Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 26/05/2009, sobre o que as empresas querem, quando se referem à criatividade.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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A liberdade intelectual nas grandes empresas
"Fui executivo de multinacionais durante 30 anos", escreve um ouvinte. "Não sei se estou errado em minha avaliação, mas empresas falam muito em criatividade, empreendedorismo, ousadia e outras palavras bonitas. Só que na prática, os funcionários mais criativos, mais empreendedores, e principalmente, mais ousados, acabam trombando com o sistema e quase nunca ganham espaço para mostrar o que sabem e podem fazer.
No fundo, empresas querem funcionários que se enquadrem em seus processos. Eu me pergunto se gênios como Einstein, Edson ou DaVinci, conseguiriam ao menos ser ouvidos nas empresas atuais. Não digo isso por frustração, porque tive uma carreira bem sucedida. Apenas não acho certo que jovens sejam enganados com promessas de grande liberdade intelectual em empresas, coisas que eles nunca terão."
Concordo com a avaliação do ouvinte. Quando empresas falam em criatividade, elas estão se referindo a uma criatividade restrita, dentro do quadradinho em que o funcionário atua. Empresas não contratam pessoas, principalmente nos níveis hierárquicos mais baixos, pensando que elas irão promover grandes transformações em curto prazo. Empresas querem funcionários capazes de executar tarefas pré-definidas e com pouca liberdade de ação.
Mas, e os gênios da humanidade? Bom, os gênios foram e são pessoas fora da curva normal. Mas há casos interessantes. O ouvinte mencionou Albert Einstein. Aos 21 anos, ele tentou ser professor, mas não encontrou quem o empregasse. Através de um amigo, Einstein conseguiu uma vaga burocrática de assistente, no escritório de patentes da Suíça. É interessante imaginar Einstein tentando explicar para o chefe, que tinha algumas idéias revolucionárias. E provavelmente, levando uma dura do chefe: "Albert, não é para isso que você é pago! Pare de pensar e faça o seu trabalho."
Einstein passou 3 anos como um obscuro funcionário, e ainda foi descartado numa promoção. Sem ter conseguido mudar a rotina do escritório onde ele trabalhava, Einstein mudaria a rotina do mundo.
Creio que Einstein é um bom exemplo para jovens criativos e empreendedores, que se sentem tolhidos em empresas. Quem for bom, vai encontrar o seu caminho.
Se não der para ser um em um milhão, e entrar na enciclopédia, é perfeitamente possível ser um em mil, e ter uma carreira bem sucedida, como o nosso ouvinte. Mas é bom lembrar que ninguém na história do mundo, até hoje, ficou famoso por reclamar que não teve oportunidade para mostrar o seu talento.
Max Gehringer, para CBN.
2 comentários:
como sempre ele e seus ótimos comentários... sem dúvida nenhuma as empresas não pagam pra pensar e quem é gênio faz o seu caminho, não espera ninguém abrir porta.
bjs
axo que eles se sentem ameaçados, por quem tem ideias inovadoras, por isso tentam um oprimir o outro
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