Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 08/11/2011, sobre como entrevistas de emprego geralmente se parecem mais com interrogatórios do que com conversas entre dois profissionais.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Por que as entrevistas parecem mais um interrogatório?
Um ouvinte levanta uma questão muito pertinente sobre entrevistas. "Tenho notado", ele escreve, "que os candidatos se sentem acuados, tentando adivinhar qual é a resposta que o entrevistador gostaria de ouvir, em vez de responder com sinceridade. Por que", ele questiona, "as entrevistas se assemelham mais a um interrogatório do que a uma conversa entre dois profissionais?"
Ótima pergunta. Num mundo perfeito, haveria um equilíbrio entre perguntas e respostas. Depois delas, o entrevistador poderia decidir se um candidato preenche as condições técnicas e pessoais que a vaga exige, e o entrevistado decidiria se aquela é a empresa em que ele deseja trabalhar.
Acontece que esse equilíbrio só poderia existir se ambos os lados estivessem em igualdades de condições, o que raramente acontece. Na maioria dos casos, o candidato precisa do emprego e não se pode dar ao luxo de dispensar uma proposta, mesmo que não tenha gostado de algumas coisas que viu ou ouviu.
Por seu lado, o entrevistador sabe que está com a faca e o queijo na mão, porque a decisão final será dele. E também porque após entrevistar centenas ou milhares de candidatos, ele ainda não se lembra de um único caso em que um candidato declinou uma oferta de emprego por outra razão que não fosse o salário oferecido.
Por tudo isso, o candidato se esforça para impressionar o entrevistador, e jamais questiona coisas que serão vitais para a sua paz de espírito. Uma pergunta óbvia seria: como a empresa lida fofocas e intrigas? Outra seria: a quem devo recorrer se eu for assediado moralmente por meu superior?
São coisas que só serão descobertas depois, quando deveriam ser resolvidas antes. Mas só tem coragem de fazer esse tipo de pergunta quem tem muita personalidade ou quem não está precisando do emprego.
Max Gehringer, para CBN.
Eu não sei porque algumas empresas fazem questão de estabelecer esse clima aterrorizante. Acho que tudo fuiria muito mais se o clima foi mais leve, mais ameno.
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