Mais uma transcrição dos comentários do Max Gehringer para a CBN, do dia 27/08/2008.
Áudio original disponível no site da CBN.
Jovens: muita ambição e pouca determinação?
Diz um sábio ouvinte: "Há 30 anos faço recrutamento para grandes empresas. E tenho ouvido cada vez mais queixas de que estamos recrutando os candidatos errados, principalmente na faixa jovem. Segundo as empresas, os jovens mostram muita ambição e pouca determinação. Gostaria que você falasse sobre isso."
Bom, essa é a chamada geração Y. A definição é americana, e pode ser mais ou menos adaptada às condições brasileiras. São jovens de classe média, com boa formação escolar e que cresceram num mundo tecnológico. Muitos ganharam o primeiro celular antes de entrar na adolescência. Muitos são filhos de pais separados. Muitos só começam a procurar emprego depois de terminar a faculdade.
E a relativa liberdade de expressão que tiveram em casa, faz com que esses jovens fiquem frustrados quando começam a trabalhar em empresas tradicionais, de hierarquia rígida, como ainda é o caso da maioria das empresas brasileiras. E aí, começam as acusações.
Primeira: eles não gostam de trabalhar. Não. Eles não gostam de tarefas rotineiras, cuja aplicação prática não é bem explicada.
Segunda: eles reclamam de tudo. Não. Eles são contestadores, porque foram educados num ambiente que lhes permitiu argumentar com os pais.
Terceira: eles são impacientes. Sim. Eles buscam reconhecimento imediato e ascensão rápida.
Quarta: eles não têm compromisso com a empresa. Sim. Eles têm compromisso consigo mesmo e com a própria carreira. Por isso, mudar de emprego é natural.
Quinta: eles falam demais. Sim e não. Eles querem ser ouvidos, e são raríssimas as empresas que têm canais de comunicação que permitam que a opinião de um jovem assistente chegue aos ouvidos do presidente.
A expressão geração Y surgiu quando esses jovens deixaram de consumir as marcas que seus pais consumiam, e as empresas tiveram que mudar o seu marketing para se adaptar à nova realidade. Essa mesma realidade está, agora, chegando ao mercado de trabalho. Se esses jovens irão se adaptar às empresas, ou as empresas a eles, o tempo dirá.
Eu aposto nos jovens.
Max Gehringer, para CBN.
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