2011-03-08

'Não consigo me adaptar ao ritmo do serviço público' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 08/03/2011, sobre o ritmo do serviço público.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Não consigo me adaptar ao ritmo do serviço público'

serviço público
"Tenho 25 anos", escreve um ouvinte."Trabalho desde os 19 e passei os últimos três anos tentando concursos públicos. Finalmente consegui passar em um e faz três meses que assumi o meu posto. O salário é bom, mas não estou conseguindo me adaptar ao ritmo do serviço público. Tudo é muito devagar. Vejo colegas que estão fazendo a mesma coisa há mais de dez anos e fico pensando se é isso que também me espera. O que me levou a mudar foi a garantia de estabilidade, e isso eu tenho. Mas o resto é previsível demais. Estou sentindo falta da correria e da criatividade. O que eu faço?"

Vamos lá. Toda vez que eu insinuo que o ritmo do serviço público é mais moderado, vários funcionários públicos me escrevem para dizer que não é bem assim, e que eles são sérios e dedicados. Eu não duvido que sejam. A questão está simplesmente na referência. O ouvinte que escreveu viveu os dois lados e pode compará-los. Vários outros ouvintes que mudaram do setor privado para o setor público já me escreveram dizendo a mesma coisa. Mas eu nunca recebi uma mensagem de alguém que mudou do setor público para o privado e escreveu para dizer que o serviço público é mais puxado, mais exigente ou mais estressante.

A diferença está na concorrência. Basta uma empresa privada piscar para que o concorrente aproveite e ganhe espaço no mercado. Quando não há concorrência, a preocupação diminui e o ritmo tende a ser mais suave. Isso faz com que os setores público e privado sejam dois mundos muito diferentes, o que não quer dizer que um seja melhor que o outro.

O nosso ouvinte agora tem a referência que antes não tinha. Se a estabilidade continua sendo a sua principal prioridade, tudo é uma questão de adaptação. Se deixou de ser, basta voltar. Mas eu sugiro que ele evite tomar uma decisão com base na primeira impressão. Três meses é pouco tempo. Um ano seria suficiente para que as coisas fiquem mais claras e a decisão seja mais ponderada.

Max Gehringer, para CBN.

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