Antipatia sem motivo é comum no mercado de trabalho - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 13/04/2009, sobre o que um chefe que sente antipatia sem motivo por um subordinado deveria fazer, além de uma pequena reflexão sobre as pessoas nas empresas.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

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Antipatia sem motivo é comum no mercado de trabalho


Uma consulta diferente: "Minha pergunta", escreve um ouvinte, "vai na contramão das perguntas que você costuma responder. De modo geral, são os subordinados que escrevem para reclamar dos chefes, que são insensíveis, incompetentes ou coisa pior. Pois bem, eu sou chefe. Dirijo uma equipe de 18 subordinados e nunca enfrentei problemas ou conflitos; sou aberto ao diálogo, raramente me irrito e sempre peço as coisas com educação e respeito.

Acontece que eu tenho um subordinado do qual eu não gosto. Para dizer a verdade, nem sei bem porque. Apenas não gosto e a cada dia que passa, eu gosto menos. Não é que ele seja um mal funcionário. Eu não teria motivos para simplesmente dispensá-lo e depois ficar em paz com minha consciência. Mas como acontece em nossas vidas pessoais, de vez em quando a gente bate o olho em alguém e sente aquela antipatia, instantânea e inexplicável. Foi o que aconteceu no caso desse funcionário. Eu mesmo o contratei, mas desde o primeiro dia, senti que não haveria química. Existe alguma coisa que eu posso fazer?"

Sim, existe. Mas antes, a sua confissão comprova o que você escreveu a seu respeito. Mesmo tendo o poder para tomar uma decisão drástica, você está preocupado em não decidir injustamente, pensando só no seu lado da questão.

Essa antipatia aguda não é incomum no mercado de trabalho. Cada ouvinte, neste momento, será capaz de lembrar de um colega de quem não gosta, mesmo que esse sentimento não seja compartilhado pelos demais colegas do não gostado. A partir dessa rejeição sem explicação, passamos a enxergar naquela pessoa cada vez mais defeitos, reais ou imaginários. Até atingir o ponto crítico, da raiva sem qualquer fundamento.

Como você chefia um setor com 18 subordinados, sua empresa deve ser de médio ou grande porte. A minha sugestão é transfira o funcionário mal amado para outro setor. Essa é a única maneira de solucionar a questão sem causar danos. O que você sente outro chefe não sentirá. E ninguém sairá prejudicado.

A sua consulta é interessante porque ela mostra que por mais manuais de comportamento que possam ser escritos em empresas, tudo continua dependendo de seres humanos. Que nem sempre conseguem colocar a razão acima da emoção ou o pragmatismo acima dos sentimentos. Pelo lado inverso, e bom, há pessoas que se apaixonam perdidamente, e o resto fica se perguntando o que uma viu de tão especial na outra.

Em resumo, somos todos normais. E isso inclui as nossas eventuais anormalidades.

Max Gehringer, para CBN.