Imagens do site oficial da artista Tara McPherson. Dica de Empty Kingdom.
2011-01-31
Mulheres e corações faltando nas pinturas de Tara McPherson
Tara McPherson é uma pintora americana. Dentre seus trabalhos, muitas pinturas mostram pessoas, sobretudo mulheres ou garotas, com o peito "vazado", com a forma do coração faltando.
Imagens do site oficial da artista Tara McPherson. Dica de Empty Kingdom.
Imagens do site oficial da artista Tara McPherson. Dica de Empty Kingdom.
Atividades fora do horário de trabalho devem ser pagas ou compensadas - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 31/01/2011, sobre como convocações da empresa para algo fora do expediente normal devem ser remuneradas.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Atividades fora do horário de trabalho devem ser pagas ou compensadas
Na empresa em que trabalho", escreve um ouvinte, "são comuns as reuniões fora do horário de expediente. A cada mês acontecem duas ou três. A convocação é feita verbalmente pelo gerente e ele não aceita desculpas. Diz o gerente, que todo mundo deve participar porque os assuntos tratados são importantes para o nosso desempenho e o nosso crescimento profissional. De minha parte eu considero que as reuniões são válidas. Muitos problemas já foram resolvidos nelas. Eu só fico em dúvida quanto à obrigatoriedade da participação. Se fosse um treinamento, tudo bem."
Bom, vamos lá. Esse é um tema que não admite muita discussão. Uma empresa, quando convoca um empregado para esticar o expediente, e tanto faz se é para uma reunião ou para um treinamento, deve pagar as horas extras correspondentes. Existem sentenças da Justiça do Trabalho nesse sentido, e a maioria dos acordos coletivos de trabalho enfatizam essa necessidade.
Aí, vem a diferença entre convocação e convite. Uma empresa pode convidar seus empregados a participar de algum tipo de encontro fora do expediente. Pode ser uma festa, por exemplo. O empregado pode, ou não, aceitar o convite, a critério dele. Caso não aceite, ele não precisa explicar porque não aceitou e não ouvirá nenhuma recriminação pela ausência. Já no caso de uma convocação disfarçada de convite, existe algum tipo de pressão para o comparecimento e algum tipo de retaliação pelo não comparecimento. Isso é o que não pode.
Eu colocaria como exceção a essa regra, algo que seja do interesse do empregado e que tenha sido solicitado por ele mesmo. Por exemplo, um empregado quer fazer um curso de inglês. A empresa se dispõe a pagar um professor para vir à empresa. Mas pergunta se o empregado concordaria em fazer as aulas fora do horário de expediente. Nesse caso a iniciativa partiu do empregado e existe uma clara vantagem para ele, que é o pagamento do curso. Seria muita cara-de-pau ele tentar, no futuro, cobrar essas aulas como horas extras.
Portanto, exceções existem. Mas são bem poucas. Como regra geral, se a empresa impõe a extensão do horário de trabalho, mesmo que seja com a melhor das intenções, a justiça terrena ordena a compensação, ou em espécie ou através do banco de horas.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Atividades fora do horário de trabalho devem ser pagas ou compensadas
Na empresa em que trabalho", escreve um ouvinte, "são comuns as reuniões fora do horário de expediente. A cada mês acontecem duas ou três. A convocação é feita verbalmente pelo gerente e ele não aceita desculpas. Diz o gerente, que todo mundo deve participar porque os assuntos tratados são importantes para o nosso desempenho e o nosso crescimento profissional. De minha parte eu considero que as reuniões são válidas. Muitos problemas já foram resolvidos nelas. Eu só fico em dúvida quanto à obrigatoriedade da participação. Se fosse um treinamento, tudo bem."
Bom, vamos lá. Esse é um tema que não admite muita discussão. Uma empresa, quando convoca um empregado para esticar o expediente, e tanto faz se é para uma reunião ou para um treinamento, deve pagar as horas extras correspondentes. Existem sentenças da Justiça do Trabalho nesse sentido, e a maioria dos acordos coletivos de trabalho enfatizam essa necessidade.
Aí, vem a diferença entre convocação e convite. Uma empresa pode convidar seus empregados a participar de algum tipo de encontro fora do expediente. Pode ser uma festa, por exemplo. O empregado pode, ou não, aceitar o convite, a critério dele. Caso não aceite, ele não precisa explicar porque não aceitou e não ouvirá nenhuma recriminação pela ausência. Já no caso de uma convocação disfarçada de convite, existe algum tipo de pressão para o comparecimento e algum tipo de retaliação pelo não comparecimento. Isso é o que não pode.
Eu colocaria como exceção a essa regra, algo que seja do interesse do empregado e que tenha sido solicitado por ele mesmo. Por exemplo, um empregado quer fazer um curso de inglês. A empresa se dispõe a pagar um professor para vir à empresa. Mas pergunta se o empregado concordaria em fazer as aulas fora do horário de expediente. Nesse caso a iniciativa partiu do empregado e existe uma clara vantagem para ele, que é o pagamento do curso. Seria muita cara-de-pau ele tentar, no futuro, cobrar essas aulas como horas extras.
Portanto, exceções existem. Mas são bem poucas. Como regra geral, se a empresa impõe a extensão do horário de trabalho, mesmo que seja com a melhor das intenções, a justiça terrena ordena a compensação, ou em espécie ou através do banco de horas.
Max Gehringer, para CBN.
