Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 20/04/2009, sobre a validade de pesquisas de satisfação de empregados, quando feitas pela própria empresa.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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Pesquisas de satisfação dos empregados feitas pelas empresas podem ser levadas a sério?
Escreve um ouvinte surpreso: "A empresa em que eu trabalho", diz ele, "faz uma pesquisa anual para avaliar o grau de satisfação dos empregados. A última pesquisa indicou que 92% estavam satisfeitos. E a empresa fez um belo carnaval, colocando esse número em tudo quanto era lugar: na portaria, nos quadros de aviso, na Intranet e até nas correspondências internas.
O resultado me deixou surpreso, porque de cada 10 colegas meus, no mínimo 8 não estão satisfeitos. E pelo menos 4 mudariam de emprego hoje mesmo, se aparecesse uma oportunidade. Por isso eu pergunto se essas pesquisas são realmente sérias."
Bom, em primeiro lugar, essas pesquisas padecem do chamado vício de origem. Elas são feitas pela própria empresa, e não por um instituto de pesquisa independente. Em segundo lugar, existe o interesse pessoal. Os profissionais envolvidos na elaboração da pesquisa dependem dos resultados dela. Uma melhora no índice geral de satisfação irá aparecer na avaliação de desempenho de quem elaborou e conduziu a pesquisa, e poderá gerar benefícios individuais imediatos, como um bônus, por exemplo.
Essas duas condições fazem com que os resultados sejam bem diferentes daqueles obtidos em pesquisas conduzidas por institutos autônomos, que não têm interesse direto no resultado final.
A maioria das pesquisas independentes no Brasil ou no exterior, tem revelado exatamente o que nosso ouvinte escuta nos corredores e no banheiro: 7 de cada 10 funcionários não estão satisfeitos, ou com seu trabalho, ou com as condições oferecidas pela empresa, ou com as duas coisas.
Nosso ouvinte tem razão: o número de 92% de satisfação é puro marketing e está sendo usado pela empresa como uma ferramenta de motivação, e não como um espelho da realidade. Nenhuma empresa do mundo tem 9 de cada 10 empregados inteiramente satisfeitos.
Estar profissionalmente insatisfeito não é ser do contra, é a natureza do empregado. Usada positivamente, essa insatisfação gera uma ação para tentar melhorar. Usada negativamente, ela gera reclamação e imobilidade. Portanto, o que realmente importa é a pesquisa que cada um conduz sobre seu próprio grau de satisfação, e a atitude que toma em relação ao resultado.
Max Gehringer, para CBN.
2 comentários:
Minha empresa não conduz esse tipo de pesquisa. Mas é engraçado e coincidente, pq... esse mês tem uma revista [que eu acho que já comentei aqui, blá blá blá whiskas sachê] fazendo uma pesquisa com os empregados, pois no ano passado minha empresa entrou na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil.
Claro que num ficou lá entre as primeiras. Mas sei lá, não acho que isso retrate a realidade de lá não. Para quem tem altos cargos, como em todo o funcionalismo público, É ÓBVIO que é um ótimo lugar para trabalhar. Para nós, peões, no entanto...
Ah, deve ser o negócio da Você SA/Exame.
Ano passado alguém da Celesc deve ter inscrito, e o pessoal da Abril enviou uns questionários pra alguns funcionários responderem.
A empresa nem entrou no ranking, hauhauhauha.
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