Em termos de história, tudo o que eu disse sobre o filme se aplica ao livro, uma vez que o filme, apesar de obviamente simplificado e ter cortado algumas pontas, é bem fiel à sua fonte, com exceção do final (o que é mais um incentivo para ler o livro e ver o filme ;) hehehe).
Pra não repetir o que eu já escrevi sobre o enredo no post do filme aqui, coloco o texto que se encontra na contra-capa do livro:
Um dos grandes sucessos literários da última década nos Estados Unidos, o romance de estreia de Audrey Niffenegger é a história de um casal que enfrenta um problema inusitado. Henry DeTamble tem uma rara condição genética: quando sofre o efeito de uma forte emoção, ele é transportado instanteamente para o passado ou para o futuro. De quando em quando, Clare Abshire, sua esposa, se vê sozinha a esperar pelo seu retorno, tal qual a Penélope da mitologia grega. No entanto, onde poderia haver apenas saudade, solidão e estresse emocial, eles percebem a dádiva de poder renovar constanteamente seu vínculo, olhando um para o outro sob diferentes prismas. Transportando-se aos sobressaltos para a infância, a adolêscencia e a juventude de Clare, Henry aos poucos desvenda a mulher que ama. E ela, através das forçadas mudanças de perspectiva, percebe que, de qualquer ângulo, ele é responsável por alguns momentos mais especiais de sua vida.
Em relação às diferenças, o livro obviamente tem mais detalhes. Só pra citar algumas diferenças, mas sem spoiler: o Henry do livro é mais escaldado e não tão bom moço quanto no filme; o melhor amigo do casal, Gomez, no livro é mais trabalhado, no filme as suas motivações ficaram meio jogadas; o médico que trata de Henry também é bastante diferente, bem como o relacionamento deles; e por fim, o final. Que a propósito, eu achei o do filme melhor, mais bonito, mas tenho que admitir que o final do livro é mais coerente com as personagens.
O livro é todo narrado em primeira pessoa, mas alternando entre os dois principais personagens, Henry, o viajante do tempo, e sua mulher, Clare. Isso dá ao leitor a experiência de conhecer os dois lados do casal, cada insegurança individual, bem como cada alegria, compartilhada e única. O estilo de escrita de Audrey Niffenegger, a autora, é bem leve e de fácil leitura, tornando-a, junto com a história cativante, uma leitura extremamente prazerosa.
Em suma, adorei o livro tanto quanto gostei do filme. É um romance muito bem escrito, com história bem amarrada, personagens bem construídos, e até mesmo uma teoria de espaço-tempo bem feita. Ah, e claro, muito romântico.
Se eu desse notas, levaria um 10, com louvor.
Algumas partes/citações do livro. Grifos meus, com imagens do filme.
Um pequeno prólogo:
CLARE: É difícil ficar para trás. Espero Henry, sem saber dele, me perguntando se está bem. É difícil ser quem fica.
Mantenho-me ocupada. Assim o tempo passa mais depressa.
Durmo sozinha e acordo sozinha. Dou umas voltas. Trabalho até cansar. Olho o vento brincar com o lixo que passou o inverno inteiro debaixo da neve. As coisas parecem simples até pensarmos nelas. Por que a ausência intensifica o amor?
Há muito tempo os homens iam para o mar, enquanto as mulheres ficavam na praia, esperando e procurando o barquinho no horizonte Agora espero Henry. Ele some sem querer, sem avisar. Espero. Tenho a sensação de que cada minuto de espera é um ano, uma eternidade. Cada minuto é lento e transparente como vidro. A cada minuto que passa, vejo uma fila de infinitos minutos, à espera. Por que ele foi aonde não posso ir atrás?