2011-01-30
Filme: Incontrolável
Um veículo desgovernado e acelerando ameaça a vida de algumas pessoas. Essa é a estrutura básica pra um sem número de filmes, muitos ruins, estilo da sessão da tarde atualmente. Exceções existem, e Incontrolável (ou, no original, Unstoppable) é uma delas.
Desta vez, a história é de um trem desgovernado e sem ninguém dentro, que carrega uma carga tóxica e, devido ao seu tamanho e carga (com muito peso), é quase impossível de ser parado. Isso não impede, entretanto, os protagonistas Frank (Denzel Washington) e Will (Chris Pine) de tentarem, sendo que eles são os únicos a terem uma real chance. Claro que a diretoria da empresa de trens não concorda, e a única aliada deles é Connie (Rosario Dawson), a gerente da estação de onde o trem desgovernado partiu.
Inspirado em fatos reais, o roteiro é simples, mas eficaz. De certa maneira, ele lembra os filmes-catástrofe de umas décadas atrás, quando a ameaça era relativamente pequena (hoje em dia, o mundo explode a cada filme) e os heróis e vilões eram bem nítidos, uma visão de mundo quase preto e branco.
Incontrolável é tecnicamente excelente. A edição com seus cortes rápidos impõe um nervosismo e uma inquietude necessária ao clima do filme, embora os cortes não sejam ridiculamente rápidos a ponto de não se poder situar cada plano. Aliás, a inserção de planos do ponto de vista de câmeras de TV, que acompanham o trem desgovernado, imprime um toque de realismo interessante, sem nunca parecer forçado. Além disso, o uso da câmera na mão, com imagens tremidas, também impõe um senso de urgência e ação ao filme.
Assim como um trem, Incontrolável começa lento e aos poucos aumentando o seu ritmo, terminando de maneira alucinante. Mesmo que saibamos o desfecho (será que alguém acredita que o trem não vai parar e pouca gente vai se machucar?), o filme consegue nos deixar ansiosos.
Boa parte do charme de Incontrolável vem da dupla de protagonistas. Tanto Washington quanto Pine fazem ótimas atuações, deixando seus personagens muito humanos, com seus dramas pessoais, frágeis diante do enorme maquinário do trem que devem parar. É aquela velha história das pessoas comuns que se vêem numa situação difícil em que podem fugir ou tentar serem heróis. Apesar de manjado, funciona.
Enfim, Incontrolável apesar de partir de um conceito simples, é um excelente filme. Com atuações excelentes e uma técnica invejável, é um daqueles filmes que, lendo só a sinopse, a gente não dá um centavo, mas depois de assistí-lo, acha ótimo.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Desta vez, a história é de um trem desgovernado e sem ninguém dentro, que carrega uma carga tóxica e, devido ao seu tamanho e carga (com muito peso), é quase impossível de ser parado. Isso não impede, entretanto, os protagonistas Frank (Denzel Washington) e Will (Chris Pine) de tentarem, sendo que eles são os únicos a terem uma real chance. Claro que a diretoria da empresa de trens não concorda, e a única aliada deles é Connie (Rosario Dawson), a gerente da estação de onde o trem desgovernado partiu.
Inspirado em fatos reais, o roteiro é simples, mas eficaz. De certa maneira, ele lembra os filmes-catástrofe de umas décadas atrás, quando a ameaça era relativamente pequena (hoje em dia, o mundo explode a cada filme) e os heróis e vilões eram bem nítidos, uma visão de mundo quase preto e branco.
Incontrolável é tecnicamente excelente. A edição com seus cortes rápidos impõe um nervosismo e uma inquietude necessária ao clima do filme, embora os cortes não sejam ridiculamente rápidos a ponto de não se poder situar cada plano. Aliás, a inserção de planos do ponto de vista de câmeras de TV, que acompanham o trem desgovernado, imprime um toque de realismo interessante, sem nunca parecer forçado. Além disso, o uso da câmera na mão, com imagens tremidas, também impõe um senso de urgência e ação ao filme.
Assim como um trem, Incontrolável começa lento e aos poucos aumentando o seu ritmo, terminando de maneira alucinante. Mesmo que saibamos o desfecho (será que alguém acredita que o trem não vai parar e pouca gente vai se machucar?), o filme consegue nos deixar ansiosos.
Boa parte do charme de Incontrolável vem da dupla de protagonistas. Tanto Washington quanto Pine fazem ótimas atuações, deixando seus personagens muito humanos, com seus dramas pessoais, frágeis diante do enorme maquinário do trem que devem parar. É aquela velha história das pessoas comuns que se vêem numa situação difícil em que podem fugir ou tentar serem heróis. Apesar de manjado, funciona.
Enfim, Incontrolável apesar de partir de um conceito simples, é um excelente filme. Com atuações excelentes e uma técnica invejável, é um daqueles filmes que, lendo só a sinopse, a gente não dá um centavo, mas depois de assistí-lo, acha ótimo.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Filme: Amor e Outras Drogas
Alguém já disse que o amor e/ou a paixão são como drogas. Viciam, mexem com as estruturas químicas do nosso corpo, e têm efeitos colaterais... É sem dúvida, uma boa metáfora ou mesmo definição para algo tão abstrato quanto esses sentimentos. Dito isso, o filme Amor e Outras Drogas (ou Love and Other Drugs tem um nome inspirado, mas que na prática, poderia ter dispensado o "outras drogas".
