7 dias, 7 histórias, 7 diretores e uma cidade quase mítica no imaginário, capital de Cuba e que reúne todos os estereótipos (verdadeiros ou não) associados ao país: Havana. Esses são os ingredientes básicos do filme 7 Dias em Havana (ou 7 días en La Habana, no original), que de segunda a domingo, nos brinda com sete histórias, uma para cada dia da semana (e cada segmento dirigido por um diretor diferente).
Ao contrário do que geralmente acontece com filmes com muitas histórias, em que cada uma acaba se cruzando com outra, neste 7 Dias em Havana elas quase não se cruzam, sobrando apenas uma referência aqui ou ali (como o acontecimento do festival de cinema, ou a personagem principal de uma história aparecendo em outra). Se na essência são sete curtas passados na mesma cidade, é visível que há uma ligação entre elas: a cidade/país, com seus costumes típicos e características marcantes, sobretudo a religiosidade, sensualidade, musicalidade e cultura exótica. Além disso, no aspecto técnico, apesar de variar, a fotografia é quase sempre uniforme: amarelada, colorida e com forte contraste, assim como imagina-se Cuba.
Os dois curtas mais fracos, na minha opinião, são o segundo (Jam Session, terça-feira) que mostra um diretor sérvio indo a Cuba para ser homenageado num festival de cinema, enquanto passa por uma crise no casamento e é "salvo" pela música cubana (a história é até simpática, e termina com uma bela cena, mas é bem fraco no geral). O segundo ponto fraco é a quinta história (Ritual, sexta-feira), que praticamente sem diálogos, mostra uma jovem que, depois de descoberta dormindo com outra moça, é levada pelos pais a um ritual de exorcismo para "curar" sua homossexualidade. É uma visão sobre a cultura e a religiosidade regional, mas que é bem melhor explorada (e com muito mais bom humor) na última história (A Fonte, domingo), sobre o esforço coletivo para fazer uma fonte para uma Virgem Maria chamada frequentemente por um nome orixá. Além da mistura religiosa, é interessante notar como o povo cubano sobrevive, no melhor estilo "jeitinho brasileiro".
Tirando as duas histórias mais fracas, acima citadas, todas as outras histórias de 7 Dias em Havana são ótimas. A primeira história (Yuma, segunda-feira), de um jovem americano que aproveita o dia para conhecer Havana e acaba levando uma surpresa para o seu quarto de hotel (que é previsível, mas ainda assim ótima), mostra bastante o lado sensual/sexual visto por um turista, além de mostrar um pouco mais sobre a cultura local do ponto de vista estrangeiro. Mas sensual mesmo é a terceira história (A Tentação de Cecília, quarta-feira), que mostra a personagem-título pendendo entre amor e paixão, família e carreira, além de citar a busca por melhores condições de vida.
O tema busca por uma vida melhor, basicamente longe do regime cubano (significando na maioria dos casos, uma travessia até Miami), voltará a tona no penúltimo conto (Doce Amargo, sábado), sobre uma família que produz doces para complementar a renda. Além do tema financeiro, esta história mostra de maneira muito bem humorada as condições de vida em Havana, como a dificuldade da personagem em arranjar ovos depois que uma queda de energia atrapalha a primeira leva de doces. E, por fim, temos a história de quinta-feira, Diário de um Principiante, que mostra de maneira sensível e sutilmente cômica, a espera de um visitante para falar com "o Comandante". Enquanto espera Fidel terminar um de seus famosos longos discursos, o visitante passeia por Havana em silêncio, vendo a vida passar lentamente na cidade e nos seus habitantes, reparando na dualidade entre o regime (comunismo) e a abertura capitalista (com os turistas). Com um ritmo lento e praticamente sem diálogos, é a obra mais intimista e a que eu mais apreciei.
Enfim, 7 Dias em Havana, apesar de seus pontos baixos, nos faz viajar em duas horas, por uma semana na capital cubana. Uma viagem que, apesar dos exageros e romantismos associados à imagem que temos de Havana, é divertida e vale a pena.
Trailer:
Para saber mais: ótimo texto no Omelete.
gosto de qualquer coisa q fale de cuba... assisti habana blues, já viu? é bom, música, política, fidel, traição, sexo e mais de tudo um pouco. muito bom.
ResponderExcluirNão, esse eu ainda não vi.
ResponderExcluiresse é bem antigo.
ResponderExcluirfoi a partir dele q me apaixonei por mano negra e manu chao.