Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 03/03/2011, sobre promessas não cumpridas de reajuste salarial.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
/===================================================================================
Promessas não cumpridas sobre reajuste salarial
Vou voltar a um tema que vem se repetindo com uma constância preocupante: o das promessas não cumpridas.
Nos últimos quinze dias eu recebi cinco mensagens de ouvintes contando a mesma história, com pequenas variações. Todos eles ouviram do superior imediato, ou da pessoa que conduziu a entrevista de admissão, que o salário inicial seria um, mas dali a três meses, ou dali a seis meses, haveria um reajuste. Dos cinco ouvintes que me escreveram, três continuam nas empresas, mas as pessoas que fizeram as promessas, já saíram. E dois ouvintes foram dispensados antes que a promessa fosse concretizada.
A pergunta de todos eles é a mesma: que direitos eu tenho? A resposta é crua, fria e difícil de digerir: nenhum direito. Legalmente, o que vale é o que está registrado por escrito. Promessas verbais só têm valor, e mesmo assim relativo, se houver testemunhas da conversa, algo que nunca acontece.
Um dos ouvintes que foi dispensado ouviu de um advogado trabalhista que poderia mover uma ação, com possibilidade de ganhar a causa. Eu não recomendaria que isso fosse feito, porque os valores normalmente são baixos e não é bom para a carreira ficar carregando uma reclamação trabalhista por um ou dois anos. E isso sem contar que possibilidade de ganhar a causa significa igualmente possibilidade de perder a causa, o que nesse caso me parece mais provável, já que será a palavra do reclamante contra a palavra da empresa. A não ser que quem fez a promessa e já está em outra empresa se disponha a ir testemunhar contra a empresa anterior, o que também raramente acontece.
Eu creio que muitos ouvintes que ouvem uma promessa se sentem constrangidos de pedí-la por escrito. E se de repente a pessoa que fez a promessa se sentir ofendida? Bom, é melhor criar o impasse antes, para não sofrer as consequências depois.
Existem empresas sérias que cumprem as promessas feitas verbalmente? Claro que existem. O dilema de quem ouve a promessa é que não dá para saber de antemão, se a empresa é séria ou não. Daí, não custa perguntar: "Seria possível colocar isso por escrito?" Seis palavras, que podem gerar sessenta segundos de constrangimento, mas que poderão evitar seis meses de decepção.
Max Gehringer, para CBN.
Um comentário:
Bacana saber disso.
Postar um comentário