possibilidade de que algo aconteça com você diminui bastante.
Em ambos os casos, porém, você pode continuar a conversa que o seu gerente iniciou. No momento em que ele elogiar um trabalho que você fez, agradeça o elogio e relembre o que ele lhe falou sobre planos futuros. Mas não cobre prazos do seu gerente, porque se os planos realmente existem, e são de médio prazo, você passará a impressão de que está querendo forçar a barra.
Para que você possa fazer os seus próprios planos e administrar a sua ansiedade, eu lhe diria que três meses ainda é pouco tempo. E um ano seria tempo demais.
Max Gehringer, para CBN.
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Faça os próprio planos e controle a ansiedade
"Gostaria de saber", escreve um ouvinte, "quanto tempo a gente deve esperar para que uma promessa seja cumprida. É que o meu gerente me chamou, elogiou o meu trabalho e me disse que a empresa tinha planos para mim. Eu perguntei que planos seriam esses, e o gerente me disse para aguardar porque ele falaria comigo no momento apropriado. Isso faz três meses e o gerente não disse mais nada. Não quero parecer ansioso, mas como foi ele quem começou o assunto, gostaria de saber que atitude devo tomar."
Vamos lá. A primeira hipótese é a de que existem planos, mas não existe uma vaga imediata. Nesse caso, a tradução do que o seu gerente disse seria a seguinte: "Você está sendo observado, seu trabalho é muito bom e em casos assim, a empresa sempre reconhece o mérito através de uma promoção." O que ele não disse, mas deveria ter dito, é que ele não estava fazendo uma promessa de curtíssimo prazo.
A segunda hipótese é a de que nunca existiu plano algum. E que o seu gerente acredita em promessas vazias para motivar os subordinados. E além disso, ele imagina que os subordinados não têm boa memória. Isso não é difícil de descobrir. Se outros colegas seus ouviram palavras semelhantes no passado e nada aconteceu com eles, a possibilidade de que algo aconteça com você diminui bastante.
Em ambos os casos, porém, você pode continuar a conversa que o seu gerente iniciou. No momento em que ele elogiar um trabalho que você fez, agradeça o elogio e relembre o que ele lhe falou sobre planos futuros. Mas não cobre prazos do seu gerente, porque se os planos realmente existem, e são de médio prazo, você passará a impressão de que está querendo forçar a barra.
Para que você possa fazer os seus próprios planos e administrar a sua ansiedade, eu lhe diria que três meses ainda é pouco tempo. E um ano seria tempo demais.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-21
Organograma explica vagas não preenchidas por falta de pessoal qualificado - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 21/04/2011, sobre onde estão as vagas que os jornais falam que estão sobrando.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Organograma explica vagas não preenchidas por falta de pessoal qualificado
Vou tentar responder a uma razoável quantidade de mensagens de ouvintes que têm lido sobre vagas oferecidas e não preenchidas por empresas, por falta de candidatos qualificados. Esses ouvintes perguntam onde estão estas vagas, já que eles se cadastram em sites e enviam currículos, mas não são chamados para processos seletivos.
A explicação é a seguinte. Toda empresa tem um organograma. Nele estão dispostas, em forma de pirâmide, as funções que a empresa necessita para funcionar bem. Cada uma dessas funções tem uma descrição, que leva em conta a formação e a experiência prática do ocupante. Quando surge uma dessas vagas, a empresa começa a avaliar currículos de candidatos que se enquadram na descrição da função. E não encontram o que procuram, por falta de qualificação.
Por que? Porque a descrição da função está pedindo um técnico, como um mecânico, um eletricista, um carpinteiro ou um especialista em eletrônica. Vou dar um exemplo prático. Hoje, para cada vinte jovens que se formam em jornalismo, é formado apenas um técnico que vai operar as impressoras. Esse técnico qualificado vai encontrar emprego facilmente. Dos vinte jornalistas, pelo menos dez terão muita dificuldades para se empregar na área.
A explicação é que o mercado de trabalho não se amolda ao número de formandos, é o número de formandos que precisa se amoldar ao que o mercado procura. E essa equação é que está desbalanceada. Estão faltando técnicos com qualificação e sobrando candidatos com curso superior.
Isso não significa que esses formandos de curso superior não conseguirão emprego. É claro que conseguirão. A diferença é que eles terão que procurar bastante, ao passo que os técnicos são bastante procurados.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Organograma explica vagas não preenchidas por falta de pessoal qualificado
Vou tentar responder a uma razoável quantidade de mensagens de ouvintes que têm lido sobre vagas oferecidas e não preenchidas por empresas, por falta de candidatos qualificados. Esses ouvintes perguntam onde estão estas vagas, já que eles se cadastram em sites e enviam currículos, mas não são chamados para processos seletivos.
