Nem só de blockbusters vive alguém que curte cinema. Depois de assistir o novo filme do Wolverine, ontem mesmo fui assistir ao premiado filme francês Entre os Muros da Escola (ou no original: Entre les murs).
Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2008 (e indicado ao Oscar 2009 de melhor filme estrangeiro), Entre os Muros da Escola me surpreendeu. O filme, como o nome diz, se passa dentro de uma escola, em uma periferia de Paris, onde acompanhamos o professor de francês e literatura François em suas aulas para uma classe de adolescentes, por um ano letivo.
O filme foi baseado em um livro auto-biográfico de François Bégaudeau, que interpreta a si mesmo no filme. Aliás, todos os alunos são atores não profissionais, cujos personagens têm o mesmo nome que eles, fazendo do filme mais interessante ainda: onde está a linha entre obra e realidade?
Entre os Muros da Escola não segue uma trama principal. São simplesmente os pequenos dramas cotidianos de uma sala de aula com adolescentes em ebulição, realçados pela situação francesa em relação aos imigrantes: na sala de aula, temos alunos de origem africana, chinesa, árabe e locais. Mas tirando os dramas pessoais de cada um dos alunos, não espere que a classe seja dramática: lembre-se que estamos falando de adolescentes, inquietos, rebeldes, barulhentos, muitos sem noção de limite, desafiando adultos, achando que sempre têm razão... Enfim, adolescentes são adolescentes aqui ou na França. ;)
A maior parte das cenas se divide entre uma calmaria em que parece que o silêncio é insuportável (como na vida real) e uma algazarra que parece não ter fim, devido aos barulhentos adolescentes. Tudo costurado por diálogos verossímeis, que mostram uma tentativa ingênua de aproximação do professor com seus alunos, ao mesmo tempo em que não deixa de mostrar a hierarquia dominante.
Enfim, Entre os Muros da Escola mostra situações e eventos que a maioria dos espectadores, se ainda se lembrar da fase dos bancos escolares, irá conseguir identificar em alguma parte do seu passado, em si mesmo. Eu adorei o filme, mas não é um filme que irá agradar a todos, especialmente pelo seu ritmo sem pressa (mas não vagaroso).
Mas sem dúvida, se você: gostar de cinema fora do circuito hollywoodiano, ou gostar de conhecer um pouco mais da França contemporânea, ou simplesmente gostar de um bom filme, não deve se arrepender de assistir Entre os Muros da Escola. E que deixem as consequências das coisas entre os muros, vazarem para o mundo exterior.
Trailer:
Para saber mais: crítica do Omelete.
5 comentários:
Não lembro se eu vi o trailler ou só o cartaz do filme, quando fui assistir "Valsa com Bashir". Aqui em Sampa é bem fácil ter contato com os filmes fora do circuito hollywoodiano, é só entrar no circuito cult [Reserva Cultural, HSBC Belas Artes, enfim...]
Quero assistir. Ah, tem tanta coisa que eu gostaria de ver, que três anos não serão suficientes...
Eu espero é que no céu ou no inferno tenha conexão banda larga pra eu baixar os torrents, hauhauhau.
estou sem criatividade para bolar um comentário bacana.
Somos dois.
O filme é uma tremenda peça, pois instiga de uma maneira muito interessante. No fundo, enquanto parece uma trama simples ela é carregada de força. Ao término do filme, resta-nos somente a sensação de "que raiva". Você tem raiva dos professores, dos alunos, da hipocrisia, da alienação e do descaso. E essa raiva impera por todo o filme de uma maneira muito subjetiva. É um filme, ao meu ver, feito para causar desconforto, mas, em contraste com "Violência Gratuita", constrói-se numa forma inteiramente despercebida. A sensação provocada demanda a reflexão não somente quanto à educação, mas também quanto às nossas atitudes em nosso cotidiano.
Vale a pena ver.
Profitez le film!
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