2012-02-15

'Coisa' invade o mundo corporativo - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 15/02/2012, com mais um clássico do mundo corporativo, sobre o uso desenfreado da palavra "coisa" no mundo corporativo.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/===================================================================================

'Coisa' invade o mundo corporativo

falando coisa

Se tem uma coisa que todos nós falamos centenas de vezes todos os dias, essa coisa é "a coisa". A palavra "coisa". Diz o Gênesis que no princípio, Deus criou todas as coisas, e só depois criou o homem. Portanto, tecnicamente, no princípio, o que não era gente era coisa. E isso durou até 1963, quando o poeta Vinícius de Morais elevou gente à categoria de coisa, quando cantou, no bom sentido, a Garota de Ipanema: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça".

Na vida corporativa, "a coisa" está substituindo qualquer coisa. Outro dia, eu ouvi o diálogo entre dois gerentes que foi mais ou menos assim:

- Quer saber de uma coisa? Pra mim chega.
- Eu também não gosto desse estado de coisas.
- É, parece que a coisa tá preta.
- Nem me fale, é coisa de doido.
- E digo mais: aí tem coisa.


E o pior é que um parecia estar entendendo perfeitamente o que o outro dizia. E esse é o mal da coisa. O idioma português, com seu vocabulário de 500 mil palavras, de repente parece ter encontrado um sinônimo perfeito para qualquer uma delas: a coisa.

Um catedrático ponderaria que uma comunicação verbal eficaz depende da espontaneidade, da técnica e do vocabulário. E um outro diria: "Concordo com essas coisas aí que o colega falou". E todo mundo entenderia melhor o que o segundo disse, além de achar que o catedrático estava tentando complicar as coisas.

De minha parte, sempre defendi o uso do português correto nas empresas. E por princípio, acredito que o segredo do sucesso profissional depende do entendimento da essência da filosofia corporativa, que está baseada em três pilares, que são:

Primeiro: entender como a coisa funciona.

Segundo: fazer a coisa bem feita.

E terceiro: falar coisa com coisa.

Max Gehringer, para CBN.

Nenhum comentário:

Postar um comentário