Mais um texto da série "textos enormes em que eu só falo da minha vida e que teoricamente ninguém teria interesse em ler". Por isso, se continuarem a ler, não reclamem e estejam avisados.
Escrevi esse texto ontem, e fiquei em dúvida se postaria ou não, por ele ser muito pessoal, mais do que a imensa maioria que eu posto. Mas, ah!, que se dane...
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"Incrível como um pequeno gesto pode deixar o dia pior. Ou melhor. Ou os dois ao mesmo tempo..."
É com essa sentença, que enviei ao twitter, que começo esse texto. Porque se não foi esse gesto que começou a história, pelo menos ele foi o que motivou a sua escrita.
Como começam os episódios dos meus seriados favoritos, anteriormente em... No caso, na minha vida:
Me apaixonei. A segunda vez na minha vida.
Foi a primeira vez que eu cheguei a dizer a ela, mesmo que de maneira meio torta - por email, não explicitamente, mas ela entendeu.
E educadamente disse NÃO.
Mas... eu vejo ela praticamente todo dia. No trabalho.
E isso dificulta as coisas um bocado. Principalmente quando você só quer esquecer dela, esquecer que um dia já sentiu alguma coisa, porque agora, tudo o que você sente é o seu peito sendo esmagado, a náusea corroendo o seu interior e as lágrimas escorrendo quando menos espera. Enfim, você sente miserável.
Diferentes pessoas lidam de jeitos diferentes com a tristeza. Algumas se entopem de chocolate, outras choram emotiva e exaustivamente num ombro amigo ou não, e outros guardam toda a mágoa dentro de si. Eu sou desse último tipo. Mas quando a tristeza é muito grande, não dá pra mantê-la presa. Em mim, ela extravaza como mau humor, sarcasmo e sobretudo, raiva, muita raiva. De nada em específico, mas ao mesmo tempo de tudo.
Tento não descontar essa raiva em outras pessoas que não têm nada a ver com a história, mas não dá pra não deixar transparecer. Agora, quanto a ela... Eu até queria ser nobre e dizer que mesmo rejeitado, só o que sobra é o amor. Mas isso não é verdade. Eu ainda a amo. Mas ao mesmo tempo, não consigo deixar de sentir raiva. Meu lado racional fica buzinando na minha orelha, que ela não tem culpa, e eu sei disso, mas não dá pra não deixar de sentir mágoa, raiva. Pois é, apesar de tudo, ainda sou humano.
Até hoje, nunca tinha entendido, de verdade, como é que as pessoas podiam dizer que amor e ódio são dois lados da mesma moeda. Mais uma vez, meu lado racional entendia perfeitamente o conceito, identificava quando o ódio surgia onde antes supostamente havia apenas amor, etc. Mas era inconcebível que um dia eu viesse a sentir a mesma coisa. Era. Hoje eu sei e sinto.
Entretanto, como disse, eu ainda gosto dela. Mas ao mesmo tempo sinto essa raiva que vem direto da dor. Talvez hajam pessoas que consigam conciliar isso de maneira nobre, ou pelo menos melhor do que eu, porque a única saída que encontrei foi de começar a ignorá-la. Infantil, eu sei, mas eu nunca disse que sou muito maduro.
Por ignorá-la, eu quero dizer que evito estar presente quando ela chega ou vai embora, dando os costumeiros cumprimentos, como "bom dia" ou "bom almoço". É, às vezes, eu literalmente fujo da sala. Também não converso mais com ela, e quando tem algum grupinho conversando, se ela estiver lá, eu não chego perto, ou se eu estiver num desses grupos e ela chegar, procuro sair logo. Passo boa parte do tempo com fones de ouvido, pra poder ignorar ou fingir ignorar caso ela solte algum comentário. E quanto a "questões trabalhistas", sou o mais breve e seco possível.
