2009-09-10

Minha empresa fala em inovação e criatividade, mas, na prática, vejo a velha rotina - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 10/09/2009, sobre empresas criativas e inovação.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Minha empresa fala em inovação e criatividade, mas, na prática, vejo a velha rotina

criatividade céus
"Minha empresa", escreve um ouvinte, "fala muito em inovação e em espírito criativo. Eu mesmo, quando fui entrevistado, tive que responder se me considerava inovador e criativo, e dar exemplos práticos disso. Mas o que vejo agora, em nosso dia-a-dia, é a velha rotina de sempre. Será que estou deixando de enxergar alguma coisa?"

Sim, está. Por influência do que nós aprendemos nas enciclopédias, nós tendemos a definir criatividade como a capacidade de inventar ou descobrir algo grandioso, que irá mudar os rumos da humanidade. E imediatamente, associamos criatividade e inovação com nomes fulgurantes como Einstein, Santos Dumont ou Thomas Edison.

Mas esse tempo passou, e já faz bem uns 50 ou 60 anos que estamos vivendo em outra era: a era da invenção sem inventor.

Todo mundo sabe que Graham Bell inventou o telefone, mas quem saberia dizer o nome do inventor do celular? Marconi inventou o rádio, mas quem inventou a televisão? E quem inventou a fita cassete, o CD e o DVD?

A quase totalidade das invenções modernas têm, por trás delas, não mais o nome de um único indivíduo, mas o nome de uma corporação. E essas corporações, que investem uma fatia razoável do seu orçamento em inovações, sem dúvida estão em busca de pessoas capazes de pensar, como o nosso ouvinte.

Mas as corporações não esperam que cada empregado tenha uma idéia genial por dia. O que elas procuram é gente capaz de olhar para as coisas simples e rotineiras, e introduzir pequenas mudanças, para aperfeiçoar os processos.

Ao longo do tempo, essas transformações contínuas, mas quase imperceptíveis no dia-a-dia, irão proporcionar à empresa inovadora, uma enorme dianteira sobre seus concorrentes que só copiam as idéias alheias.

Logo, o nosso ouvinte pode ficar despreocupado. O cérebro dele não foi alugado em troco de nada. O nosso ouvinte é criativo e está numa empresa inovadora. Ele só precisa entender que criatividade deixou de ser a valorização de um único profissional superdotado, para se tornar a soma das pequenas e constantes contribuições de todos os empregados.

Evidentemente, ainda existem gênios capazes de sacar grandes inovações por conta própria, principalmente no campo da tecnologia. Mas eles não trabalham para empresas. Eles constituem as suas próprias empresas.

Max Gehringer, para CBN.

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