Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O gerente pode perdoar os erros, mas nunca aceitar
"Tenho um caso diferente", escreve um ouvinte. "Trabalho num setor no qual, por força da rapidez com que temos que tomar certas decisões, ocorrem alguns erros. Esses erros representam prejuízo para a empresa, mas nada que possa assustar a direção. Num ano, não chega a 0,5% do faturamento.
Acontece que somos muito criticados por isso. Temos uma reunião às segundas-feiras e o gerente faz questão de gastar um tempão comentando cada erro. Elogios, nem pensar, muito embora tenhamos um índice altíssimo de acertos. Na última reunião, solicitamos ao gerente que considerasse 0,5% como um valor aceitável e perdoável, mas ele respondeu que nenhuma empresa do mundo admitiria uma coisa dessas. Pergunto se isso é verdade."
Não, não é. Existem empresas que admitem erros. Por exemplo, supermercados. Como nós mesmos podemos constatar quando vamos a um supermercado, encontramos nas prateleiras produtos que são abertos por clientes. Há também clientes que roubam uma coisinha aqui e ali. Isso representa prejuízo e reduz o lucro final do supermercado, do mesmo modo que os erros ocasionais do nosso ouvinte e seus colegas, reduz o lucro da empresa deles.
Supermercados possuem sistemas eletrônicos de vigia e têm pessoas que fazem a segurança interna. Então, numa reunião, essas pessoas são cobradas pela falta de vigilância nos casos de furtos e de produtos abertos? Talvez sim, mas não exageradamente. Os supermercados sabem que existe um pequeno percentual de gente desonesta no mundo. A questão é que para reduzir o prejuízo a zero, o supermercado teria que investir tanto em mais sistemas e mais seguranças, que no fim gastaria dez reais para economizar um real. Então, é mais razoável assumir o prejuízo pequeno.
A empresa do nosso ouvinte está assumindo a mesma coisa. Tanto que ninguém perdeu o emprego até agora. O que o gerente do nosso ouvinte está fazendo é o mesmo que o gerente do supermercado faz: jamais admitir que algo errado possa ser aceito e perpetuado. Porque aí, todo mundo iria afrouxar um pouquinho e o prejuízo certamente aumentaria com o passar do tempo. Então, como o nosso ouvinte queria que os erros fossem aceitos e perdoados, ele fica com 50% do que deseja. O gerente está perdoando os erros, mas nunca irá aceitá-los.
Max Gehringer, para CBN.
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