Mostrando postagens com marcador jornalismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jornalismo. Mostrar todas as postagens

2017-05-18

'Como um jornalista consegue emprego?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 18/05/2017, sobre a profissão de jornalismo.

Áudio original disponível no site da CBN. E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/==========================================================================

'Como um jornalista consegue emprego?'

profissão jornalista

Um ouvinte escreve: "Sou formado em jornalismo e pergunto: como jornalista consegue emprego?"

De três maneiras. Na mídia tradicional, somente através de indicações diretas, e isso quando há uma vaga, o que está cada vez mais raro.

A segunda opção é a mídia digital, que vai gradativamente substituindo o formato analógico de jornais e revistas. Muitos jornalistas já migraram para ela como blogueiros, colaboradores de sites ou donos de um site de informações. E nesse caso, a remuneração viria da propaganda, cujo valor depende do número de visitantes que o site conseguir atrair.

A terceira opção é a da representação de profissionais. O jornalista consegue um grupo de clientes, normalmente gestores de empresas, consultores ou professores, e se encarrega de divulgá-los enviando notícias aos órgãos de mídia sempre que surge um assunto pertinente a um dos clientes e oferecendo-o como fonte de informação e de opinião. Mesmo estando em cidades pequenas, é possível fazer isso, porque as entrevistas são por meio digital.

A vantagem dos profissionais que pagam por esse serviço é a visibilidade que eles conseguem. Já o jornalista cobra uma taxa mensal acessível, mas o campo é bem vasto: qualquer professor ou gerente de empresa pode ser um cliente e uma carteira de cinquenta profissionais já permitiria uma remuneração decente.

Resumindo: profissões não acabam, elas apenas se transformam e se adaptam. Até o século passado, o jornalista foi um empregado. Neste século, é um empreendedor.

Max Gehringer, para CBN.

2013-06-11

'Não encontro vagas em corporações empresariais' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 11/06/2013, com um ouvinte que fez um MBA especializado em comunicação empresarial e está com dificuldade de achar um emprego nesta área específica.

Áudio original disponível no site da CBN. E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/===================================================================================

'Não encontro vagas em corporações empresariais'

comunicação empresarial

Um ouvinte escreve: "Tenho 24 anos, me formei em jornalismo e em seguida conclui um MBA em comunicação empresarial, porque o meu sonho sempre foi o de trabalhar em uma corporação privada. Mas as coisas estão bem mais difíceis do que eu imaginava. Não apenas não consegui agendar uma única entrevista até agora, como tenho procurado, em jornais e na internet, anúncios de vagas antigas ou recentes, para essa área de comunicação empresarial. E não encontrei nenhum. A minha pergunta é: essa área existe?"

Sim, ela existe. E a sua finalidade é cuidar do relacionamento da empresa com a imprensa e de todo o processo de comunicações internas. Mas tudo isso você ouviu no MBA que concluiu. Sua dúvida, certamente, está mais relacionada com a obtenção de um emprego na área, do que com a confirmação da existência dela.

E a explicação é a seguinte: profissionais que atuam nesta área fazem um MBA depois que já estão nela, para se aperfeiçoar. E não antes de ingressar nela. Um MBA é, por definição, um tipo de curso no qual, além da teoria apresentada em aula, há uma saudável troca de experiência entre os participantes. Por isso, engatar um MBA tão específico após uma graduação, não é a melhor maneira de aproveitar o investimento feito no curso.

A minha sugestão é que você tente uma vaga na área administrativa de uma corporação. Qualquer vaga, em qualquer setor. Dependendo de seus resultados e de seu relacionamento, você poderá se candidatar a vagas em processos internos, uma possibilidade que toda corporação oferece. E uma dessas vagas pode surgir na área de comunicação empresarial. Talvez demore um pouco, mas ainda será mais fácil do que continuar procurando uma vaga tão específica, muito desejada e pouco oferecida, como você mesmo já constatou.

Max Gehringer, para CBN.

2011-05-03

'Diretor pediu para eu criar um jornal para acabar com as fofocas' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 03/05/2011, sobre jornais internos para acabar com a fofoca dentro da empresa.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/===================================================================================

'Diretor pediu para eu criar um jornal para acabar com as fofocas'

fofoca no trabalho
Escreve uma ouvinte assustada: "Levei um susto quando ouvi uma resposta que você deu a uma jornalista que se diz obrigada a mentir no jornal interno da empresa dela. Acontece que eu sou gerente de recursos humanos de uma empresa na qual existe muito diz-que-diz. E o nosso diretor sugeriu numa reunião que eu pensasse num jornal interno, que pudesse funcionar como contraponto a rádio-peão. Na hora, achei a ideia ótima, mas depois de ouvir a sua resposta, fiquei em dúvida: será que estarei indo pelo mesmo caminho da jornalista frustrada por não poder dizer a verdade?"

Não, não estará. Uma coisa é mentir, outra coisa é informar.

Empresas cheias de diz-que-diz são assim porque é da natureza do empregado querer saber o que está acontecendo. E quando a diretoria da empresa não se manifesta, sempre surgem os intérpretes informais para suprir essa lacuna de informação.

Eu não creio, entretanto, que um jornal interno irá resolver a situação, por uma simples questão de tempo. O rumor é sempre mais rápido. Se começar a circular algum boato infundado pelos corredores, você terá que escrever um texto, editá-lo, mandar para a gráfica e aguardar a impressão. Isso demora uma semana, se todo o processo for muito eficiente. Só que em uma semana já terão surgido mais meia dúzia de boatos, e o jornal estará sempre atrasado em relação aos fatos.

