2009-08-14

'Não vou bem em entrevistas' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 14/08/2009, sobre a importância dos primeiros 5 minutos numa entrevista de emprego.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Não vou bem em entrevistas'

entrevista de emprego
"Eu não vou bem em entrevistas", escreve uma ouvinte. "Acredito que seja porque eu tenho opiniões firmes e expresso meus pontos de vista. Isso é um defeito?"

Não. Isso é uma grande virtude. Mas vamos por partes.

Uma empresa é uma instituição com princípios éticos e operacionais bem definidos. Já um entrevistador pode ter seus princípios pessoais, desde que eles não conflitem com os princípios gerais da empresa.

Assim, ao ser entrevistado por dois gerentes de uma mesma empresa, um candidato poderá se deparar com duas pessoas completamente diferentes. Um gerente pode ser religioso e o outro, ateu. Um pode ser antitabagista e o outro, fumante. Um pode ser adepto da cultura física e o outro, sedentário. Um pode ser um ávido leitor de textos sobre gestão e o outro, alguém que só bota fé na experiência prática. E por aí vai.

Por isso, quando um candidato passa por uma entrevista, na verdade ele está passando por duas, simultaneamente. Na primeira, ele precisará mostrar como poderá contribuir para com a causa da empresa. Quanto mais as respostas do candidato tiverem pontos em comum com os números e a cultura da empresa, tanto melhor.

Por exemplo, o que a empresa espera de um funcionário? Quais as qualidades mais apreciadas? Que tipo de profissional é promovido? Essas informações o candidato pode obter no próprio site da empresa, ou com pessoas que nela trabalharam ou trabalham.

Mas, ao mesmo tempo, o candidato estará diante alguém que tem princípios, crenças e opiniões próprias. Alguém com poder para rejeitar um candidato, simplesmente porque não gostou da postura dele. E é aí que o bicho pega.

Qualquer entrevista dura 5 minutos, mesmo que o tempo total dela seja mais longo. Os candidatos que se saem melhor são aqueles que mantém uma postura neutra, nesses primeiros 5 minutos, até decifrar a esfínge que está do outro lado da mesa.

A nossa ouvinte, provavelmente, está usando esses 5 minutos para expressar as suas opiniões firmes, sem saber se o entrevistador compartilha delas.

Se for isso, a nossa ouvinte de fato tem uma grande virtude, que está sendo mal utilizada. Uma virtude que poderia gerar empatia e que pode estar gerando uma confrontação precoce e desnecessária.

Max Gehringer, para CBN.

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