Mas, acima de tudo, evito contato com os olhos dela. Quando ela passa, fixo os olhos no monitor. Se ela está conversando com alguém e eu tiver que passar do lado, foco o olhos em outra coisa. Em reuniões, desvio o olhar sempre. Antes era diferente, especialmente em reuniões. Sabe quando você vê ou ouve algo, e imediatamente olha pra uma pessoa, porque sabe que ela pensou a mesma coisa que você? Uma intimidade, mesmo sem intimidades? Era isso o que acontecia. Hoje não mais. Às vezes percebo ela procurando esse olhar de confirmação, mas hoje eu sempre desvio os olhos.
Admito que faço isso esperando que ela passe a me ignorar completamente, como se eu não existisse, nem nunca tivesse existido. (O que é bem próximo do como eu me sinto.) E até mais, eu espero até que ela crie antipatia, ódio por mim. Porque isso seria mais fácil de digerir do que aquela conversa de "amigo" ou "pessoa especial". E eu achava que estava conseguindo isso, até hoje...
Sexta-feira 12, dia dos namorados, a empresa enforcou (dia 11 era feriado), mas nós temos que fazer algumas horas extra para compensar o dia não trabalhado. Então, a maioria das pessoas acaba ficando algum tempo a mais na empresa, e vão aos poucos, saindo (como não tem obrigação de fazer essas horas todo dia, as pessoas vão embora quase que aleatoriamente). Hoje só sobraram por últimos na sala, eu e ela, depois do expediente normal. Eu estava, como de hábito (novo), com meus fones de ouvido, e não notei quando ela se preparava para ir embora, e portanto, não consegui "fugir" da sala. Mas nem foi preciso, ela passou direto, com cara de poucos amigos, sem cumprimentar, sem se despedir, nem olhar em direção a minha mesa. Nessa hora pensei comigo mesmo, "consegui que ela me odiasse". Senti um misto de tristeza e alívio de dever cumprido.
Mas eis que não dá um minuto, e vejo ela voltando à sala. Continuo com os olhos no monitor, fones no ouvido. Ela passa por mim e vai até a mesa dela no canto. E na volta, indo embora, achei que iria acontecer a mesma coisa que antes, ela passando batido. Mas pra minha surpresa, não foi o que aconteceu. Dessa vez, ela se aproxima da minha mesa, e com uma expressão que eu achei sofrida, no sentido de triste, diz "Tchau, Emilio". Aquilo me pegou totalmente de surpresa. Mal consegui balbuciar o "tchau" de volta.
Tenho que admitir que aquela cena mexeu comigo. A expressão sofrida, a voz cansada, e um simples tchau dirigido a mim...
Fiquei pensando no que aquilo significava. Ou o que significaria. Será que ela estaria triste ou chateada por eu estar ignorando ela? E se ela estivesse mesmo triste, é porque de alguma forma, ela gostava de mim?
Não necessariamente.
O que se passou não diz nada disso. Existem dezenas de explicações, variando da minha simples percepção errada a um cansaço rotineiro. Mas o que eu pensei, o que eu senti, na hora e depois, isso sim é relevante, diz muito. Mas sobre mim... E o que é que diz? Bem, já é quase uma hora da manhã, e estou com esse texto me acompanhando há pelo menos duas horas. Por isso, vou só dizer só duas coisas: vai levar mais tempo do que eu gostaria, pra superar isso. Eu estimo uns dois anos, no mínimo... E a segunda coisa é: evitar o olhar dela a todo custo. É, eu sou um fraco e se eu cruzar meu olhar com o dela, sei que tudo o que lutei pra esquecer, pra enterrar, vai voltar à tona.
E foi esse pequeno gesto que deixou meu dia, ou o restinho dele, pior. Ou melhor. Ou ambos.
Porque algumas dores nos acompanham pra sempre. Elas podem diminuir, podemos nos esquecer delas momentaneamente, nos anestesiando. Mas elas estarão sempre conosco. Algumas feridas simplesmente não fecham...
22 comentários:
Bom, eu também aprendi que não se deve 'xavecar' quem trabalha com você porque se ela disser não, você ainda vai ter que ve-la no outro dia e no outro e no outro... e assim fica dificil de esquecer.
