2011-12-30

Filme: Imortais

Em certa altura do filme Imortais (Immortals, no original), o protagonista e o vilão discutem acerca da imortalidade de seus nomes, de como eles serão lembrados pela História, da lembrança dos seus feitos. O que é bem irônico, uma vez que o filme é daqueles que, se não é de todo o ruim, é bem esquecível.

filme imortais cartaz poster

Imortais conta a história de Teseu (Henry Cavill), que é escolhido por Zeus (Luke Evans, que coincidentemente também foi um deus grego no outro filme de "mitologia", Fúria de Titãs), para derrotar o rei Hipérion (Mickey Rourke), que por não ter atendidas as suas preces para salvar a família de uma doença, resolve declarar guerra aos deuses e libertar os Titãs (da Grécia, não a banda). E ajudando Teseu em sua jornada, ainda temos a bela oráculo virgem (Freida Pinto) e o ladrão Stavros (Stephen Dorff).

Imortais é mais um desses filmes que vem na onda de rever (e, chorem puristas, deturpar e estraçalhar) a mitologia grega (pior ainda que Fúria de Titãs). Por isso, se você é fã de mitologia ou mesmo fã da série de livros do Percy Jackson (estes sim, recomendados para quem curte mitologia grega), finja que estamos num universo paralelo, porque toda a "releitura" da mitologia de Imortais é horrível. Tirando esse fato e ficando somente com os personagens como se eles fossem originais, bem, a história do filme continua bem fraca. Mas tem algumas boas cenas de ação.

filme imortais

Além de ter personagens rasos e unidimensionais, Imortais tem um sério problema no ritmo. Ok, algumas cenas de ação são até bem bacanas (como as batalhas no clímax, no túnel dentro do portão ou dos deuses), mas o espaço entre elas é um tanto quanto... entediante. O fato dos personagens serem unidimensionais prejudica bastante o desenvolvimento do filme, e até demora um bom tempo até que consigamos torcer pelo herói. Além disso, prepare-se para ver combates com o novo estilo predominante de Hollywood, que tem grande influência da estética de filmes chineses de kung-fu (sério, quando os deuses resolvem brigar, Zeus usa até mesmo técnicas chineses de kung-fu com corrente, algo que o Jet Li fazia muitíssimo bem). Junte-se a isso o uso constante de câmeras lentas (menos que em Sucker Punch, mas também muito menos estilosas), e temos cenas de ação boas, mas que destoam muito de qualquer coisa grega. Bem, um lado positivo das cenas é que elas não poupam violência: gargantas cortadas e bolas esmagadas estão lá.

filme imortais

Imortais, cujo cartaz engrandece o fato de ser produzido pelos mesmos produtores de 300, às vezes esquece o fato de que 300 (baseado numa HQ de Frank Miller) era mais do que cenas de ação filmadas à frente de fundo verde e homens malhados semi-nus em fantasias homoeróticas. Isso porque esses elementos estéticos estão novamente presentes. E só temos uma cena em que Freida Pinto aparece pelada pra contrabalancear. Nem pra mostrar Atena (Isabel Lucas) em trajes seminus também, ou mesmo, quem sabe, uma Afrodite... De qualquer maneira, o figurino, assim como toda a direção de arte, é um espetáculo (para o bem ou para o mal) à parte. Ou, no caso figurinos dos deuses, uma certa falta de figurino (tendo como única peça de roupa para identificar cada um deles, um elmo/capacete digno de escola de samba, além de tanguinhas genéricas).

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Com atuações medianas (destaque mesmo somente para Rourke bem a vontade como vilão novamente, e para John Hurt como o "velho" em quase uma ponta), Imortais também parece sofrer de outro mal hollywoodiano recente: a de querer, a qualquer custo, fazer novas franquias (que outro motivo para aquele final, hein, diretor Tarsem Singh?)

No final das contas, Imortais até que pode ser divertido. Basta não compará-lo à mitologia "de verdade" e se deixar levar por alguns absurdos. É o preço que se paga para ver as cenas de ação. Não espere, entretanto, lembrar de muita coisa depois de alguns dias, pois este filme não é, nem de muito longe, um daqueles que entram para a história.

Trailer:



Para saber mais: crítica no Omelete.

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