O primeiro encontro do casal – para Henry:
HENRY: às 18h, corro do trabalho para casa e tento me tornar atraente. O que chamo de casa hoje é um apartamento minúsculo mas uma loucura de tão caro na North Dearborn; vivo esbarrando em paredes, bancadas e móveis inconvenientes. Primeiro Passo: destrancar 17 fechaduras na porta do apartamento, pular para a sala-que-é-também-meu-quarto e começar a tirar a roupa. Segundo Passo: tomar banho e fazer a barba. Terceiro Passo: olhar em vão para as profundezas do meu armário, aos poucos me conscientizando de que não há nada exatamente limpo. Descubro uma camisa branca ainda na embalagem da lavanderia. Decido usar o terno preto, sapatos de bico fino e gravata azul-clara. Quarto Passo: vestir isso tudo e me tocar que estou igual a um agente do FBI. Quinto Passo: olhar em volta e ver que a casa está uma bagunça. Tomo a decisão de evitar trazer Clare para cá hoje à noite, mesmo se achar que tal coisa seja possível. Sexto Passo: olhar no espelho do banheiro e ver um sósia de Egon Schiele * de 10 anos de idade, olhos arregalados num rosto anguloso, com 1,82m de altura, vestindo camisa branca limpa e terno de agente funerário. Me pergunto com que tipos de roupa essa mulher já me viu, uma vez que obviamente não chego do meu futuro no passado dela vestido com as minhas roupas. Ela disse que era uma garotinha? Várias questões me passam pela cabeça. Paro e respiro um minuto. Tudo bem. Pego a carteira e as chaves, e lá vou eu: tranco as 37 fechaduras, desço no elevadorzinho irritante, compro rosas para Clare na loja do saguão. Mesmo tendo caminhado as duas quadras até o restaurante em tempo recorde, ainda chego cinco minutos atrasado. Clare já está sentada num reservado e parece aliviada ao me ver. Acena para mim como se estivesse numa parada.
Essa imagem do apartamento pequeno e bagunçado, roupas sujas espalhadas, me lembrou tanto a minha própria situação... =P
Sobre a vida de Henry antes de Clare:
....Mamãe acabara de voltar de Sydney e tinha me trazido uma linda borboleta azul, uma Papilio ulysses, montada num quadro cheio de algodão. Eu a segurava junto do rosto, tão junto que não conseguia ver mais nada senão aquele azul. Isso me dava uma sensação que mais tarde tentei repetir com álcool e finalmente encontrei de novo com Clare; uma sensação de união, esquecimento e despreocupação no melhor sentido da palavra.
Um estranho, mas divertido (e sacana) incidente, em que Henry é pego no flagra, e que dá muito o que pensar sobre viagens no tempo:
HENRY: Estou no meu quarto com meu eu. Ele chegou do próximo mês de março. Estamos fazendo o que fazemos muito quando temos um pouco de privacidade, quando faz frio lá fora, quando nós dois já passamos a puberdade e ainda não conseguimos bem arranjar garotas de verdade. Acho que quase todo mundo faria isso, se tivesse o tipo de oportunidades que tenho. E não que eu seja gay nem nada.
É domingo quase meio-dia. Ouço os sinos tocando na St. Joe. Papai chegou tarde em casa ontem. Acho que deve ter parado Exchequer depois do concerto. Estava tão bêbado que caiu na escada e tive de arrastá-lo para casa e botá-lo na cama. Ele tosse e escuto seus passos pela cozinha.
Meu outro eu parece distraído; fica olhando para a porta.
– O quê? – pergunto para ele.
– Nada – diz ele. Levanto e verifico a fechadura.
– Não – diz ele. Parece estar fazendo um esforço enorme para falar.
– Entre – digo.
Ouço o passo pesado de papai em frente à minha porta.
– Henry? – diz ele. A maçaneta gira devagar e de repente me dou conta de que, por distração, destranquei a porta. Henry pula para trancá-la, mas é tarde demais: papai mete a cabeça dentro do quarto e lá estamos nós, in flagrante delicto.
– Ah – diz. Seus olhos estão arregalados e ele parece completamente enojado. – Meu Deus, Henry. – Ele fecha a porta e ouço seus passos voltando para o quarto dele. Dou um olhar de reprovação para meu eu ao vestir um jeans e uma camiseta. Vou ao quarto de papai no fim do corredor. Sua porta está fechada. Bato. Nada de resposta. Espero.
– Papai? – Silêncio. Abro a porta, fico parado no portal. – Papai? – Ele está sentado de costas para mim, na cama dele. Continua sentado e fico parado ali um pouco, mas não consigo me fazer entrar no quarto. Finalmente, fecho a porta e volto para o meu quarto.
– A culpa foi só sua – digo severamente ao meu eu. Ele está de jeans, sentado na cadeira com as mãos na cabeça. – Você sabia, você sabia o que ia acontecer e não disse uma palavra. Onde está seu instinto de sobrevivência? Que diabo há de errado com você? O que adianta conhecer o futuro se você não consegue pelo menos nos proteger de ceninhas humilhantes...
– Cala a boca – diz Henry com uma voz rouca. – Cala a boca.
– Não calo – digo, levantando a voz. – Quer dizer, você só tinha que falar...
(...)