Mas eu não a odeio. Não é culpa de ninguem. Também estou evitando ela, as vezes até trato 'mal' (em comparação com antes), mas isso é inevitavel eu acho. Não sou 'superior' o suficiente pra manter a 'amizade' quando eu quero mais.
E acho que é isso... e ela também fica 'triste' com a mudança, porque até gosta da gente, mas não como a gente queria...
Olha, eu li tudo, tá... mas é que eu realmente... bom eu até tenho o que comentar.
Mas eu acredito que nada do que eu disser vai fazer vc se sentir melhor. Pq meio que eu já tento fazer algo pra melhorar a vida de alguém e vejo que sou uma fracassada nisso.
Enquanto vc continuar fazendo questão de ignorá-la, vc não a está ignorando.Consegue perceber o paradoxo?
Acredito que tenha sido um comentário meio duro e muito 'entrão', mas não foi não.
Sério mesmo, eu queria que as coisas não fossem assim, não pra você.
Claro que percebo o paradoxo. Por favor, não ofenda a minha inteligência lógico/verbal/matemática/espacial.
Pode ofender direto a minha inteligência emocional, se quiser. Essa eu nem ligo.
Tb não quis ofender nenhuma das suas inteligências, bah, quem sou eu pra ofender a inteligência de alguém???
É só que eu acho que a parada do 'ignorar' nunca vai dar certo. Quer dizer, existe remédio pra esquecer alguém? Se existir, eu aceito esse receituário.
Eu acho que vc tem um problema com o 'ignorar'. O que vc sugere então?
Porque o brilho eterno de uma mente sem lembranças ainda tá escuro.
Eu sugiro... olha, odeio quando me fazem perguntas que eu não sei responder na hora!!!
Eu vou refletir. Pq eu vou te dizer uma coisa, eu vivo há quase cinco anos solteira e ainda não esqueci dele. Isso pq quem não quis mais fui eu.
Então acredito que esquecer, esquecer, a gente nunca esquece. Acho que o sentimento só diminui, a um ponto onde não doa tanto mais...
Mas vou refletir, e ainda vou [tentar] te dar uma receita infalível!
Esquecer da pessoa a gente não esquece. Eu lembro da primeira, que conheci em 98...
Mas a gente consegue esquecer a dor. Só que pra isso, o único tratamento que eu conheço é tempo, muuuuito tempo.
Primeiro: Enquanto vc continuar fazendo questão de ignorá-la, vc não a está ignorando.Consegue perceber o paradoxo? - Concordo plenamente querer ignorar é não conseguir.
Segundo: Dez anos. Há 6 decidi ignorar. Nunca mais o vi e rezo para não ve-lo. Você sabe melhor que muita gente que minha vida amorosa não serve de exemplo pra nada animador e hoje só posso afirmar que o tempo faz doer menos. Só isso.
bjo e vamos ser mais leves...
Por que todo mundo aponta o paradoxo? Eu sei o paradoxo, mas se alguém me apontar uma solução prática, ficarei feliz.
E dizer pra ser leve quem se pesa em arrobas, é triste...
Bom, xuxu... NÃO HÁ uma solução prática.
Não existe praticidade no amor.
O negócio, como vc mesmo disse, é deixar o tempo passar. Mas se, sinceramente, ignorar a existência dela te faz feliz [o que eu duvido MUITO], então continue ignorando. Ou tentando, como quer que seja.
NADA me deixa feliz. Eu sei que vc sabe o que eu quero dizer.
Felicidade é uma ilusão. Mas depois que vc acorda da Matrix, não tem mais volta.
Eu sei o que vc quer dizer... mas sabe, existem níveis de infelicidade. E acredito que ignorá-la esteja lá pelo nível mais baixo da infelicidade.
Felicidade é para os fracos.
[talvez, como o House, fingir que o amor não existe e brincar que tudo é uma grande bobagem esteja entre as melhores opções.]
Existem níveis de ilusão. Quanto maior o seu nível de ilusão, menor o seu nível de infelicidade, ou seja, são inversamente proporcionais.