A solução mais prática seriam os quadros de aviso, colocados em locais estratégicos, como por exemplo, próximo às portas dos banheiros.

Se a diretoria concordar, você pode começar hoje mesmo. Porém, se você escrever a verdade em resposta a um boato, e a diretoria achar que talvez a verdade possa ser dita de outra maneira, digamos, mais criativa, aí sim, você terá o mesmo problema da jornalista. Mas pelo menos, você economizará o custo de produzir um jornal.

2011-04-29

'Sou obrigada a divulgar mentiras no jornal interno da empresa' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 29/04/2011, sobre uma ouvinte jornalista que trabalha no jornal interno da empresa que divulga falsas notícias.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

/===================================================================================

'Sou obrigada a divulgar mentiras no jornal interno da empresa'

jornal interno
"Sou formada em jornalismo", escreve uma ouvinte, "e depois de muito batalhar por uma colocação, consegui uma vaga no setor de comunicação de uma empresa. Sou responsável pelo jornal interno, que é distribuido a todos os funcionários ou é acessado pela Intranet.

Só que eu não decido o que é publicado. As notícias me chegam prontas e eu apenas tenho que acertar o estilo e a gramática. Meu problema é que a maioria dessas notícias não condiz com a realidade da empresa. Só para dar um exemplo, eu sei que o ambiente de trabalho não é bom e todo mundo reclama, mas tenho que escrever que ele é maravilhoso. Sinto-me muito mal fazendo isso. Eu me formei para dizer a verdade, não para mentir. Como posso convencer a empresa a mudar de postura?"


Bom, o seu caso é um exemplo da diferença entre o que um funcionário recém contratado espera de uma empresa e o que ele de fato encontra. Em alguns casos, como no seu, a frustração inicial é bem grande.

Eu imagino que você não queira fazer o óbvio, que seria pedir a conta. Eu lhe diria também, com alta dose de certeza, de que a sua empresa não irá mudar a linha de comunicação adotada. Claramente, o objetivo do jornal da empresa é fazer propaganda dela, e não jornalismo imparcial.

O que eu lhe sugiro é propor artigos que enfatizem as coisas boas que a empresa oferece, porque não acredito que tudo o que ela oferece seja ruim. Ao fazer isso, você irá ganhar a confiança das pessoas que hoje redigem os textos, e aos poucos você irá conseguindo mais autonomia.

No seu caso, como no caso de muitos ouvintes que trombam com a realidade, é preciso mostrar paciência e habilidade política, duas coisas que os jovens profissionais abominam, com toda razão. Mas essa é uma daquelas leis cruéis do mercado de trabalho: nem sempre a decisão está nas mãos de quem tem razão.

Max Gehringer, para CBN.

2009-06-22

Vale a pena continuar com o curso de jornalismo - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 22/06/2009, sobre a decisão do STF de não exigir mais diploma para a profissão de jornalista, e se vale a pena alguém continuar o curso de jornalismo. Em homenagem a nossa amiga Ana P., futura jornalista diplomada, que já disse que não vai largar o curso.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

/**********************************************************************************

Vale a pena continuar com o curso de jornalismo

jornalista
"Sou professor de uma faculdade de jornalismo", escreve um ouvinte. "Você deve ter imaginado o pesadelo que foi para mim e para os outros professores, ter que encarar a primeira aula após a decisão do STF de que jornalista não precisa mais ser diplomado. Eu nem bem botei o pé na classe e meus alunos já me perguntaram se valia a pena continuar com o curso, uma vez que, de repente, passamos a ter 100 milhões de potenciais jornalistas no Brasil."

Sim, vale a pena continuar com o curso. E vou enumerar alguns motivos.

Primeiro, no Brasil existem 100 milhões de potenciais administradores de empresas. Não há nenhuma lei que obrigue uma empresa a contratar um profissional diplomado em administração para uma vaga administrativa. Mas as empresas, por decisão delas, exigem o diploma. A mesma coisa irá acontecer com os jornalistas. Conversei com algumas figuras do ramo e o diploma de jornalismo continuará a ser exigido nas contratações.

Outro ponto vital: jornalista precisa saber escrever. Não somente com estilo, mas principalmente com correção. Atualmente, raros são os cursos superiores que têm a preocupação de não permitir que seus formandos saiam pelo mercado de trabalho trucidando o português. E o jornalismo é o principal deles. Portanto, para quem quiser ser jornalista, o diploma continuará valendo o que sempre valeu.

Eu acredito que ainda haverá desdobramentos em relação à decisão do STF, com passeatas, pressões de entidades de classe e ações de congressistas. Mas eu gostaria de chamar a atenção para um detalhe: jornalismo é uma das profissões mais saturadas do mercado. As poucas vagas que aparecem são preenchidas por indicações de outros jornalistas.

Não é difícil prever que os jovens que se formarem em jornalismo a partir de agora, irão atribuir à decisão do STF, o fato de não conseguirem um emprego na área. Isso poderá ser até um auto-consolo, mas não será verdade. Ser formando em uma faculdade de jornalismo de renome, continuará pesando muito. E conhecer um jornalista que possa fazer uma indicação, mais ainda.

Max Gehringer, para CBN.