2009-11-25

Empresa proíbe, mas funcionário prefere o apelido ao nome - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 24/11/2009, ainda sobre apelidos e como empresas podem ser burras.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Empresa proíbe, mas funcionário prefere o apelido ao nome

o menino marrom
Meu comentário da semana passada, sobre o apelido dado pelos colegas de trabalho a um ouvinte que tem um traseiro protuberante, provocou uma razoável quantidade de mensagens. Todas pedindo que eu revelasse o apelido, na base do "só entre nós dois", o que eu não posso fazer, em respeito à solicitação expressa do ouvinte.

O mais engraçado, porém, é que a maioria dos ouvintes que escreveram, tentou adivinhar o apelido, o que fez aumentar mais ainda a minha estima pela criatividade e pelo bom-humor brasileiros. Mesmo quando isso não adiciona um centavo ao faturamento.

Mas há uma mensagem que me interessou bastante. Ela veio de um ouvinte que trabalha em uma multinacional cheia de normas. Ele escreveu o seguinte:

"Você disse que nunca tinha visto uma empresa proibir formalmente o uso de apelidos. Bom, a minha proibiu. Um comunicado do setor de recursos humanos proibiu quatro apelidos que foram considerados ofensivos e depreciativos. Dentre eles, o meu.

Meu apelido é Marrom. Segundo diz o comunicado da empresa, esse apelido é racista. Acontece que esse foi um apelido carinhoso que minha mãe me deu. Eu o considero simpático e sonoro. E ele nunca me atrapalhou em nada, muito pelo contrário. Meu nome de batismo é Mariovaldo, uma corruptela dos nomes de meus pais, Mariana e Ariovaldo. Com o perdão de todos os Mariovaldos que ouvem a CBN, eu prefiro mil vezes Marrom.

A cantora Alcione também tem o apelido de Marrom. Assim como ela, eu tenho orgulho da cor da minha pele, e não preciso que alguém me defenda de algo que não considero uma ameaça ou um desprestígio."


Bom, o nosso ouvinte Marrom disse que não haveria problema algum em eu revelar o nome dele. Porque isso certamente fará com que o caso seja comentado novamente na empresa, e o Marrom está disposto a explicar, para quem quiser ouvir, que ele prefere manter o apelido.

Mas eu acredito que a história do Marrom poderá servir como exemplo ampliado para outras empresas, em casos que nada tenham a ver com apelidos. Quando uma empresa proíbe por proibir, e a proibição não irá beneficiar em nada quem supostamente seria beneficiado, seja uma pessoa ou um grupo de funcionários, a conclusão é que a preocupação saudável e o bom-senso nem sempre caminham de mãos dadas.

Max Gehringer, para CBN.

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