E eu disse, quem acorda da Matrix não volta.
Mas o House tem razão quando diz que tudo é uma grande bobagem. Porque é, e somos seres insignificantes com mania de grandeza.
bom, é foda ter que ver todo dia uma pessoa que se gosta...
mas pra ser sincera, a gente se importa e sofre, até o dia em que a gente ainda tem esperança... por mais que vc fale que nao ha esperanças, se vc ainda se importa é pq no fundo ainda tem uma pequena esperança escondida... e isso que mata...
Não, colegas, eu acho que vc nunca passou por isso, mas vc não sofre só quando tem esperança.
Vc sofre MUITO MAIS quando a esperança morre. É como se uma parte sua morresse, e as outras tivessem que continuar.
é meio difícil falar sobre isso qndo não se está efetivamente na situação, tudo o q a gente falar aqui pode soar pra vc como besteira ou 'fórmulas absurdas', só q não existe fórmule ou solução q dê jeito em dor de amor.
a verdade é q enquanto vc alimentar qualquer sentimento por ela, seja até mesmo a vontade de tirá-la de vez do seu pensamento, mais ela vai ficar em vc, mais ela vai se fazer presente, pq há em vc uma tentativa inútil de afastar algo do pensamento, pensando sempre, já q vc se dá o trabalho de procurar os lugares q ela está pra vc não ir, já q vc se pega preocupado em sair mais cedo pra não ter q esbarrar com ela e por aí vai.
vc tem q viver a sua vida e pronto, a não ser q um dos dois mude de emprego, vcs tem uma 'vida' juntos e isso não dá pra separar, não ignore, a tentativa de afastar ela de vc pode atrapalhar inclusive outras coisas, e isso com certeza não é legal, aprenda a conviver com a presença dela.
bjs
Olha, não funciona assim, não é "vou parar de pensar nela e viver a minha vida e pronto". Se fosse, não haveria post nenhum.
bom, pra mim funcionou, eu sei q no começo é difícil e estranho, mas tentar ignorar só faz com q a pessoa não saia nunca do seu foco.
É Soda.. eu acho q sei como tu se sente.. é dificil, esquecer.. eu não consigo, tento de toda forma seguir em frente, pensar em outra coisa.. mudar meu jeito de ser mas nao da.. alem de continuar vendo ela, mesmo tentando se afastar, mo fim.. a expressão de tristeza acaba nos corroendo, apesar de sentirmos ódio pela pessoa a amamos ela e não queremos a ver sofrendo de jeito nenhum.. é complicado quando chegamos a esse ponto. Já sei que na minha vida não vou conseguir esquecer alguem ao menos que se afaste dela, mas quando a amo, mesmo a odiando... não quero me afastar dela nunca, afinal de contas quero estar com ela pra sempre.. pra sempre pode parecer forte d+. Mas quando pensamos juntos, quando nos entre olhamos parece que somos um e estamos interligados. Morro de ciumes ao sinal da aproximação de qlqr pessoa, mudo minha expressão quando ela diz q conheceu alguem extremamente engracado, pois estou eu acostumado a ser eu quem faz ela rir e da mesma forma já me acostumei com ela me fazendo rir, então ai vem a parte de ignorar... Já passei dessa parte... 2 meses sem ver ela, vendo mais ignorando.. quando voltei a falar com ela... 1 segundo longe dela parece 1 ano.. Não sei o que fazer.. já tentei de tudo. Mas no final.. ela é a garota que eu odeio amar. E por incrivel uma das gurias que eu considerei a minha vida toda a mais "idiota" de todas me disse a frase mais certa... Não escolhemos quem amamos, simplismente amamos, não conseguimos mandar no coração.
escrevi d+.. sempre tenho a impressão qnd escrevo d+ q escrevo muito e não digo nada.
Vc só disse o que estava no seu coração :)
Nunca vi um homem sentimental, é a primeira vez.
Ou é sentimentalismo com uma obscura finalidade sexual, rss...
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