2010-10-01

'Troquei de emprego pela promessa de ganhar um curso, mas me enganei' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 01/10/2010, sobre a pressa na entrevista de emprego.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Troquei de emprego pela promessa de ganhar um curso, mas me enganei'

apressado come cru
"Estou há cinco meses numa empresa", escreve um ouvinte. "Na entrevista, me foi dito que haveria a possibilidade de a empresa custear uma pós-graduação para mim. Foi essa cenoura que me fez aceitar a proposta, uma vez que o salário seria o mesmo que eu ganhava na outra empresa.

Porém, já estou percebendo que as coisas não serão tão simples como eu pensava. A empresa, de fato, está pagando cursos para alguns funcionários, mas é preciso cumprir algumas metas para obter a aprovação do custeio. Como essas metas são anuais, eu só vou saber se terei direito ao curso daqui a oito meses. E como as metas são bastante apertadas, talvez eu não consiga atingi-las neste primeiro ano.

Pensando agora com mais cuidado no que eu ouvi na entrevista, a frase 'existe a possibilidade' não implicou em promessa, embora eu houvesse entendido dessa forma, já que o entrevistador não me falou nada sobre metas. A bem da verdade, hoje, a possibilidade de que eu não consiga o pagamento do curso meparece maior. Estou em dúvida se fui enganado, ou se fui descuidado ou se fui ingênuo."


Bom, eu diria que você foi apressado. Ao ouvir o que lhe pareceu ser uma promessa, você poderia ter perguntado ao entrevistador se o pagamento do curso teria alguma condição ou um prazo de carência.

Mas em entrevistas, muita gente fica naquela dúvida se uma pergunta mais específica não vai soar ofensiva. Afinal, a entrevista está indo tão bem, o entrevistador parece tão sincero, e naquele momento parece mais razoável ao candidato acreditar no que ele pensou ter ouvido, e não no que ele realmente ouviu.

Ao nosso ouvinte, eu diria que infelizmente ele não tem base para fazer uma reclamação. E aos nosso demais ouvintes, eu ponderaria que candidatos a emprego não podem deixar pontas soltas em entrevistas, principalmente quando a ponta solta está no principal motivo para aceitar uma proposta, como aconteceu com nosso ouvinte.

Uma entrevista dura meia hora. Uma pergunta, um minuto. Mas o efeito durará meses, ou anos. É muito tempo para, como ocorreu literalmente com nosso ouvinte, deixar o dito pelo não dito.

Max Gehringer, para CBN.

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