2012-01-10

'Tenho culpa se os outros não conseguem entender o que eu faço?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 10/01/2012, sobre trabalho e comunicação e o uso de jargões técnicos.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Tenho culpa se os outros não conseguem entender o que eu faço?'

jargões profissionais

"Sou técnico em mecatrônica", escreve um ouvinte. "Devido à natureza do meu trabalho, eu tenho contato com diversas áreas da empresa. Nunca ouvi qualquer queixa de meus usuários, mas faz uma semana, meu chefe me falou que alguns deles reclamaram que eu mais complico do que explico. Eu tenho culpa se essas pessoas não conseguem entender o que eu faço?"

Não, você está certo quanto à sua falta de culpa. Mas os reclamantes também estão certos quanto à complicação.

O que acontece é que quanto mais alguém entende de um determinado assunto, mais dificuldade encontra para explicá-lo a um leigo. O especialista costuma incluir em suas explicações termos que fazem parte do cotidiano dele. E por costume, ele repete esses mesmos termos quando precisa explicar algo para alguém de outro grupo.

Umas mais, outras menos, todas as áreas de uma empresa têm os seus jargões, que são óbvios para elas e incompreensíveis para as demais. Alguém de marketing, por exemplo, mencionará um broad site ou um mock up, com a maior naturalidade, como se todo mundo já nascesse sabendo o que é isso, mas irá reclamar quando um técnico em informática mencionar cluster ou backtrack com a tranquilidade de quem está pedindo um cafezinho.

Por isso, quando alguém de qualquer área precisa explicar algo para alguém de outra área, a regrinha que evita constrangimentos é essa: nunca assuma que o seu interlocutor conhece o seu trabalho.

Uma boa maneira do nosso ouvinte começar uma conversa é dizendo: "Olha, eu às vezes utilizo termos técnicos por força do hábito. Se eu fizer isso, por favor me interrompa."

Isso já deixa quem está ouvindo mais aliviado, e sem ter que precisar escolher entre fingir que está entendendo ou escapar alegando que precisa ir ao banheiro, onde por azar, talvez encontre o chefe de nosso ouvinte.

Max Gehringer, para CBN.

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