Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 27/08/2010, sobre o assédio moral no trabalho.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O assédio moral no trabalho
Eu gostaria de comentar hoje um tema recorrente em mensagens que recebo: o assédio moral no trabalho. Invertendo a ordem das coisas e começando pela conclusão, 90% dos ouvintes que me escrevem e que acreditam estar sendo moralmente assediados, não estão. Isso porque existe uma confusão entre o que é uma situação esporádica e o que é uma perseguição individual, constante e contínua.
Então, esclarecendo, assédio moral não é um desentendimento, uma desavença ou uma explosão momentânea de mau humor. Qualquer ser humano, mesmo o mais controlado, pode perder a calma de vez em quando e falar alguma coisa que não deveria, de um jeito que não poderia.
O assédio moral vai bem além disso. Ele é uma espécie de tortura psicológica, praticada por um superior contra um só de seus subordinados, com um objetivo bem definido: desestabilizar o subordinado, que entra num estado de depressão e acaba por desenvolver sintomas físicos, como dores de cabeça e alteração na pressão arterial.
O assédio moral mais facilmente perceptível é o do chefe que dá a um subordinado um tratamento completamente diferente aquele que é dado a todos os demais. Enquanto os outros são tratados com um mínimo de respeito e civilidade, o assediado, não importa o que faça e como faça, é sempre ofendido e humilhado pelo chefe.
O que caracteriza o assédio é a repetição desse comportamento da chefia, por meses a fio. Essa atitude é passível de punição, e pode ser denunciada na Justiça do Trabalho. Embora o primeiro passo seja a denúncia interna, para o setor de recursos humanos. E de preferência, através de uma carta, que poderá ser usada como prova, se nada mudar.
Porém, a minha interpretação das mensagens detalhadas que eu recebo, é que muitas pessoas que se dizem assediadas estão apenas recebendo um tratamento que não apreciam. Elas acham o chefe mal-educado, instável ou insensível, mas com todos os colegas.
A culpa é da pressão por resultados imediatos, que aumenta cada vez mais nas empresas. Pressionado por seus superiores, o chefe estende essa pressão para baixo, muitas vezes subindo o tom e ameaçando os subordinados com demissões.
Esse não é o ambiente ideal de trabalho, mas não caracteriza o assédio moral, que por lei, é a pressão desmesurada e sem sentido, de um chefe sobre um único subordinado.
Max Gehringer, para CBN.
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