Miragem
Sopra cada vez mais forte, o vento,
Levantando a areia grão a grão.
Brisa, vento, ventania, tormento,
A areia machuca e confunde a visão.
O vento parece soprar determinado,
Rodopiando e levantando a areia.
Uma coluna de areia, como tornado,
Se levanta gloriosa e cheia.
Miragem, minha própria ilusão.
Miragem, minha perdição.
No meio da tempestade, uma forma,
Que ganha aos poucos mais definição.
Imagem que tira meu fôlego e o toma,
Que me arrebata e domina o coração.
Uma forma de mulher bela e formosa,
Que andando, sai da coluna de areia.
Sua face é angelicamente gloriosa,
Suas curvas e voz, como de sereia.
Miragem, minha própria ilusão.
Miragem, minha perdição.
Seu cabelo é vermelho fogo ardente,
Seus olhos castanho-amendoados.
Seus lábios são como brasa quente,
Seu sorriso é belo e abençoado.
Suas mãos são finas e delicadas,
Sua pele é macia como uma pluma.
Suas pernas perfeitamente torneadas,
Seus gestos felinos como um puma.
Miragem, minha própria ilusão.
Miragem, minha perdição.
Enxergo e escuto-a perfeitamente,
Apesar da tempestade não parar.
Estou atônito, é tão surpreendente,
Que penso no céu, paraíso, eu estar.
Ela vem caminhando em minha direção,
E passo a passo eu também caminho.
Quando nos encontramos, perdição,
Ela some e novamente estou sozinho.
Miragem, minha própria ilusão.
Miragem, minha perdição.
Neste instante, pára também o vento,
E a areia começa a cair no chão.
Ela se dissolveu neste momento,
Como se fosse de areia, de grãos.
Deserto, areia, vento, e calor,
Tudo contribui para a miragem.
Mas aquela visão é meu único amor,
Por isso me perdi nesta viagem.
Miragem, minha própria ilusão.
Miragem, minha perdição.
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