2011-03-29

Filme: Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

Um filme pode até ter uma história capenga (ou uma desculpa em vez de uma história) e ainda assim ser bom, como eu disse no post de Sucker Punch. Em comum com este último, o filme Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (cujo título original é Battle: Los Angeles), tem a história pouco inspirada. A diferença é que a realização desta Batalha de Los Angeles é como a história do filme: meio capenga.

filme invasão do mundo batalha de los angeles poster cartaz

A história (ou desculpa) é que alienígenas estão invadindo a terra, começando pelas cidades próximas ao litoral. No filme, acompanhamos um pelotão do exército americano numa missão de resgate a civis no meio da zona de guerra que a cidade de Los Angeles se transformou. Em teoria uma missão simples, ela se torna complicada quando os soldados se deparam com os alienígenas, com uma tecnologia de guerra muito superior, mas paradoxalmente, com táticas de combate iguais às dos humanos (como é dito em um momento do filme). Será que isso quer dizer que nossas táticas estão no seu máximo e só nos resta criar armas melhores? Que orgulho humano, hein?

Os soldados que formam o esquadrão mostrado em Batalha de Los Angeles têm praticamente todos os clichês do gênero. O protagonista Michael Nantz (Aaron Eckhart), por exemplo, faz o papel do veterano atormentado e com um pé na aposentadoria, mas que se vê obrigado a participar de uma última batalha. Além disso temos o comandante do esquadrão que apesar da patente é um novato em batalhas, a soldado durona (que solta um dos clichês mais usados, de "não estou aqui por ser um rostinho bonito"), os soldados com problemas pessoais e familiares, etc. O diretor Jonathan Liebesman até tenta puxar um pouco para o drama, aproveitando também as histórias dos civis fugindo, mas o que se vê é uma tentativa pouco inspirada, pra dizer o mínimo. O que salta aos olhos (e toma tempo de projeção) são mesmo as explosões e tiros.

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E apesar de ter muitas cenas de ação (o que não deixa de ser legal pra quem gosta de uma catarse provocada por tiros e explosões), a maioria deixa a desejar. Optando por filmar com a câmera na mão na maioria (senão em todos) os planos, o diretor Nantz pretende aumentar a ansiedade e dar um ar documental ao filme. Esse exagero incomoda um pouco no começo, quando abusa dos enquadramentos fechados nos rostos dos atores, sem que as cenas sejam exigentes em teor dramático. Além disso, se a câmera na mão ajuda a criar um clima de ansiedade (pela ação que está por vir), nas cenas de ação propriamente ditas, ela acaba causando um efeito de decepção no espectador, por justamente não conseguir ver direito o inimigo, ou seja, os alienígenas. Pra piorar, na maioria das cenas de batalha, o cenário é cheio de fumaça, daquela névoa levantada pela pólvora dos tiros e destruição de material, chamada em inglês de fog of war (existe uma expressão equivalente em português ou só a tradução literal, "névoa de guerra"?), o que faz com que seja praticamente impossível ver com exatidão os alienígenas.

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Existem muitas razões para esconder "o visual" dos aliens, desde financeiras (economizar nos efeitos), o que não acredito pelo orçamento do filme, até razões narrativas (pra causar surpresa ou suspense), o que em Batalha de Los Angeles não faz o menor sentido. Até mesmo quando os soldados recuperam um alien imobilizado, a câmera opta por dar um zoom nas entranhas do bicho, o que dito assim, pode parecer paradoxal, mas não mostra muita coisa da criatura.

Como filme de ficção científica, Batalha de Los Angeles é uma bomba. Como filme de guerra, é fraco. Como filme de ação, é razoável, mas a ação só é bacana na segunda metade do filme. Mesmo que o desfecho da última batalha mostrada seja de uma estupidez imensa. SPOILER ATÉ O FINAL DO PARÁGRAFO: Mesmo que os soldados tivesse destruído a central de controle, eles estavam em menor número ali e nunca os soldados adversários iriam recuar. Iriam sim esmagar os humanos, deixando o final mais heróico, talvez, afinal, os soldados iriam se sacrificar pra derrubar uma grande peça da máquina de guerra inimiga.

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Vendido como um Falcão Negro em Perigo (excelente filme de Ridley Scott), mas com alienígenas, Batalha de Los Angeles não chega aos pés da sua "inspiração terráquea". É um filme fraco, mas se o intuito é só ver tiros e explosões, mesmo que você não enxergue para onde atira, é razoável. E mesmo tendo cenas de batalha com a cara de videogame (tem um plano que parece tirado de Call of Duty), como mero espectador, você deve ficar mais tonto do que animado.

Trailer:



Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.

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