No filme, Jake Gyllenhaal é Jamie Randall, um vendedor nato, carismático, charmoso e sobretudo, mulherengo. Ele acaba sendo contratado como representante da indústria farmacêutica (Pfizer), o que é um nome bonito pra vendedor de remédios. Seu trabalho é convencer os médicos a receitarem os remédios da sua empresa, ao invés dos da concorrente. Ou ao invés de nada. Bem, isso não importa, pelo menos no filme. Por um encontro fortuito do destino (e envolvendo um exame de mamas), Jamie conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem artista com doença de Parkinson. Por causa da sua doença, ela não quer ter relacionamentos firmes, mas apenas sexo casual, o que combina com Jamie. E óbvio, eles vão se apaixonar e ficar juntos no final (oh! que surpresa!). Mas não antes de superarem dificuldades, como Jamie com seu trabalho (que, sem trocadilhos, sofre um impulso com a chegada de certa pílula azul), ou com Maggie aceitando que sua vida é maior que a sua doença.
Romances, pelo menos no cinema, são todos bem parecidos. A estrutura básica é a mesma, o que acaba mudando são os detalhes. Que fazem toda a diferença! (Sim, uma frase clichê.)
Amor e Outras Drogas quase acerta nos detalhes, mas fica mais no flerte do que na coisa propriamente dita. O primeiro diferencial seria, como o título expõe, a questão da indústria farmacêutica e seus métodos (nem sempre éticos) para vender os seus produtos (como em uma cena do treinamento de Jamie para o trabalho). Essa questão é abordada de leve logo no começo do filme, antes de entrar a parte romântica. A discussão é na verdade deixada de lado, em prol de momentos cômicos, como nas primeiras abordagens de Jamie aos médicos. E, apesar do roteiro querer mostrar alguma relevância sobre o assunto, como quando um médico discursa sobre os perigos de se receitarem cada vez mais antibióticos, criando assim superbactérias, no final das contas o roteiro acaba fazendo é uma apologia ao uso de todos esses medicamentos, o que fica bem claro ao mostrar o mendigo que se beneficia de certas amostras grátis de Prozac.
De fato, toda a questão da indústria farmacêutica é tão levemente abordada, que é estranho saber que o filme é baseado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman, numa tradução livre: "Duro de Vender: A Evolução de um Vendedor de Viagra". Não li o livro, mas li algumas resenhas sobre ele, e é nitidamente destoante os tons do filme com a abordagem do livro, que dizem ser de um humor cáustico e sarcástico com vários podres desse grande lobby de vendas de remédio, escrito por Jamie Reidy, um ex-vendedor da Pfizer.
Mas voltemos ao filme.
Outro detalhe que Amor e Outras Drogas apenas flerta, mas não se aprofunda em suas consequências, é em relação à doença de Maggie, a doença de Parkinson, uma doença degenerativa e que não tem cura. O verdadeiro drama desse aspecto demora para aparecer (mais para o terço final do filme), quando a trama aprofunda no drama. Entretanto, filmes de amor com um dos apaixonados doente não é novidade desde Dying Young (passando pelo mais recente Um Amor para Recordar), esse sim, feitos explorando ao máximo a coleta de lágrimas da espectadora (sim, o público alvo deles é feminino). Nesse ponto, Amor e Outras Drogas acertadamente não descamba para um drama choroso. Em compensação, também não se aprofunda na questão, ficando no clichê "jornada aos hospitais em busca de uma cura". Indústria farmacêutica, oi?
Amor e Outras Drogas, apesar de ter como assunto o boom do Viagra nos anos 90, tem pouca coisa picante. Sim, tem cenas de sexo bem feitas, com uma ótima química entre os protagonistas, mas nada visualmente ousado. Se, no entanto, não tem visual, tem boas insinuações, com ótimos diálogos e direito a um video caseiro que eles gravam (mesmo que naquela época os vídeos amadores não estivessem tão em moda quanto hoje em dia). E tem também Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal pelados no filme (o que equivale a dizer que pode ser que - e provavelmente - estavam usando tapa-sexos, pois é óbvio que não tem nú total). Mas se Hathaway não "mostra suas vergonhas", como diziam os antigos, ela também não mostra vergonha em mostrar os seios. Ponto positivo, claro!
Outro ponto positivo é a atuação e a química entre os dois protagonistas. Hathaway e Gyllenhaal fazem excelentes performances, se mostram descontraídos e até se divertindo em frente às câmeras. Entre os coadjuvantes, boas performances, com destaque para Josh Gad como Josh, irmão de Jamie e alívio cômico em cena.
Pode ser que tenha ficado na impressão de quem foi corajoso de ler até aqui, que eu achei ruim o filme dirigido por Edward Zwick. Não é o caso. Amor e Outras Drogas é apenas convencional. Um filme de romance bacana e bem feito, mas apenas convencional. O que não significa que seja ruim, ao contrário, o filme é bom, e principalmente a mulherada deve amá-lo. Enfim, Amor e Outras Drogas entrega bastante amor. Mas não é marcante (ou revolucionário) como foi o lançamento da pílula azul.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
No filme, Jake Gyllenhaal é Jamie Randall, um vendedor nato, carismático, charmoso e sobretudo, mulherengo. Ele acaba sendo contratado como representante da indústria farmacêutica (Pfizer), o que é um nome bonito pra vendedor de remédios. Seu trabalho é convencer os médicos a receitarem os remédios da sua empresa, ao invés dos da concorrente. Ou ao invés de nada. Bem, isso não importa, pelo menos no filme. Por um encontro fortuito do destino (e envolvendo um exame de mamas), Jamie conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem artista com doença de Parkinson. Por causa da sua doença, ela não quer ter relacionamentos firmes, mas apenas sexo casual, o que combina com Jamie. E óbvio, eles vão se apaixonar e ficar juntos no final (oh! que surpresa!). Mas não antes de superarem dificuldades, como Jamie com seu trabalho (que, sem trocadilhos, sofre um impulso com a chegada de certa pílula azul), ou com Maggie aceitando que sua vida é maior que a sua doença.
