É meio desencorajador quando o lançamento de um filme é adiado por muitos meses, pela sua distribuidora aqui no Brasil, nos levando a assistir o mesmo trailer por muito tempo (no caso de gente como eu, que vai direto aos cinemas). Este é o caso do filme A Caixa (ou The Box, no original), que como o trailer mostra, devia ter sido lançado aqui em dezembro do ano passado, mas só chegou oficialmente em março (e pior, aqui em Floripa, só no final de abril, quando o assisti).
Entretanto, depois tê-lo assistido, entendo um pouco dos motivos que levaram a distribuidora a demorar a lançá-lo. A história em si não é trivial (o que acaba desencorajando o espectador médio aqui no Brasil), misturando suspense com um toque fantástico (e por esse fantástico, você pode entender terror e ficção científica). Além disso, o filme tem vários outros problemas, desta vez, sem relação com a história (que, imagino ser originalmente boa, uma vez que o filme foi baseado num conto de Richard Matheson, excelente escritor de livros como Eu Sou a Lenda e Hell House - A Casa Infernal).
A Caixa nos apresenta o casal Norma e Arthur Lewis (respectivamente Cameron Diaz e James Marsden), nos anos 70. Ela professora, e ele, um engenheiro da Nasa que sonha em se tornar astronauta. Entretanto, as coisas nem sempre são boas, e num momento de crise, em que algum dinheiro a mais facilitaria as coisas, o casal, misteriosamente, recebe uma caixa. E logo depois, a visita do deformado Arlington Steward (Frank Langella), que explica a situação: a caixa contém um botão. Se pressionado, duas coisas acontecerão: o casal recebe um milhão de dólares (uma soma MUITO considerável nos anos 70), livre de impostos, e uma pessoa que eles não conhecem, em algum lugar do mundo, irá morrer por causa disso. E agora, eles têm 24 horas para decidir o que fazer. A escolha, entretanto, acarretará consequências.
As atuações estão boas (apesar de - momento Caras - não conseguir não reparar na cara de borracha da Cameron Diaz, um exemplo de como as plásticas podem fazer mal). Em termos visuais, uma coisa que me incomodou foram os efeitos especiais tirando um pedaço da cara de Langella. Ficou parecendo trabalho de um iniciante em Photoshop, mas enfim...
A Caixa é em primeiro lugar, um suspense. E, como acontece nesse gênero, o som do filme é muito importante, seja com a música instrumental criando um clima de apreensão crescente, seja com um silêncio constrangedor se contrapondo, criando expectativa ou tensão. Infelizmente, esse foi um quesito que me decepcionou no filme. A música instrumental, ao invés de parecer orgânica ao filme, é alta demais, barulhenta demais, tirando a concentração do filme, e portanto, cortando qualquer tensão que pudesse vir a provocar. Os momentos de silêncio da trilha musical também não me agradaram, talvez ao tentar criar uma tensão, uma atenção aos diálogos, o diretor acaba abusando da falta de som, o que deixa mais uma sensação de constrangimento do que de suspense.
Entretanto, o maior problema do filme é o seu roteiro. Apesar do meu lado nerd/geek ter adorado as referências (visuais ou textuais) a cientistas (notaram o Carl Sagan novinho?) e a escritores de ficção científica (a do Asimov é bem escancarada), ou então alguns diálogos enfatizando/brincando com a palavra "botão" da caixa, que dá nome ao conto original, não dá pra não criticar o roteiro. Ele é notadamente confuso, sem conclusões óbvias e explicações detalhadas, o que talvez seja o diretor/roteirista Richard Kelly querendo deixar sua marca, repetindo o sucesso cult de Donnie Darko (cuja direção e roteiro também são dele).
Mas, ao contrário de Donnie Darko, A Caixa não tem uma conclusão totalmente subjetiva e amplamente aberta a especulações. O filme tem sim vários pontos em aberto (o que não é ruim por si só), como por exemplo, quem na verdade são os "vilões", mas tem um desfecho que contraria boa parte do propósito de tudo o que acontece no filme. Sem dar muitos spoilers, o final do filme sugere predestinação, enquanto que toda a trama gira em torno de escolhas e suas consequências. Ora, se tudo está predestinado, então pra que se preocupar?
Outra reclamação quanto ao roteiro são as várias subtramas simplesmente abandonadas ou sem uma razão de estarem ali. Talvez, querendo introduzir algumas pistas falsas para criar um clima de suspense/tensão, o roteirista apenas consegue deixar a história mais confusa. Um exemplo é o momento histórico do filme: tirando o fato da história original se passar na época, há insinuações leves de que o momento histórico seja importante para a trama, de que, por exemplo, as conquistas espaciais do momento sejam significativas para a história, e isso simplesmente não se vê concretizado depois. Ou, ainda outro exemplo de subtrama mal utilizada, que o personagem de Langella tenha algum rancor pessoal contra Arthur Lewis, o que acaba se mostrando desprovido de sentido. O que torna o roteiro confuso não são essas pistas de história, sem recompensa na trama (a recompensa seria você ver, no final, que um detalhe plantado no começo tinha uma razão de ser), mas o abuso, em termos de quantidade, que o roteiro faz destas pistas falsas.
Enfim, existem muitos outros detalhes que eu não gostei de A Caixa, mas revelá-los seria mostrar muitos spoilers (se você ainda pretende ver o filme). O filme teria potencial pra ser um suspense muito bom, misturado a uma dose de terror e ficção, contendo ainda um toque de filosofia (motivação que fica escancarada na citação de Sartre). Infelizmente, seus problemas de execução são mais desencorajadores do que qualquer espera pelo lançamento.
Trailer:
Nem estava com tanta vontade de ver esse filme, mas vc acabou de destruir essa pequena vontade q existia lá no fundo :p
ResponderExcluireu nao fikei com vontade de ver esse filme nao... parece meio chato... gosto de altas emoções.. huiahuihaua
ResponderExcluirvc ja fez o release do alice in wonderland?? eu nao to axando...
menino até gosto de suspense, mas, vendo assim por essas observações acho que negócio não tá bom não! kkkbjs
ResponderExcluir@Cintia, eu nunca faço release. Quem faz release é assessoria de imprensa.
ResponderExcluirEu faço meus postzinhos :)
De Alice eu ainda não escrevi.