'Assinei contrato com uma empresa, mas fui chamado por outra' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 02/02/2011, sobre mudar de empresa antes mesmo de ser oficialmente contratado.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/===================================================================================

'Assinei contrato com uma empresa, mas fui chamado por outra'


"Eu estava participando de dois processos de seleção", escreve um ouvinte. "Do primeiro eu já tinha até desistido, porque havia feito todas as entrevistas e um mês se passou sem que eu recebesse qualquer retorno. O segundo processo foi bem mais rápido e resultou numa proposta que considerei boa. Solicitei demissão da empresa em que eu estava trabalhando e comecei a cumprir os 30 dias de aviso prévio.

Para minha surpresa, quando eu estava no décimo dia do cumprimento do aviso prévio, a primeira empresa, aquela que eu achava que não havia se interessado por mim, me chamou para conversar. E me fez uma proposta melhor do que aquela que eu havia aceitado. Bem melhor, na verdade, tanto em termos de salário quanto de expectativas futuras de carreira, por ser uma empresa maior e com ótimas referências no mercado de trabalho.

Agora, não sei o que faço. Já empenhei a minha palavra com uma empresa e teria que começar a trabalhar nela daqui a alguns dias. Se eu fizer isso, sei que vou me arrepender. Mas se eu desistir da proposta que já aceitei, para aceitar a outra, também vou me arrepender, por não ter cumprido o que prometi. Em sua opinião, qual dos dois arrependimentos seria o menos ruim?"

Seria o segundo, mas você já sabia a resposta. Há algum tempo eu comentei o caso de uma empresa que havia feito uma proposta a um profissional, que aceitou e pediu demissão da empresa em que trabalhava. Porém, antes que a contratação fosse concretizada, a empresa retirou a proposta, alegando que a matriz tinha cancelado a vaga. Naquele comentário, eu ponderei que poderia haver a obrigação moral da empresa em manter o acordo, mas não havia a obrigatoriedade legal, já que o acordo só vale após a assinatura do contrato de trabalho e do registro em carteira.

A situação do nosso ouvinte é a mesma, só que com os papéis trocados. Ele não assinou nenhum contrato, só assumiu um compromisso verbal. Moralmente, deveria cumpri-lo. Legalmente, não tem obrigação de cumpri-lo. Profissionalmente, deveria fazer o que é melhor para a própria carreira.

E para encerrar, vale lembrar que tanto empresas quanto empregados podem se precaver contra essas traições de última hora. Basta uma carta-compromisso assinada por ambas as partes no momento do acerto, e antes do pedido de demissão.

Max Gehringer, para CBN.