2010-12-22

'A demissão me pegou de surpresa' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 22/12/2010, sobre o aumento repentino de salário ao se mudar de emprego.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'A demissão me pegou de surpresa'

meta tiro certeiro
"Estou num grande dilema", escreve um ouvinte. "Trabalhei numa empresa durante cinco anos e pedi a conta para aceitar uma proposta extremamente vantajosa em termos salariais. Isso aconteceu faz oito meses. A minha saída não gerou nenhum ressentimento, tanto que continuei mantendo contato com meu antigo chefe e com alguns de meus ex-colegas. Na semana passada, a minha empresa atual anunciou um programa de reestruturação. E quatro colaboradores da minha área foram dispensados. Eu incluído.

A demissão me pegou de surpresa, mas imediatamente liguei para um colega de minha antiga empresa e ele me informou que há uma vaga em aberto. O salário é quase 30% menor do que estou ganhando aqui, mas é mais ou menos o que eu ganhava antes de sair de lá. O que seria melhor eu fazer: ligar para o meu ex-chefe e pleitear essa vaga, dando um passo atrás em termos salariais, ou ficar desempregado por um tempo, até que apareça uma vaga compatível com a minha remuneração atual?"


Bom, eu já comentei em outras ocasiões que propostas para aumentar repentinamente o salário devem ser avaliadas com extremo cuidado. Ou elas vêm de empresas que, por qualquer motivo, estão com dificuldades para contratar bons funcionários, ou então vêm de empresas que precisam comprar conhecimento.

Nesse segundo caso, a empresa oferece um salário acima da média do mercado, atrai bons técnicos, suga o que os novos contratados sabem, e depois os substituem por outros funcionários a preços mais em conta. Se algo parecido ocorreu com nosso ouvinte, ele não estaria dando um passo atrás se regressasse à empresa anterior. Ele simplesmente retomaria o caminho normal da carreira. O que aconteceu foi que ele deu um súbito salto temporário a frente, mas devido a uma circunstância, e não às condições normais do mercado.

Se a minha avaliação estiver correta, muito dificilmente o nosso ouvinte encontrará outra empresa que esteja pagando mais que o mercado paga. Portanto, o mais razoável seria o nosso ouvinte fechar esse parênteses aberto a oito meses, e manter-se bem empregado numa boa empresa, aguardando as oportunidades normais que ela possa oferecer.

Para os demais ouvintes, fica novamente a dica. Qualquer proposta de mudança que supere em muito as condições normais do mercado, deve ser vista primeiro com o inevitável entusiasmo. E em seguida, com a necessária desconfiança.

Max Gehringer, para CBN.

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