2013-02-05

'Detesto meu emprego, mas gosto do salário' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 05/02/2013, sobre felicidade, dinheiro e trabalho.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Detesto meu emprego, mas gosto do salário'

infeliz no trabalho

"Eu detesto o meu emprego", um ouvinte escreve, "mas gosto do meu salário. Ganho bem, acima do que conseguiria fazendo a mesma coisa em outra empresa. E sei também que se tentasse mudar de atividade, não ganharia nem metade do que ganho. Por isso me tornei um infeliz contente. A minha única alegria é ver o crédito do salário na minha conta no fim do mês. De resto, passo os dias me perguntando se estou sendo ingrato com o que a vida profissional me dá."

Vamos lá. Os americanos, que inventam expressões para tudo, chamam o que você está sentindo de "miséria confortável". Mas eu gostei mais do seu "infeliz contente", uma expressão que tem a cara do Brasil.

A essa altura, muitos ouvintes devem estar murmurando: "Esse infeliz aí podia trocar de emprego comigo". Mas permita-me ir por outro caminho. Trabalhar é uma necessidade e não uma opção de vida. Do ponto de vista da felicidade, é insano passar de oito a dez horas por dia em uma empresa e mais um par de horas no trânsito. E nós dedicamos a essa rotina diária os melhores anos da nossa existência, aqueles em que estamos plenos de saúde e vitalidade. O trabalho, portanto, é um fardo, que só suportamos não pelo que ele é, mas pelo que ele pode nos proporcionar.

O nosso ouvinte já tem um bom salário, que é o maior atrativo para os trabalhadores. Falta a ele buscar opções fora do trabalho para se sentir realizado. Por exemplo, colaborar com uma ONG, criar um blog, ter um hobby, ler, viajar.

Embora há 3 mil anos não existissem ONGs, blogs e hobbies, já existiam os infelizes contentes. E o Velho Testamento dava a eles a receita que o nosso ouvinte está precisando: Trabalhar é como perseguir o vento. Só é feliz quem consegue desfrutar dos frutos do seu trabalho.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

É uma situação complicada, eu vivo dizendo que procuro uma realização profissional. Foi até bom ler uma opinião que teoricamente não existe esse "prazer" em trabalhar, embora eu reconheça que existe pessoas que trabalham muito felizes, porque trabalham fazendo o que gostam.