Romances, pelo menos no cinema, são todos bem parecidos. A estrutura básica é a mesma, o que acaba mudando são os detalhes. Que fazem toda a diferença! (Sim, uma frase clichê.)
Amor e Outras Drogas quase acerta nos detalhes, mas fica mais no flerte do que na coisa propriamente dita. O primeiro diferencial seria, como o título expõe, a questão da indústria farmacêutica e seus métodos (nem sempre éticos) para vender os seus produtos (como em uma cena do treinamento de Jamie para o trabalho). Essa questão é abordada de leve logo no começo do filme, antes de entrar a parte romântica. A discussão é na verdade deixada de lado, em prol de momentos cômicos, como nas primeiras abordagens de Jamie aos médicos. E, apesar do roteiro querer mostrar alguma relevância sobre o assunto, como quando um médico discursa sobre os perigos de se receitarem cada vez mais antibióticos, criando assim superbactérias, no final das contas o roteiro acaba fazendo é uma apologia ao uso de todos esses medicamentos, o que fica bem claro ao mostrar o mendigo que se beneficia de certas amostras grátis de Prozac.
De fato, toda a questão da indústria farmacêutica é tão levemente abordada, que é estranho saber que o filme é baseado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman, numa tradução livre: "Duro de Vender: A Evolução de um Vendedor de Viagra". Não li o livro, mas li algumas resenhas sobre ele, e é nitidamente destoante os tons do filme com a abordagem do livro, que dizem ser de um humor cáustico e sarcástico com vários podres desse grande lobby de vendas de remédio, escrito por Jamie Reidy, um ex-vendedor da Pfizer.
Mas voltemos ao filme.
Outro detalhe que Amor e Outras Drogas apenas flerta, mas não se aprofunda em suas consequências, é em relação à doença de Maggie, a doença de Parkinson, uma doença degenerativa e que não tem cura. O verdadeiro drama desse aspecto demora para aparecer (mais para o terço final do filme), quando a trama aprofunda no drama. Entretanto, filmes de amor com um dos apaixonados doente não é novidade desde Dying Young (passando pelo mais recente Um Amor para Recordar), esse sim, feitos explorando ao máximo a coleta de lágrimas da espectadora (sim, o público alvo deles é feminino). Nesse ponto, Amor e Outras Drogas acertadamente não descamba para um drama choroso. Em compensação, também não se aprofunda na questão, ficando no clichê "jornada aos hospitais em busca de uma cura". Indústria farmacêutica, oi?
Amor e Outras Drogas, apesar de ter como assunto o boom do Viagra nos anos 90, tem pouca coisa picante. Sim, tem cenas de sexo bem feitas, com uma ótima química entre os protagonistas, mas nada visualmente ousado. Se, no entanto, não tem visual, tem boas insinuações, com ótimos diálogos e direito a um video caseiro que eles gravam (mesmo que naquela época os vídeos amadores não estivessem tão em moda quanto hoje em dia). E tem também Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal pelados no filme (o que equivale a dizer que pode ser que - e provavelmente - estavam usando tapa-sexos, pois é óbvio que não tem nú total). Mas se Hathaway não "mostra suas vergonhas", como diziam os antigos, ela também não mostra vergonha em mostrar os seios. Ponto positivo, claro!
Outro ponto positivo é a atuação e a química entre os dois protagonistas. Hathaway e Gyllenhaal fazem excelentes performances, se mostram descontraídos e até se divertindo em frente às câmeras. Entre os coadjuvantes, boas performances, com destaque para Josh Gad como Josh, irmão de Jamie e alívio cômico em cena.
Pode ser que tenha ficado na impressão de quem foi corajoso de ler até aqui, que eu achei ruim o filme dirigido por Edward Zwick. Não é o caso. Amor e Outras Drogas é apenas convencional. Um filme de romance bacana e bem feito, mas apenas convencional. O que não significa que seja ruim, ao contrário, o filme é bom, e principalmente a mulherada deve amá-lo. Enfim, Amor e Outras Drogas entrega bastante amor. Mas não é marcante (ou revolucionário) como foi o lançamento da pílula azul.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Filme: Caça às Bruxas
Eu admito que sou fã do Nicolas Cage, e por isso, vou ver os filmes dele com a maior boa vontade do mundo. Mas o fato é que, apesar de ter feito muitos filmes bons, também fez muitos filmes péssimos. E Caça às Bruxas (ou Season of the Witch, no orignal) é um exemplo dessa segunda categoria: um filme que não tem razão de existir (a não ser, talvez, pagar as contas de Cage).
Nicolas Cage é Behmen, um cavaleiro das cruzadas que, junto com seu amigo Felson (Ron Perlman), deserta depois de ficar cansado de massacrar inocentes ao invadir uma cidade. Na viagem de volta para casa, acabam presos por deserção ao pararem numa cidade para conseguir suprimentos. A eles é oferecida uma chance de obterem perdão, se levarem uma garota que dizem ser uma bruxa para um distante monastério, onde seus poderes de bruxa serão retirados, e assim, a peste negra que ela invocara como praga, cessará.