Henry diz:
– Você fala em mudar o futuro, mas para mim, isso é o passado, e até onde posso dizer, não há nada que eu possa fazer a respeito. Quer dizer, eu tentei, e foi a tentativa que fez aquilo acontecer. Se eu não tivesse dito alguma coisa, você não teria se levantado...
– Então por que você disse?
– Porque sim. Você vai dizer, espere só. – Ele dá de ombros. – É igual ao que houve com mamãe. O acidente. Immer wieder. – Sempre de novo, sempre a mesma coisa.
– Livre-arbítrio?
Ele se levanta, vai até a janela, fica olhando por cima do quintal dos Tatingers.
– Eu estava falando nisso agora mesmo com um eu de 1992. Ele disse uma coisa interessante: disse que acha que só existe livre-abrítrio quando se está no tempo presente. Diz que, no passado, só podemos fazer o que fizemos, e só podemos estar lá se tivermos estado lá.
– Mas seja qual for o tempo em que eu esteja, ele é o meu presente. Eu não devia ser capaz de decidir...?
– Não. Aparentemente, não.
– O que ele disse em relação ao futuro?
– Bom, pense. Você vai para o futuro, faz alguma coisa e volta ao presente. Aí, o que você fez é parte do seu passado. Então, provavelmente também é inevitável.
Sinto uma combinação sinistra de liberdade e desespero. Estou suando; ele abre a janela e o ar frio preenche o quarto.
Henry posando para uma jovem Clare:
A imobilidade é uma disciplina. Posso ficar parado por um bom tempo quando estou lendo, mas posar para Clare é sempre de uma dificuldade surpreendente. Até uma pose que, a princípio, parece muito confortável vira tortura depois de 15 minutos. Olho para Clare sem mexer nada a não ser os olhos. Ela está concentrada no desenho. Quando desenha, Clare fica como se o mundo sumisse, e só sobrassem ela e o objeto de seu estudo. Clare fica como se o mundo sumisse, e só sobrassem ela e o objeto de seu estudo. Por isso gosto de ser desenhado por Clare: quando ela me olha com esse tipo de atenção, sinto que sou tudo para ela. É o mesmo jeito que ela me olha quando a gente faz amor. Agora mesmo, ela me olha nos olhos e sorri.
Uma conversa entre Clare e Henry com uma teoria de viagem no tempo:
– Bom. Eis a minha teoria. Agora, esta é apenas uma Teoria Especial da Viagem no Tempo tal como Realizada por Henry DeTamble, e não uma Teoria Geral da Viagem no Tempo.
– Tudo bem.
– Em primeiro lugar, acho que tem a ver com o cérebro. Acho que é muito parecido com epilepsia, porque tende a acontecer quando estou estressado. Há circunstâncias externas, como o piscar de luzes, que podem desencadear o pulo no tempo. Atividades como corrida, sexo e meditação costumam me ajudar a permanecer no presente. Segundo, não tenho nenhum controle consciente sobre meu destino temporal ou físico, nem sobre quanto tempo fico ou quando volto. Portanto, excursões no tempo pela Riviera são muito pouco prováveis. Dito isso, meu subconsciente parece exercer um controle tremendo, porque passo muito tempo no passado, visitando acontecimentos que são interessantes ou importantes, e evidentemente visitarei você muitas vezes, o que me deixa bem ansioso. Em geral vou a lugares em que já estive no tempo real, embora já tenha ido mesmo a outros tempos e lugares mais aleatórios. Costumo ir mais ao passado do que ao futuro.
– Já esteve no futuro? Eu não sabia que podia fazer isso.
Henry parece satisfeito consigo mesmo.
– Por enquanto, meu alcance é de cinqüenta anos em cada direção. Mas é muito raro eu ir ao futuro, e acho que ali nunca vi nada que eu considerasse útil. É sempre bastante rápido. E talvez eu apenas não saiba o que estou vendo. É o passado que exerce muita atração. No passado, eu me sinto muito mais consistente. Quem sabe o futuro em si seja menos substancial? Sei lá. Sempre tenho a sensação de estar respirando ar rarefeito no futuro. Esta é uma das formas como eu sei que é o futuro: a sensação é diferente. É mais difícil correr lá.
Henry voltando de viagem, onde passou pelo primeiro (?) Natal com Clare e sua família:
O tráfego começa a acelerar. Logo Clare para em frente ao meu prédio. Pego minha mochila na mala e olho Clare indo embora, descendo a Dearborn, e sinto um aperto na garganta. Horas depois, identifico o que estou sentindo como solidão, e o Natal termina oficialmente por mais um ano.
