À primeira vista, o filme A Sombra do Inimigo (no original Alex Cross) parece ser apenas mais um filme genérico medíocre de ação e suspense policial. Entretanto, se pararmos para analisá-lo, veremos que, na verdade, ele é bem ruim.
A Sombra do Inimigo tem uma histórica até meio clichê de filmes policiais. Ela acompanha o protagonista (que dá o título original ao filme) Alex Cross (Tyler Perry) e sua equipe, composta entre outros pelo parceiro Tommy Kane (Edward Burns) e pela novata Monica Ashe (Rachel Nichols), investigando um assassinato. Quando eles se encontram pela primeira vez com o assassino profissional (vivido por Matthew Fox), frustrando os seus planos, a coisa torna-se pessoal.
A Sombra do Inimigo tem vários problemas como filme, a começar pelos personagens. Cross é um psicólogo brilhante, que aparentemente mostra poderes de dedução e observação no nível de Sherlock Holmes ou House. Entretanto, sem o carisma e charme desses dois citados, provenientes tanto de seus dons quanto de seus defeitos, igualmente colossais, o personagem Cross se mostra um bom-moço chatíssimo, demasiadamente "certinho", pai de família exemplar e que tenta ajudar uma jovem negra (como ele) convencendo-a a delatar o tio que cometera o crime pela qual estava presa.
O assassino vivido por Matthew Fox também não desperta interesse, com um roteiro sem explorar suas motivações e/ou passado, retratando-o apenas como "provavelmente um ex-militar" lunático. Com este personagem, Fox consegue se desvencilhar de seu personagem mais icônico, o Jack de Lost. Isso, no entanto, não quer dizer que seja uma boa atuação, já que o assassino vivido por Fox é unidimensional e não dá muitas oportunidades de atuação, ficando relegado a caras e bocas de maluco, que produzem no final, uma atuação exagerada e caricata.
De fato, o assassino lembra o personagem de videogame da série Hitman ao (tentar) executar os assassinatos com planos mirabolantes (nadando por tubulações de água ou hackeando um trem). Entretanto, se no game (e em menor parte, no filme baseado nele) é divertido ver o assassino, neste A Sombra do Inimigo a diversão se perde um pouco, já que o filme se leva a sério demais para situações claramente absurdas.
Este talvez seja um dos maiores problemas do filme: se levar a sério demais, mesmo quando seus personagens são claramente caricaturas, incluindo o elenco de apoio, como o chefe da divisão policial que, no melhor estilo "chefe de cabelos pontudos do Dilbert", quando decide fazer algo por conta (para receber os créditos políticos) e não escutar Cross, só faz besteira.
Dirigido por Rob Cohen (que sempre fez filmes mais ou menos, como o último e sofrível capítulo da franquia A Múmia), A Sombra do Inimigo também falha na condução do ritmo. Querendo imprimir uma ação rápida (inclusive abusando do recurso de câmera na mão, tremendo a imagem), o filme abandona quase que totalmente o suspense depois de um terço da projeção, fazendo com que não se sinta que haja uma ameaça a espreita. O drama também tem pouco destaque, puxando logo para o tema vingança pessoal. E, por fim, a resolução final também é bem fraca, com a revelação do mandante dos assassinatos sem nenhum impacto. Ou talvez tenha sido só o cansaço e a vontade de ver o filme acabar logo que me fizeram achar o final fraquíssimo.
Baseado na série de livros de James Patterson tendo o personagem Alex Cross como protagonista, A Sombra do Inimigo parece ir ao contrário da direção dos livros. Pelo menos em termos de qualidade e aceitação do público. Enfim, A Sombra do Inimigo é um filme ruim. Com um roteiro genérico e medíocre, poderia render um filme apenas medíocre, caso fosse melhor conduzido. Os fãs de Patterson provavelmente estão decepcionados.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete e no Adoro Cinema.
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