Se existir alguma dúvida quanto à existência/veracidade de bruxas de verdade (as demoníacas, não as de hoje wiccas) no filme, essa dúvida é eliminada logo no início, na primeira cena, que exibe um enforcamento de bruxas, quase um século antes da linha principal de história. Cena, aliás, totalmente previsível.
Caça às Bruxas tem um roteiro confuso, que às vezes pende para o mistério, outras para o terror e outras para a ação, sem que se assuma em nenhum desses gêneros, e sem aprofundar em nenhum desses aspectos também. Por exemplo, apesar do protagonista Behmen, em quase um terço do filme, demonstrar dúvida quanto a autenticidade da bruxa (que é apenas uma garota, sem nome - interpretada por Claire Foy - e que poderia ter confessado ser bruxa vítima de tortura pela igreja), pela introdução que estampa na cara de que as bruxas são reais, essa dúvida é irrelevante para o espectador. E em termos de cenas de ação, elas também não empolgam, sendo que a melhor delas é uma cena, ainda na introdução do filme, em que são mostrados trechos de diferentes batalhas pelas quais os cruzados Behmen e Felson passaram. Clichê? Sim, mas pelo menos bem feita tecnicamente, com uma edição decente. SPOILER ATÉ O FINAL DO PARÁGRAFO! Ao contrário das cenas de ação do clímax, que são praticamente versões pioradas de cenas de filmes de exorcismo recentes, como o prequel de O Exorcista.
Talvez a única coisa que se salve do roteiro são algumas tiradas cômicas, especialmente as proferidas por Perlman. O desenvolvimento do personagem Behmen é muito ruim, sendo que a atuação preguiçosa de Cage acaba acentuando esse problema.
Se ultimamente os filmes têm apostado unicamente no visual para atrair o público, nem essa abordagem Caça às Bruxas pode seguir. A computação gráfica usada é péssima, parecendo mais apropriada para um filme de uns vinte anos atrás. E isso é visível em vários momentos, como nas cenas iniciais em que aparecem os exércitos a ponto de se enfranterem nas cruzadas, ou mesmo na cena de ação do clímax. Mas o grande problema é mesmo com relação aos cenários. É muito visível quando o filme passa de cenas gravadas em locação para as gravadas em estúdio, porque as cenas de estúdio soam muito falsas. Ou a computação gráfica aplicada era muito pobre, ou a marcenaria do cenário foi mal feita mesmo.
No final das contas, parece que Caça às Bruxas foi feito pelo diretor Dominic Sena apenas pra ganhar uns trocados, sem muito esmero. Definitivamente, um filme irrelevante.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Nicolas Cage é Behmen, um cavaleiro das cruzadas que, junto com seu amigo Felson (Ron Perlman), deserta depois de ficar cansado de massacrar inocentes ao invadir uma cidade. Na viagem de volta para casa, acabam presos por deserção ao pararem numa cidade para conseguir suprimentos. A eles é oferecida uma chance de obterem perdão, se levarem uma garota que dizem ser uma bruxa para um distante monastério, onde seus poderes de bruxa serão retirados, e assim, a peste negra que ela invocara como praga, cessará.
Se existir alguma dúvida quanto à existência/veracidade de bruxas de verdade (as demoníacas, não as de hoje wiccas) no filme, essa dúvida é eliminada logo no início, na primeira cena, que exibe um enforcamento de bruxas, quase um século antes da linha principal de história. Cena, aliás, totalmente previsível.
Caça às Bruxas tem um roteiro confuso, que às vezes pende para o mistério, outras para o terror e outras para a ação, sem que se assuma em nenhum desses gêneros, e sem aprofundar em nenhum desses aspectos também. Por exemplo, apesar do protagonista Behmen, em quase um terço do filme, demonstrar dúvida quanto a autenticidade da bruxa (que é apenas uma garota, sem nome - interpretada por Claire Foy - e que poderia ter confessado ser bruxa vítima de tortura pela igreja), pela introdução que estampa na cara de que as bruxas são reais, essa dúvida é irrelevante para o espectador. E em termos de cenas de ação, elas também não empolgam, sendo que a melhor delas é uma cena, ainda na introdução do filme, em que são mostrados trechos de diferentes batalhas pelas quais os cruzados Behmen e Felson passaram. Clichê? Sim, mas pelo menos bem feita tecnicamente, com uma edição decente. SPOILER ATÉ O FINAL DO PARÁGRAFO! Ao contrário das cenas de ação do clímax, que são praticamente versões pioradas de cenas de filmes de exorcismo recentes, como o prequel de O Exorcista.
Talvez a única coisa que se salve do roteiro são algumas tiradas cômicas, especialmente as proferidas por Perlman. O desenvolvimento do personagem Behmen é muito ruim, sendo que a atuação preguiçosa de Cage acaba acentuando esse problema.
Se ultimamente os filmes têm apostado unicamente no visual para atrair o público, nem essa abordagem Caça às Bruxas pode seguir. A computação gráfica usada é péssima, parecendo mais apropriada para um filme de uns vinte anos atrás. E isso é visível em vários momentos, como nas cenas iniciais em que aparecem os exércitos a ponto de se enfranterem nas cruzadas, ou mesmo na cena de ação do clímax. Mas o grande problema é mesmo com relação aos cenários. É muito visível quando o filme passa de cenas gravadas em locação para as gravadas em estúdio, porque as cenas de estúdio soam muito falsas. Ou a computação gráfica aplicada era muito pobre, ou a marcenaria do cenário foi mal feita mesmo.
