2009-04-01

Um choque de sinceridade - ou O dia da mentira e o da verdade - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 01/04/2009, com um bem humorado e sarcástico diálogo travado no fictício dia da verdade, em oposição ao dia de hoje, o dia da mentira.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

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Um choque de sinceridade

pinóquio
Hoje é primeiro de abril, dia da mentira. De todas as datas que celebramos anualmente, formais ou informais, oficiais ou não, o dia da mentira é a mais obscura. Não há registros claros de como tudo começou, nem quando e nem onde. Há, naturalmente, várias teorias conflitantes sobre a origem do dia da mentira. Mas fazendo jus à data, não há como provar que uma delas seja a verdadeira.

Por outro lado, não existe o dia da verdade, o que é uma pena. Seria o dia em que cada pessoa poderia chegar a seu local de trabalho e dizer exatamente o que pensa, sem ser punida pela sinceridade. No dia da verdade, o chefe faria a avaliação de desempenho de uma funcionária, de maneira bem diferente do que costuma fazer.

Diria o chefe:
- Samanta, essas avaliações são um desperdício de tempo, mas a empresa me obriga a fazê-las.

- Chefe, responderia Samanta, eu acredito que avaliações funcionam quando são feitas por alguém competente, o que não é o seu caso.

- Como sempre, Samanta, você tem alguma coisa inteligente para dizer, e isso faz com que eu me sinta inseguro, além de me irritar profundamente.

- Obrigado por compartilhar isso comigo, chefe. De hoje em diante, farei o possível para irritá-lo cada vez mais.

- Muito bem, Samanta. Seu desempenho foi excelente, o que me deixa apavorado. Preciso encontrar alguma coisa para fazer com que você se sinta pior do que realmente é.

- Humm, que tal cooperação, chefe? Porque eu detesto cooperar com alguém insensível e mal-educado como o senhor. Embora, eu viva fazendo de conta que respeito a hierarquia.

- Ótima sugestão, Samanta. Como é que eu não pensei nisso?

- É que pensar nunca foi o seu forte, chefe.

- Certo, Samanta. Agora, assine aqui e me dê licença porque preciso fingir que estou trabalhando.

- Qualquer coisa, chefe, estarei ali na minha mesa, admirando a sua falta de capacidade.

- Maravilhoso, Samanta. Mas não esqueça: o dia da verdade é só hoje. A partir de amanhã, voltamos à velha rotina de guardar a verdade para nós mesmos.

- Por falar nisso, chefe, amanhã vou fazer uma entrevista em outra empresa. E dar a desculpa que me atrasei porque tive um problema pessoal.

- Só se você chegar depois das dez, Samanta, porque amanhã vou dormir até tarde e dizer a meu diretor que fui visitar um cliente.

Max Gehringer, para CBN.

3 comentários:

  1. Sensacional o diálogo.

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  2. Só pq hoje de tarde tava ouvindo Seu Jorge cantando: "eu não sei o que vou inventar, eu só sei que amanhã eu não vou trabalhar"...

    ahuahuahuahuahuahuhuahuahuauha! Adorei!

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  3. Tinha ouvido na CBN, sensacional!

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