Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O problema da superqualificação
Muitos jovens estão a procura de sua primeira oportunidade no mercado de trabalho. Nem todos vão conseguir a vaga com a qual sonhavam, numa empresa grande e cheia de grandes promessas. E os poucos que conseguirem, logo descobrirão o significado de uma palavrinha estranha: superqualificação.
Como existem muitos candidatos para poucas vagas, as grandes empresas estão exigindo uma porção de coisas que não são necessárias para o desempenho da função. Esse foi o caso da Fabiana.
Depois de passar por várias entrevistas, duas dinâmicas de grupo e uma avaliação psicológica, ela finalmente foi admitida por uma grande corporação.
A função da Fabiana era a de Assistente de Gestão de Atendimento Interno. E a tarefa mais relevante que deram a ela foi a de tirar cópias. Depois de alguns dias, a Fabiana já estava pirando.
Ela tinha sido admitida por ter profundos conhecimentos de informática. Por isso, ela propôs digitalizar documentos, ao invés de copiá-los. A empresa não aceitou.
A Fabiana foi admitida porque era criativa e logo preparou um projeto para reduzir o número de cópias pela metade. A empresa nem leu o projeto.
A Fabiana foi admitida porque tinha espírito de liderança, mas ela não tem nenhum subordinado.
A Fabiana foi admitida porque fala inglês fluentemente, mas só se comunica em português.
A Fabiana foi admitida porque tinha ambição e potencial. Depois de passar um mês só tirando cópias, ela disse para o gerente que aquele serviço estava muito abaixo de suas ambições e de suas potencialidades. E foi advertida por ter reclamado.
Superqualificação é isso. Sem ela, a Fabiana não teria sido admitida. E agora, por causa dela, corre o risco de ser demitida.
Max Gehringer, para CBN.
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