Pedir demissão em pouco tempo não é antiético, mas pode ser um erro - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 03/08/2010, sobre pedir demissão depois de pouco tempo empregado.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Pedir demissão em pouco tempo não é antiético, mas pode ser um erro


O mercado de trabalho está aquecido neste semestre. Alguns ouvintes dirão: "Como assim, aquecido? Então por que só eu não consigo emprego?" Bom, não é que todo mundo está conseguindo, mas as pesquisas mostram que há bem mais pessoas empregadas agora, do que havia há 12 meses.

Porém, como é comum quando se procura emprego, os candidatos fazem fichas e entrevistas em várias empresas, esperando que pelo menos uma delas dê uma resposta favorável. E o recente aquecimento do mercado gerou um segundo problema, que na verdade é o melhor dos problemas. Alguns ouvintes conseguiram dois empregos.

Ou conseguiram um, mas estão esperando a resposta de outro. E como diz a lei da perversidade do mercado, o primeiro emprego que aparece não é aquele que a pessoa mais gostaria. Ela preferiria o outro, aquele para o qual ela ainda está esperando ser chamada.

E aí vêm as dúvidas. Se não aceitar o primeiro, a pessoa pode ficar sem nenhum dos dois. Se aceitar o primeiro e o segundo for confirmado, a pessoa faz o quê? Mantém a palavra empenhada e fica no emprego que não gostaria, ou pede demissão depois de uma semana?

Alguns ouvintes nessa situações escreveram para perguntar como poderiam solicitar demissão em menos de um mês, mas deixando as portas abertas. Essa resposta é fácil. As portas não só não ficarão abertas, como ainda serão trancadas com sete chaves. Nenhuma empresa vai engolir essa desfeita profissional.

Outros ouvintes perguntam se seria antiético pedir demissão em tão pouco tempo. Não, não seria. Quando aceitaram a primeira proposta, esses ouvintes viviam uma situação. Eles tinham um passarinho na mão. Quando um dos passarinhos que estavam voando também pousou na mão, a situação mudou de figura. A comparação entre o emprego atual e uma proposta de outra empresa, independe do tempo trabalhado. Pode ser dez dias ou dez anos.

A recomendação é que o ouvinte avalie profundamente as condições de ambiente de trabalho e de oportunidades oferecidas pelas duas empresas. Não são poucas as pessoas que mudam rapidamente e aí se arrependem. Porque mudaram ou pelo nome da outra empresa, ou pela opinião favorável de uma única pessoa. E aí, mudou, não há volta. Essa é a questão. Mudar rapidamente não é antiético, mas pode ser um erro.

Max Gehringer, para CBN.