Semana retrasada assisti o novo filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas (ou no original, Alice in Wonderland). Demorei pra escrever porque, assim como o filme, não tive a mínima empolgação. A Alice de Burton é como se fosse uma continuação da velha história conhecida, originalmente escrita por Lewis Carroll nos livros Alice no País das Maravilhas e Alice no País dos Espelhos.
O filme começa mostrando Alice ainda criança, reclamando de pesadelos fantásticos. Corta pra 13 anos depois, quando vemos Alice (interpretada por Mia Wasikowska) e sua mãe se dirigindo para uma festa. Alice agora está quase pra titia (lembrando que na época em que a história se passa, a era vitoriana, uma jovem de 19 anos já era considerada "passada"), mas essencialmente, ainda é uma adolescente: além de naturalmente sonhadora, ela é questionadora, tentando descobrir seu lugar no mundo, testando limites e desafiando convenções. Basicamente, uma Alice com quem a grande massa de público (adolescentes e pré-adolescentes especialmente), pudessem se espelhar.
Aliás, essas cenas iniciais, que mostram a sociedade em que Alice está inserida, e que constroem a personagem para o público, são as melhores no filme. Sem efeitos especiais grandiosos, mas com bons diálogos e boas cenas, temos uma boa ideia de quem é Alice, mesmo que ela mesma ainda não se dê conta disso. Além disso, vemos nessas cenas boas referências a já conhecida história, como a conversa sobre a cor das rosas, e também os primeiros indícios da jornada que virá a seguir, com Alice vendo o coelho (ou lebre, pra mim, é tudo igual) de casaco.
Nesta festa, Alice descobre que será pedida em noivado em um casamento arranjado (como era de praxe entre os burgueses e nobres). Atordoada com a surpresa, Alice sai correndo da festa, e acaba caindo pelo buraco que a levará mais uma vez a Underland (Terra ou País de Baixo), o mesmo lugar que ela já visitara quando criança, mas que confundira o nome (Wonder ~ Under).
Neste mundo fantástico (ou maluco mesmo), descobrimos que a menina que visitara aquela terra anteriormente, chamada Alice, é a escolhida (the chosen one), para derrotar o domínio da ditadora Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter, digitalmente com um cabeção em forma de coração). O problema é que a Alice que está lá não sabe quem é, e por isso, crê que não é a Alice da profecia. Pra mim, aqui o roteiro começa a se perder, tentando encaixar Alice nos itens do mito ou jornada do herói.
E a partir da segunda metade do filme, a história descamba de vez. Tirando o visual, que se mantém impecável tecnicamente durante todo o filme (apesar de não fugir de clichês, como a batalha no campo que parece um tabuleiro de xadrez), todo o resto entre numa vertiginosa queda. O desenvolvimento da personagem principal, Alice, se dá aos trancos e barrancos, com saltos, e não como uma evolução contínua, especialmente depois dela se dar um upgrade como guerreira da espada.
A atuação dos atores é um caso a parte. Mia Wasikowska faz um bom trabalho, e se a sua Alice sofre com o desenvolvimento, é mais culpa do roteirista ou diretor. A também já citada Bonham Carter rouba as atenções com sua Rainha Vermelha, numa boa atuação. Agora, o resto do elenco parece totalmente apático. Até Johnny Depp e seu Chapeleiro Louco parecem que estão no automático. Aliás, a participação do Chapeleiro ficou muito estranha. De louco, ele passou a comandante de uma revolução. Provavelmente, culpa de algum "espertinho" que queria mais cenas com o astro. Anne Hathaway, como a Rainha Branca, está lá só pra ter o nome no cartaz, porque tanto a atuação é fraca quanto a personagem é insossa. E talvez todo esse clima tenha me influenciado negativamente, mas eu fiquei com a impressão de que até os dubladores de alguns personagens (no original, eu vi a versão legendada) estavam como zumbis fazendo o seu trabalho.
Quanto ao 3D, não posso comentar, pois fui ver a versão 2D legendada (geralmente eu prefiro primeiro ouvir o som original, que reflete muito a atuação dos atores). Se o filme fosse bom, eu pretendia ver de novo, dessa vez, em 3D. Mas, como não é o caso... E, pelo que tenho lido/ouvido, o 3D não ficou tão bom quanto o espetacular trailer 3D dava a impressão que seria.
Alice no País das Maravilhas até começa bem, mas paradoxalmente, logo depois que ela vai para o País das Maravilhas, o filme perde os trilhos. É uma pena, pois existia um bom potencial para a exploração de simbolismos na jornada de Alice pelo mundo subterrâneo, em relação a sua vida "real", como a metáfora das escolhas para o crescimento como pessoa e a responsabilidade pelas suas decisões. O que se vê nesse sentido é tão superficial, tão "mensagem Disney" na sua forma mais aborrecida, que provavelmente ninguém mais dá bola. Realmente uma pena, pois como já provou em Big Fish, Tim Burton sabe (quando quer), contar bem, uma boa história.
Enfim, o marketing em torno de Alice no País das Maravilhas até nos empolga para ir ao cinema. Mas, saindo da sala, fica aquele gosto ruim de que a publicidade foi melhor que o produto entregue.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
taí um filme q não me chamou atenção.
ResponderExcluirmesmo assim quero ver, achei a produção em termos de arte muito bonita kkkk
ResponderExcluirbjs
ta... vou discordar só na Anne Hathaway... pq eu me apaixonei por ela na Rainha Branca... como Rainha Branca e nada mais... devido ao jeito dela :p
ResponderExcluirno mais... tu já viu e concordamos.. o filme ia bem e depois se perdeu.
No mais tipo... pergunta curiosa, pq vc viu primeiro legendado 2D... tu ta vendo os filmes em alguma sala que não tem a opção legendada pro 3D ou é fresquinho que acha que as letrinhas atrapalham?? rsrs
Rainha Branca é a coisa mais sem sal do mundo.
ResponderExcluirEu fui ver primeiro legendado 2d pq dublado em 3d só estava passando as 10 da noite (logo na primeira semana), e eu tinha acabado de almoçar.
E, se eu quiser, nem presto atenção na legenda.