2010-09-29

Como se candidatar a uma vaga que não existe? - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 29/09/2010, sobre o início de carreira de um recém-formado.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Como se candidatar a uma vaga que não existe?

recém formado
Uma ouvinte escreve para dizer que está se formando em Pedagogia. E pretende usar os seus conhecimentos em empresas. Ela tem muitas ideias que poderão contribuir para melhorar o clima organizacional, reduzir o estresse e aumentar a motivação geral. Porém, diz a ouvinte, ela não sabe como propor o seu trabalho a uma empresa. A questão é: como é que alguém se candidata a uma vaga que não existe?

Creio que a resposta vale para todos os jovens que terminaram uma graduação e se encontram na mesma situação. Todos têm vontade de aplicar imediatamente o que aprenderam e sabem que poderiam contribuir bastante, caso lhes fosse dada uma oportunidade.

A questão é que essa oportunidade não existe, porque as empresas estão mais ocupadas em contratar funcionários para executar tarefas rotineiras. Isso não afeta apenas a quem se forma em pedagogia. Alguém que acabou de se formar em Administração, por exemplo, não vai ser contratado para administrar um setor. Durante algum tempo, irá desempenhar uma tarefa burocrática.

A mesma coisa ocorre com o recém-formado em Psicologia, ou em Comunicação, ou Economia, ou numa variedade de outros cursos. Ao entrar numa empresa, esses jovens irão desempenhar tarefas burocráticas, que muitas vezes, pouco tem a ver com o curso que eles concluiram. E muitas vezes são tarefas ordinárias, que poderiam ser perfeitamente desempenhadas por quem não concluiu curso superior algum.

Isso significa que o sistema está falhando? Não. Significa apenas que existe um processo comum à grande maioria das empresas. Um funcionário é admitido e durante algum tempo, que pode chegar a dois ou três anos, ele irá ganhar a confiança da empresa, executando tarefas que parecem banais, mas são vitais para o funcionamento da empresa. Aqueles que se destacam fazendo o que qualquer um pode fazer, ganham posteriormente oportunidades para desempenhar tarefas mais importantes e mais criativas.

Em resumo, é preciso pagar um pedágio antes de dar o primeiro salto profissional. Para quem tem muita pressa, esse período vai parecer uma eternidade, mas basta perguntar a qualquer gerente ou diretor como ele começou a carreira e a resposta será a mesma: executando tarefas de rotina, abaixo de sua qualificação acadêmica. O início da carreira é sempre uma mistura de muita competência e de um pouco de paciência.

Max Gehringer, para CBN.

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