No final das contas, parece que Caça às Bruxas foi feito pelo diretor Dominic Sena apenas pra ganhar uns trocados, sem muito esmero. Definitivamente, um filme irrelevante.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
2011-01-28
O conceito de time nas empresas - by Max Gehringer
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 28/01/2011, sobre o conceito de time.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O conceito de time nas empresas
Relembrando o conceito de time.
Muitas empresas dizem com orgulho que possuem um time forte, um time unido, um time vencedor. Isso é muito importante, mas para entender melhor o conceito de time, é preciso começar entendendo de onde veio a palavra "time". Ela existe há séculos e no extinto idioma indo-europeu, significava puxar.
Por isso, em sua origem, a palavra era aplicada apenas aos bois, que puxavam os arados. Evidentemente, para que o time de bois funcionasse bem, todos os bois tinham que puxar ao mesmo tempo, na mesma direção e com a mesma força. Naquela época, os bois que demonstravam ter mais disposição que seus companheiros, acabavam atrapalhando o time e viravam churrasco.
Foi só no século 16 que a palavra "time" começou a ser aplicada também a seres humanos que executavam um trabalho em conjunto. E bem depressa, os proprietários de times humanos perceberam que teriam que lidar com uma nova variável: o talento.
Todo time sempre tem alguém que é mais talentoso do que o resto. E, não por acaso, no século 19, os ingleses passaram a chamar as suas equipes de futebol de times. Porque os times, para serem vencedores, precisavam de jogadores esforçados e disciplinados, que garantiam os bons resultados, mas não podiam prescindir dos talentos, que corriam menos e não gostavam de receber ordens, mas podiam resolver um jogo com uma jogada criativa e inesperada. Os melhores times da história, tanto no futebol quanto nas empresas, são os que conseguiram achar um lugar para o talento, e dar a ele, ocasionalmente, a chance de brilhar sozinho.
Por isso, quando um chefe diz orgulhoso: "nós temos um time unido", é preciso saber em que século ele está pensando. Se no século 16, quando os talentos eram desprezados e todo mundo era obrigado a ser igual, ou se no século 21, quando os poucos que se destacam por seu talento são reconhecidos e incentivados.
Max Gehringer, para CBN.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O conceito de time nas empresas
Relembrando o conceito de time.
Muitas empresas dizem com orgulho que possuem um time forte, um time unido, um time vencedor. Isso é muito importante, mas para entender melhor o conceito de time, é preciso começar entendendo de onde veio a palavra "time". Ela existe há séculos e no extinto idioma indo-europeu, significava puxar.
Por isso, em sua origem, a palavra era aplicada apenas aos bois, que puxavam os arados. Evidentemente, para que o time de bois funcionasse bem, todos os bois tinham que puxar ao mesmo tempo, na mesma direção e com a mesma força. Naquela época, os bois que demonstravam ter mais disposição que seus companheiros, acabavam atrapalhando o time e viravam churrasco.
Foi só no século 16 que a palavra "time" começou a ser aplicada também a seres humanos que executavam um trabalho em conjunto. E bem depressa, os proprietários de times humanos perceberam que teriam que lidar com uma nova variável: o talento.
Todo time sempre tem alguém que é mais talentoso do que o resto. E, não por acaso, no século 19, os ingleses passaram a chamar as suas equipes de futebol de times. Porque os times, para serem vencedores, precisavam de jogadores esforçados e disciplinados, que garantiam os bons resultados, mas não podiam prescindir dos talentos, que corriam menos e não gostavam de receber ordens, mas podiam resolver um jogo com uma jogada criativa e inesperada. Os melhores times da história, tanto no futebol quanto nas empresas, são os que conseguiram achar um lugar para o talento, e dar a ele, ocasionalmente, a chance de brilhar sozinho.
Por isso, quando um chefe diz orgulhoso: "nós temos um time unido", é preciso saber em que século ele está pensando. Se no século 16, quando os talentos eram desprezados e todo mundo era obrigado a ser igual, ou se no século 21, quando os poucos que se destacam por seu talento são reconhecidos e incentivados.
Max Gehringer, para CBN.
2011-01-27
20 mulheres brincando de cosplay fantasiadas de Homem-Aranha
Mês passado postei o que considero o melhor cosplay do Homem-Aranha. No caso, era uma mulher linda fantasiada com o uniforme do Ben Reilly, o Clone Aranha.
Ainda considero aquela a melhor, mas o BuzzFeed fez uma seleção de imagens com mulheres fantasiadas com diversos uniformes do Homem-Aranha, desde o clássico (com variações), até mesmo o Venom, o uniforme negro e outros. Bem, o que importa mesmo é ver as gatinhas (ou seriam aranhinhas) exibindo todo o charme.
Na minha opinião, essas quatro primeiras são as mais lindas:
Dois clones e dois uniformes negros.
E agora, o restante das mulheres aracnídeas (e nerds, ai ai ai):
E destaque pra essas duas últimas. A primeira, por usar um uniforme erótico (talvez comprado numa sex shop?), e a segunda por: 1. estar de Mulher-Aranha, a original; 2. não ser exatamente uma fantasia, mas sim o corpo pintado.
Via BuzzFeed.
* Eu sei que colocar no título "mulheres brincado de cosplay fantasiadas" é uma redundância, mas perdoem-me por deixar o título mais atrativo para os buscadores.
Ainda considero aquela a melhor, mas o BuzzFeed fez uma seleção de imagens com mulheres fantasiadas com diversos uniformes do Homem-Aranha, desde o clássico (com variações), até mesmo o Venom, o uniforme negro e outros. Bem, o que importa mesmo é ver as gatinhas (ou seriam aranhinhas) exibindo todo o charme.