Clare admitindo um segredo:
CLARE: É segredo: às vezes fico feliz quando Henry não está. Às vezes gosto de estar só. Às vezes, ando pela casa tarde da noite e sinto um arrepio de prazer de não falar, não tocar, ficar só andando, ou sentada ou tomar um banho. Às vezes, deito no chão da sala e ouço Fleetwood Mac, Bangles, B-52's, Eagles, bandas que Henry não suporta. Às vezes saio para longas caminhadas com Alba e não deixo bilhete dizendo onde estou. Às vezes, encontro Célia para tomar um café e conversamos sobre Henry, Ingrid e seja lá quem for a pessoa com quem Célia esteja saindo naquela semana. Às vezes saio com Charisse e Gómez, e não falamos de Henry e conseguimos nos divertir. Uma vez, fui a Michigan e, quando cheguei de volta, Henry ainda não tinha voltado, e eu nunca disse que tinha ido a lugar algum. Às vezes arranjo uma babá e vou ao cinema ou, depois que escurece, ando de bicicleta na ciclovia da praia Montrosse sem iluminação; é igual a voar.
Às vezes, fico feliz quando Henry some, mas sempre fico feliz quando ele volta.
Eu adoro esse capítulo. Ele mostra tantas coisas... Que um casal não é, como nas histórias que adoram nos contar, uma alma só separada em dois corpos. E que ficar só às vezes é bom (e necessário!). E que todos temos alguns segredos, mesmo (talvez) sendo bobocas, mas que são só nossos. E, apesar disso tudo, mostra que, se há amor, o reencontro (assim como fazer as pazes depois de uma briga ;) hehehe), é felicidade pura.
O presente de aniversário de 18 anos de Clare:
– Clare. – Ela sorri com inocência. – O que exatamente decidimos na última vez que você me viu? O que a gente planejou fazer para o seu aniversário?
Ela volta a ficar vermelha.
– Isso, né? – diz ela, com um gesto indicando nosso piquenique.
– Alguma outra coisa? Não que isso não esteja maravilhoso.
– Bem. Sim. – Sou todo ouvidos, porque acho que sei o que vem pela frente.
– Sim?
Clare está bem vermelha, mas consegue manter a dignidade ao dizer:
– Decidimos fazer amor.
– Ah. – Na verdade, sempre me perguntei sobre as experiências sexuais de Clare antes de 26 de outubro de 1991, quando nos conhecemos no presente. Apesar das provocações bastante impressionantes da parte de Clare, sempre me recusei a fazer amor com ela. Passei muitas horas divertidas conversando sobre isso e aquilo enquanto tentava ignorar dolorosas ereções. Mas hoje Clare ficou legalmente adulta (ainda que não emocionalmente), e com certeza não posso perverter demais a sua vida... quer dizer, já dei a ela uma infância bem esquisita pelo simples fato de ter feito parte dela. Quantas garotas têm o próprio futuro marido aparecendo a intervalos regulares nu em pelo na sua frente? Clare me vê ponderando a situação. Estou pensando na primeira vez em que fiz amor com Clare e me perguntando se foi a primeira vez que ela fez amor comigo. Decido perguntar isso para ela quando voltar para meu presente. Enquanto isso, Clare está guardando as coisas na cesta de piquenique.
– Então?
Ora bolas.
– Sim.
Clare fica empolgada e também assustada.
– Henry, você fez amor comigo um monte de vezes...
– Muitas e muitas vezes.
Ela tem dificuldade de dizer isso.
– É sempre lindo – digo a ela. – É a coisa mais linda da minha vida. Serei muito delicado. – Tendo dito isso, de repente, fico nervoso. Sinto a responsabilidade, me sinto meio Humbert Humbertish e também como se eu estivesse sendo observado por muita gente, e todas essas pessoas fossem Clare. Nunca senti menos tesão na vida. Tudo bem. Respirar fundo. – Amo você.
Ainda na primeira vez de Clare:
Clare pega a camisinha da minha mão com um misto de aversão e encanto. Deitada de costas, ela desenrola e cheira a camisinha.
– Eca. É necessário?