A explicação é a seguinte. Toda empresa tem um organograma. Nele estão dispostas, em forma de pirâmide, as funções que a empresa necessita para funcionar bem. Cada uma dessas funções tem uma descrição, que leva em conta a formação e a experiência prática do ocupante. Quando surge uma dessas vagas, a empresa começa a avaliar currículos de candidatos que se enquadram na descrição da função. E não encontram o que procuram, por falta de qualificação.
Por que? Porque a descrição da função está pedindo um técnico, como um mecânico, um eletricista, um carpinteiro ou um especialista em eletrônica. Vou dar um exemplo prático. Hoje, para cada vinte jovens que se formam em jornalismo, é formado apenas um técnico que vai operar as impressoras. Esse técnico qualificado vai encontrar emprego facilmente. Dos vinte jornalistas, pelo menos dez terão muita dificuldades para se empregar na área.
A explicação é que o mercado de trabalho não se amolda ao número de formandos, é o número de formandos que precisa se amoldar ao que o mercado procura. E essa equação é que está desbalanceada. Estão faltando técnicos com qualificação e sobrando candidatos com curso superior.
Isso não significa que esses formandos de curso superior não conseguirão emprego. É claro que conseguirão. A diferença é que eles terão que procurar bastante, ao passo que os técnicos são bastante procurados.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-20
Tristeza e Felicidade
Uma ilustração bacana do designer Allan Aubry. Tristeza e felicidade, duas faces da mesma moeda. E nem sempre de lados opostos.
Sadness Happyness.
Dica via Beautiful/Decay.
Sadness Happyness.
Dica via Beautiful/Decay.
'Chego com antecedência nas entrevista, mas nunca sou atendida no horário' - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 20/04/2011, sobre o respeito com o candidato nas entrevistas de emprego.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Chego com antecedência nas entrevista, mas nunca sou atendida no horário'
Relato muito pertinente de uma ouvinte. Ela diz: "Sempre estive muito atenta às dicas de comportamento em entrevistas. Visto a roupa adequada, chego com antecedência e faço tudo como se deve. Porém, percebo que do lado de lá, o comportamento é outro. Nunca fui recebida na hora marcada. E na maioria dos casos, nem há lugares adequados para os candidatos aguardarem a chamada. Já tive que esperar em pé durante 45 minutos até que um entrevistador finalmente decidisse me receber. Se eu tivesse me atrasado, talvez tivesse sido eliminada, ou no mínimo, levaria uma bronca. Quando o entrevistador se atrasa, nem um elementar pedido de desculpas o candidato escuta. Peço perdão pelo desabafo, mas a impressão que fica é a de que a empresa não está nem aí."
Vamos lá. Como o candidato não sabe se será entrevistado por uma empresa que prima pela pontualidade, não há como fugir ao procedimento relatado por nossa ouvinte: é preciso chegar com quinze minutos de antecedência.
Dito isso, não vejo motivo para um candidato fazer de conta que o fato de ter sido tratado sem consideração não tenha importância. Claro que tem. Uma entrevista serve para duas coisas: para uma empresa decidir se um candidato está apto a trabalhar nela e para o candidato decidir se aquela é a empresa em que ele quer trabalhar.
Mencionar educadamente ao entrevistador o atraso de 45 minutos não é apenas um desabafo, é uma maneira de entender como a empresa trata seus funcionários. Se o entrevistador demonstrar irritação com a pergunta, o candidato pode agradecer e dispensar a entrevista. Bem poucos fazem isso, mas todos deveriam fazer. Porque se uma empresa não mostra respeito prévio, certamente também não mostrará respeito após a contratação.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Chego com antecedência nas entrevista, mas nunca sou atendida no horário'
Relato muito pertinente de uma ouvinte. Ela diz: "Sempre estive muito atenta às dicas de comportamento em entrevistas. Visto a roupa adequada, chego com antecedência e faço tudo como se deve. Porém, percebo que do lado de lá, o comportamento é outro. Nunca fui recebida na hora marcada. E na maioria dos casos, nem há lugares adequados para os candidatos aguardarem a chamada. Já tive que esperar em pé durante 45 minutos até que um entrevistador finalmente decidisse me receber. Se eu tivesse me atrasado, talvez tivesse sido eliminada, ou no mínimo, levaria uma bronca. Quando o entrevistador se atrasa, nem um elementar pedido de desculpas o candidato escuta. Peço perdão pelo desabafo, mas a impressão que fica é a de que a empresa não está nem aí."
Vamos lá. Como o candidato não sabe se será entrevistado por uma empresa que prima pela pontualidade, não há como fugir ao procedimento relatado por nossa ouvinte: é preciso chegar com quinze minutos de antecedência.
Dito isso, não vejo motivo para um candidato fazer de conta que o fato de ter sido tratado sem consideração não tenha importância. Claro que tem. Uma entrevista serve para duas coisas: para uma empresa decidir se um candidato está apto a trabalhar nela e para o candidato decidir se aquela é a empresa em que ele quer trabalhar.
