Lendo você
- Sonhei com você outro dia.
- É?
- Sim.
- Espero que tenha sido um sonho bom.
- Ah, foi sim. Nele, eu e você estávamos deitados, e eu lhe acariciava os seios...
- Hmmmm...
- Mas sabe como é sonho, né? Sempre é meio esquisito. Então, meio que você não era exatamente você, no sonho.
- Ué? Mas como assim? Estava me traindo no sonho com outra, é?
- Não, era você mesma. Mas apesar de ser seu corpo, seu rosto, seu jeito e tudo seu, você não era uma pessoa. Quer dizer, era e ao mesmo tempo não era. Essas coisas malucas de sonho, sabe?
- Explica isso direito!
- Bem, eu vou tentar. No sonho, você era como uma revista ou um livro. E eu lhe folheava, lhe lia. Literalmente, manipulando cada página e folha. E a cada página virada, partes suas iam surgindo. Quer dizer, surgindo não, era como se antes eu não visse aquela parte e só depois eu me tornava consciente dela, então surgindo para mim. Como se você se formasse a cada página. Eu passava uma página e seus seios surgiam pra mim, por exemplo. E só a partir daí eu conseguia passar a mão por eles...
- Seu taradinho.
- E eu virava outra página e então eu tomava consciência da sua linda barriguinha. E conseguia agora acariciá-la também.
- E até onde o senhor leu, hein?
- Ah, o sonho acabou antes de eu chegar ao clímax da história.
- Hahaha. Que bom.
- Bom por quê?
- Porque é sempre bom deixar um mistério para o leitor. Se ele conhece tudo depois de ler, acaba largando o livro.
- Mas as melhores histórias sempre me dão vontade de voltar a elas. Elas sempre oferecem algo novo na releitura.
- Acho que nunca tive uma leitura assim.
- Eu já.
Ler de novo é melhor do q ler a primeira vez...
ResponderExcluirMuito interessante o seu texto, parabéns!!!
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