Embora muitas vezes eu me recuse a contar coisas a Clare, raramente minto de verdade para ela. Sinto uma pontada de culpa ao dizer:
– Infelizmente sim. – Pego de volta a camisinha, mas em vez de colocar, decido que o que realmente precisamos aqui é de sexo oral. Clare, no futuro, é viciada nisso e é capaz de saltar os prédios mais altos com um simples pulo, ou lavar louça quando não é sua vez, para conseguir satisfazer o vício. Se sexo oral fosse um esporte olímpico, eu ganharia uma medalha, sem dúvida. Abro suas pernas e passo minha língua em seu clitóris.
– Ai meu Deus – diz Clare em voz baixa. – Minha nossa.
– Sem gritar – aviso.
Até Etta e Nell virão até o Campo para ver o que houve se Clare realmente se soltar. Nos 15 minutos seguintes, faço Clare descer vários degraus da escala evolutiva, até ela não ser nada mais que um cérebro e algumas terminações nervosas. Coloco a camisinha e, devagarinho, penetro Clare, imaginando coisas se rompendo e uma cascata de sangue em volta de mim. Ela está de olhos fechados e, a princípio, acho que nem tem consciência de que estou de fato dentro dela, embora eu esteja bem em cima dela, mas aí ela abre os olhos, triunfante, exatasiada.
Consigo gozar bem rápido; Clare me observa, concentrada, e, quando gozo, vejo uma expressão de surpresa em seu rosto. Como as coisas são estranhas. Que coisas esquisitas nós animais fazemos. Desabo em cima dela. Estamos todos suados. Sinto seu coração batendo. Ou talvez seja o meu.
...
SPOILER ABAIXO!
...
NÃO DIGA QUE EU NÃO AVISEI
...
Partes da carta de Henry, para ser aberta depois da morte dele:
(...)
Clare, quero dizer, de novo, que te amo. Nosso amor foi o fio no labirinto, a rede embaixo de quem caminha na corda bamba, a única coisa verdadeira e confiável nessa minha vida estranha. Esta noite, sinto que meu amor por você tem mais densidade neste mundo do que eu mesmo tenho; como se pudesse permanecer depois de minha morte e te rodear, te proteger e te segurar.
Odeio pensar em você me esperando. Sei que você andou me esperando a vida inteira, sempre sem saber ao certo a duração dessa espera. Dez minutos, dez dias. Um mês. Que marido inseguro eu fui, Clare, como um marinheiro, Ulisses sozinho e fustigado pelas ondas, ora astuto, ora simplesmente um joguete dos deuses! Por favor, Clare. Quando eu tiver morrido, pare de esperar e se liberte. De mim – me ponha no fundo de seu coração e depois saia pelo mundo e vá viver. Ame o mundo e você mesma nele, ande como se ele não oferecesse resistência, como se o mundo fosse seu elemento natural. Eu te dei uma vida de hibernação. Não quero dizer que você nada fez. Você criou beleza e significado em sua arte. Criou a Alba, que é incrível. E para mim você sempre foi tudo.
Depois que morreu, minha mãe destruiu completamente o meu pai. Ela teria odiado isso. Cada minuto da vida dele depois da morte de minha mãe tem sido marcado pela ausência dela, cada ação é desprovida de dimensão porque ela não está aqui para servir de comparação. E quando jovem, eu não compreendia, mas agora sei como a ausência pode ser presente como um nervo danificado, como um pássaro preto. Se eu tivesse que viver sem você, sei que não conseguiria. Mas, espero, tenho essa visão de você caminhando leve, com seu cabelo brilhando ao sol. Não vi isso com meus olhos, mas só com a imaginação, que te desenha, que sempre quis pintar você, reluzindo; mas espero que essa visão seja verdade, de qualquer forma.
(...)
Nossa, super interessante.
ResponderExcluirAdorei o questionamento de por que a ausência intensifica o amor.
Quero ler.
Beijos,
Bela - A Divorciada
Ah, vale a pena mesmo.
ResponderExcluirMarquei com estrela no Reader, pq vou ler depois, mas acho que agora entendi pq o Confudido queria baixar esse livro, hihihihi!
ResponderExcluirOlha, a versão que eu achei online era tão ruim, mas tão ruim....
ResponderExcluirNão sei se era de uma edição anterior ou tradução direto do original, mas a leitura não era a mesma coisa do livro q eu tinha em mãos.
Acho que vou assistir o filme. Estou com tantos livros que por favor... livro novo só em 2011 (piada lixo de ano novo).
ResponderExcluirJá que o filme é fiel ao livro depois só pego o livro e leio o final, hahaha.
Larga mão e lê logo o livro, rapaz
ResponderExcluirAinda não vi o filme, mas o livro é lindo!
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