2013-01-17

'Tenho 22 anos e só consigo empregos meia-boca' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 17/01/2013, sobre os jovens, o mercado de trabalho e empregos meia-boca.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Tenho 22 anos e só consigo empregos meia-boca'

jovens mercado de trabalho

"Estou desiludido", um ouvinte escreve. "Tenho 22 anos, estudei com afinco durante 15 anos e só consigo empregos meia-boca. Se a coisa continuar assim, o que eu vou ganhar na vida inteira não vai dar nem para pagar o investimento que minha família fez em meus estudos."

Bom, calma. Não vai continuar assim. Esse é só o começo e muito raramente os primeiros empregos são altamente compensadores do ponto de vista salarial. Feliz ou infelizmente, você pertence a uma geração com pressa, disposta a trocar de emprego em menos de seis meses se a empresa não acenar com um aumento ou uma possível promoção. Essa geração está mudando a cara do mercado de trabalho. E as empresas, principalmente as mais tradicionais, estão espantadas com esse estilo que poderia ser definido como "cheguei, cansei e fui".

Isso é ruim? Para as empresas, sem dúvida, porque contratações têm um custo que precisa ser amortizado com tempo e resultados. Já para os jovens com alto senso de urgência, é uma maneira de mostrar que precisam de incentivos mais imediatos para permanecer em um emprego. Nesse caso, qualquer vaga de dois salários mínimos por mês, é meia-boca.

Na prática, considerando-se o todo do mercado de trabalho, 90% das vagas de entrada são meia-boca. A boca só começa a ficar inteira depois de dois ou três anos de experiência na função. E esse é o dilema: ter paciência ou partir para outra? De modo geral, os jovens com curso superior estão optando pela segunda hipótese, que tanto pode gerar um pula-pula interminável, quanto oportunidades mais precoces de ascensão.

A desilusão temporária que o nosso ouvinte está sentindo é o preço a ser pago pela reconstrução de um sistema em que a estabilidade era a regra.

Max Gehringer, para CBN.

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