Mencionar educadamente ao entrevistador o atraso de 45 minutos não é apenas um desabafo, é uma maneira de entender como a empresa trata seus funcionários. Se o entrevistador demonstrar irritação com a pergunta, o candidato pode agradecer e dispensar a entrevista. Bem poucos fazem isso, mas todos deveriam fazer. Porque se uma empresa não mostra respeito prévio, certamente também não mostrará respeito após a contratação.
Max Gehringer, para CBN.
2011-04-19
Coleção de Inverno
Propaganda incentivando doações de roupas na India, mostrando crianças usando roupas feitas de papelão de caixas, jornais e sacos de estopa.
"Para 33,4% da população de Karnataka, o lixo é moda", diz o anúncio.
Via I Believe in Advertising.
"Para 33,4% da população de Karnataka, o lixo é moda", diz o anúncio.
Via I Believe in Advertising.
'Preciso demitir um funcionário que errou, mas não sei quem foi' - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 19/04/2011, com um caso em que dois funcionários são suspeitos, um deles com certeza é culpado, mas o gerente não sabe quem é, e precisa tomar uma decisão.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Preciso demitir um funcionário que errou, mas não sei quem foi'
"Sou gerente de um setor", escreve um ouvinte. "Apareceu uma diferença no estoque de mercadorias e depois de muita investigação chegamos a dois funcionários. Tenho certeza que um deles é o responsável, mas não estou seguro de que o erro tenha ocorrido por desonestidade. Pode ter sido apenas por desatenção. Cada um desses dois funcionários tem argumentos plausíveis, só que as histórias deles são contraditórias. Meu diretor me deu uma semana para identificar o culpado. E caso eu não consiga, o meu diretor sugere que eu dispensa os dois. Essa é a minha dúvida. Como saber quem está dizendo a verdade, já que nenhum dos dois tem qualquer antecedente ruins?"
Bom, a sugestão do seu diretor vem dos tempos do império romano, e deu origem ao verbo dizimar. No século I, quando era preciso dar um exemplo a toda a tropa, o general escolhia um legionário em cada dez, que era sacrificado para servir de exemplo aos nove restantes. Por que isso era feito? Porque o emprego de legionário era bom e existiam muitos candidatos às vagas que apareciam.
E qual é a situação presente no mercado de trabalho? A mesma, há mais candidatos que vagas. Porém, já faz alguns séculos que a justiça decidiu que não se pode condenar dois suspeitos só porque um deles certamente é o culpado.
Esse é o princípio que deve nortear também uma empresa. Porque, no caso do nosso ouvinte, a empresa tem parte da culpa. O erro ocorreu porque os instrumentos internos de controle não foram eficazes para prevení-lo. Sacrificar um funcionário inocente não resolve um problema e cria outro.
O ideal seria advertir os envolvidos e melhorar os controles, para impedir que novos erros aconteçam. Mas o diretor terá a palavra final, e a decisão dele mostrará em que século a empresa está.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Preciso demitir um funcionário que errou, mas não sei quem foi'
"Sou gerente de um setor", escreve um ouvinte. "Apareceu uma diferença no estoque de mercadorias e depois de muita investigação chegamos a dois funcionários. Tenho certeza que um deles é o responsável, mas não estou seguro de que o erro tenha ocorrido por desonestidade. Pode ter sido apenas por desatenção. Cada um desses dois funcionários tem argumentos plausíveis, só que as histórias deles são contraditórias. Meu diretor me deu uma semana para identificar o culpado. E caso eu não consiga, o meu diretor sugere que eu dispensa os dois. Essa é a minha dúvida. Como saber quem está dizendo a verdade, já que nenhum dos dois tem qualquer antecedente ruins?"
Bom, a sugestão do seu diretor vem dos tempos do império romano, e deu origem ao verbo dizimar. No século I, quando era preciso dar um exemplo a toda a tropa, o general escolhia um legionário em cada dez, que era sacrificado para servir de exemplo aos nove restantes. Por que isso era feito? Porque o emprego de legionário era bom e existiam muitos candidatos às vagas que apareciam.
E qual é a situação presente no mercado de trabalho? A mesma, há mais candidatos que vagas. Porém, já faz alguns séculos que a justiça decidiu que não se pode condenar dois suspeitos só porque um deles certamente é o culpado.
Esse é o princípio que deve nortear também uma empresa. Porque, no caso do nosso ouvinte, a empresa tem parte da culpa. O erro ocorreu porque os instrumentos internos de controle não foram eficazes para prevení-lo. Sacrificar um funcionário inocente não resolve um problema e cria outro.
O ideal seria advertir os envolvidos e melhorar os controles, para impedir que novos erros aconteçam. Mas o diretor terá a palavra final, e a decisão dele mostrará em que século a empresa está.
Max Gehringer, para CBN.