Na minha opinião, essas quatro primeiras são as mais lindas:
Dois clones e dois uniformes negros.
E agora, o restante das mulheres aracnídeas (e nerds, ai ai ai):
E destaque pra essas duas últimas. A primeira, por usar um uniforme erótico (talvez comprado numa sex shop?), e a segunda por: 1. estar de Mulher-Aranha, a original; 2. não ser exatamente uma fantasia, mas sim o corpo pintado.
Via BuzzFeed.
* Eu sei que colocar no título "mulheres brincado de cosplay fantasiadas" é uma redundância, mas perdoem-me por deixar o título mais atrativo para os buscadores.
Filme: O Turista
Existe um grupo de filmes que não deve ser levado a sério. E mesmo assim, ou talvez por isso, sejam até divertidos, mas totalmente descartáveis. Esse é o caso de O Turista (ou The Tourist, no original). Vendido como um suspense de espionagem e ação, o filme se dá bem mesmo na parte cômica.
A história de O Turista começa em Paris, onde acompanhamos uma vigia da polícia local e Interpol sobre Elise Ward, interpretada por Angelina Jolie. Apesar dela não ter cometido nenhum crime, ela é o elo de ligação para encontrar Pearce, um homem que roubou bilhões de um mafioso. O problema é que ninguém sabe como Pearce se parece, pois ele mudou o rosto após milionárias cirurgias plásticas.
Tentando enganar a Interpol, Elise pega um trem com destino a Veneza, com instruções de escolher alguém aleatoriamente no trem, com a mesma altura e composição corporal de Pearce, e fazer com que seus perseguidores achem que o escolhido é Pearce. Nessa "tarefa", ela começa a conversar com Frank Tupelo (Johnny Depp), um turista americano. O problema começa quando o mafioso e vilão do filme Reginald Shaw (Steven Berkoff) também acha que Frank é o ladrão e vai atrás dele.
O Turista tem o maior jeito de filme dos anos 80/início dos 90. As primeiras cenas, com Elise escapando da vigilância dos agentes da Interpol, lembra muito os filmes de espionagem passados na Europa naquele clima de guerra fria, com a diferença do cenário ser atualizado para o que importa hoje em dia: dinheiro e finanças. Nesse sentido, Elise se porta como uma perfeita espiã, quase uma 007 de longos e chiques vestidos.
Mas o feeling de filme antigo não fica apenas nisso. O filme parece ter sido feito numa época mais inocente, em que a dicotomia entre vilões e mocinhos era clara, mesmo em se tratando de espiões. Isso se reflete no gângster Shaw, interpretado muito caricaturalmente por Berkoff. Desde a sua primeira aparição, fica claro no filme quem é o vilão da trama. Ou ainda no figurino, quando em determinado momento, depois de uma certa "evolução" do seu personagem (evolução esta, que é praticamente esfregada na cara do espectador, simbolizada pelo acendimento de um cigarro), Depp é o único a vestir um smoking branco, primeiro num plano mais aberto, mostrando-o ainda em Veneza, e depois aparecendo num ponto crucial da trama, num salão de baile.
Apesar de eu ser fã de Depp, quem toma conta da tela é Angelina Jolie. Esse ponto, entretanto, é como uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que sua presença é marcante, a caracterização da sua personagem fica prejudicada, afinal, o que enxergamos na tela é a imagem de femme fatale de Angelina. E isso é claramente intencional, ou o diretor Florian Henckel von Donnersmarck não enfocaria o andar rebolando de Jolie em vários momentos, como no início do filme, em que até rola uma piada entre os guardas que a vigiam, se ela está usando ou não calcinha.
Se Jolie domina as suas cenas, quem melhor desenvolve seu personagem é Depp. Sua caracterização como um cara comum, meio tímido e um tanto fracote é ótima, tanto em momentos reveladores (como quando ajuda pessoas a desembarcarem do trem) quanto nos momentos de ação (como na desajeitada fuga pelo telhado). Na verdade, uma das poucas coisas que estraga a sua atuação é o roteiro, que com a reviravolta final, faz com que tudo o que acompanhamos até o momento exija uma suspensão de crença muito grande de engolir. Aliás, em se tratando de roteiro, é visível uma vez mais como o filme tem aquela aura de inocência (ou de presumir que o espectador seja pouco sofisticado), ao usar o cigarro como símbolo da evolução do personagem, enfatizando na tela cada aparição do vício tabagístico.
Mesmo que O Turista derrape feio no final, e acabe sendo bem inferior na sua segunda metade, a primeira metade do filme é ótima. As primeiras cenas de Jolie e Depp são divertidíssimas, sobretudo nos diálogos que travam no trem, como quando Elise ensina a Frank como convidar uma mulher para jantar. Vale também mencionar um plano que eu gostei muito, que se passa no hotel, quando num momento mais romântico, é mostrado Frank e Elise em cômodos separados, mas pela janela, vemos os dois ao mesmo tempo. Aliás, em termos de cenários, é notável que o filme não tenha caído naqueles "planos de agência de turismo", mostrando grandiosamente ambas as cidades, Paris e Veneza. Infelizmente, se o filme não abusa, também não usa adequadamente os cenários, e tirando-se uma ou outra sequência em que barcos são importantes, a impressão é de que qualquer cidade poderia ser o cenário do filme.
Talvez o maior defeito de O Turista seja o de não se posicionar definitivamente em um dos gêneros que ele flerta. Não é exatamente um filme de espionagem, nem de ação, nem um romance, nem uma comédia assumida. Tem todos esses elementos, em diferentes graus e em diferentes momentos, mas no geral, ele patina entre esses gêneros. Pra mim, o que mais sobressaltou foi o lado cômico, e por isso, tenha achado o filme divertido. E ele é bem divertido, desde que se abram algumas concessões no tocante à realidade. De qualquer maneira, a realidade dos filmes quase nunca é a nossa, mesmo.
P.S. A reviravolta final é de dar reviravoltas no estômago.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
A história de O Turista começa em Paris, onde acompanhamos uma vigia da polícia local e Interpol sobre Elise Ward, interpretada por Angelina Jolie. Apesar dela não ter cometido nenhum crime, ela é o elo de ligação para encontrar Pearce, um homem que roubou bilhões de um mafioso. O problema é que ninguém sabe como Pearce se parece, pois ele mudou o rosto após milionárias cirurgias plásticas.
Tentando enganar a Interpol, Elise pega um trem com destino a Veneza, com instruções de escolher alguém aleatoriamente no trem, com a mesma altura e composição corporal de Pearce, e fazer com que seus perseguidores achem que o escolhido é Pearce. Nessa "tarefa", ela começa a conversar com Frank Tupelo (Johnny Depp), um turista americano. O problema começa quando o mafioso e vilão do filme Reginald Shaw (Steven Berkoff) também acha que Frank é o ladrão e vai atrás dele.
O Turista tem o maior jeito de filme dos anos 80/início dos 90. As primeiras cenas, com Elise escapando da vigilância dos agentes da Interpol, lembra muito os filmes de espionagem passados na Europa naquele clima de guerra fria, com a diferença do cenário ser atualizado para o que importa hoje em dia: dinheiro e finanças. Nesse sentido, Elise se porta como uma perfeita espiã, quase uma 007 de longos e chiques vestidos.
Mas o feeling de filme antigo não fica apenas nisso. O filme parece ter sido feito numa época mais inocente, em que a dicotomia entre vilões e mocinhos era clara, mesmo em se tratando de espiões. Isso se reflete no gângster Shaw, interpretado muito caricaturalmente por Berkoff. Desde a sua primeira aparição, fica claro no filme quem é o vilão da trama. Ou ainda no figurino, quando em determinado momento, depois de uma certa "evolução" do seu personagem (evolução esta, que é praticamente esfregada na cara do espectador, simbolizada pelo acendimento de um cigarro), Depp é o único a vestir um smoking branco, primeiro num plano mais aberto, mostrando-o ainda em Veneza, e depois aparecendo num ponto crucial da trama, num salão de baile.
Apesar de eu ser fã de Depp, quem toma conta da tela é Angelina Jolie. Esse ponto, entretanto, é como uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que sua presença é marcante, a caracterização da sua personagem fica prejudicada, afinal, o que enxergamos na tela é a imagem de femme fatale de Angelina. E isso é claramente intencional, ou o diretor Florian Henckel von Donnersmarck não enfocaria o andar rebolando de Jolie em vários momentos, como no início do filme, em que até rola uma piada entre os guardas que a vigiam, se ela está usando ou não calcinha.
Se Jolie domina as suas cenas, quem melhor desenvolve seu personagem é Depp. Sua caracterização como um cara comum, meio tímido e um tanto fracote é ótima, tanto em momentos reveladores (como quando ajuda pessoas a desembarcarem do trem) quanto nos momentos de ação (como na desajeitada fuga pelo telhado). Na verdade, uma das poucas coisas que estraga a sua atuação é o roteiro, que com a reviravolta final, faz com que tudo o que acompanhamos até o momento exija uma suspensão de crença muito grande de engolir. Aliás, em se tratando de roteiro, é visível uma vez mais como o filme tem aquela aura de inocência (ou de presumir que o espectador seja pouco sofisticado), ao usar o cigarro como símbolo da evolução do personagem, enfatizando na tela cada aparição do vício tabagístico.
Mesmo que O Turista derrape feio no final, e acabe sendo bem inferior na sua segunda metade, a primeira metade do filme é ótima. As primeiras cenas de Jolie e Depp são divertidíssimas, sobretudo nos diálogos que travam no trem, como quando Elise ensina a Frank como convidar uma mulher para jantar. Vale também mencionar um plano que eu gostei muito, que se passa no hotel, quando num momento mais romântico, é mostrado Frank e Elise em cômodos separados, mas pela janela, vemos os dois ao mesmo tempo. Aliás, em termos de cenários, é notável que o filme não tenha caído naqueles "planos de agência de turismo", mostrando grandiosamente ambas as cidades, Paris e Veneza. Infelizmente, se o filme não abusa, também não usa adequadamente os cenários, e tirando-se uma ou outra sequência em que barcos são importantes, a impressão é de que qualquer cidade poderia ser o cenário do filme.
Talvez o maior defeito de O Turista seja o de não se posicionar definitivamente em um dos gêneros que ele flerta. Não é exatamente um filme de espionagem, nem de ação, nem um romance, nem uma comédia assumida. Tem todos esses elementos, em diferentes graus e em diferentes momentos, mas no geral, ele patina entre esses gêneros. Pra mim, o que mais sobressaltou foi o lado cômico, e por isso, tenha achado o filme divertido. E ele é bem divertido, desde que se abram algumas concessões no tocante à realidade. De qualquer maneira, a realidade dos filmes quase nunca é a nossa, mesmo.
P.S. A reviravolta final é de dar reviravoltas no estômago.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.