2009-04-10

Falar muito não é problema, mas falar demais é - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 09/04/2009, sobre uma ouvinte que falou demais e agora está arrependida.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

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Falar muito não é problema, mas falar demais é

zíper na boca
"Sei que você vai dizer que eu falo demais e estou preparada para esta crítica", diz uma ouvinte. "Mas entrei numa situação delicada e não sei como sair dela. É o seguinte: neste momento na minha empresa, há um processo em andamento para promover alguém do meu setor a supervisor. Eu não sou uma das candidatas, e talvez por isso, numa conversa no meio de nada, o meu gerente me perguntou quais de meus colegas, em minha opinião, ainda não estariam preparados para uma promoção.

Como sempre faço, eu respondi rapidamente dando três nomes. E agora estou pensando nas consequências. Posso ter atrapalhado a carreira de três colegas, e além disso, se a conversa com meu gerente vazar, vou ficar numa situação muito desconfortável."


Bom, primeiro, você fala demais. Falar muito não é um problema. Mas falar demais, é. Porque você acaba falando, como falou, o que não deveria e não precisava.

A sua resposta poderia ter sido a de que você não tem condições para avaliar quem deve ou não deve ser promovido. Mas que tem a certeza de que seu gerente tomará a decisão justa e correta. E aí, sem nem tomar fôlego, bastaria você ter engatado que seu tio Antenor foi dispensado na semana passada e por isso você está preocupada com a crise em geral, e com a situação da Venezuela em particular. E o assunto da promoção de seus colegas seria esquecido, porque seu gerente sabe que você, quando começa a falar, não para mais. E ele alegaria ter algo urgente para fazer e deixaria você falando sozinha.

Mas como você já deu os três nomes, não fale demais pela segunda vez. Imagino que você até esteja pensando em contar para esses três colegas que você falou sem pensar e tentar se desculpar. Isso seria como tentar curar uma fratura exposta com esparadrapo. Porque, aí sim, a sua indiscrição se espalharia rapidamente.

Eu não acredito que seu gerente irá divulgar o que você disse, porque isso só iria complicar, sem necessidade, o ambiente de trabalho. E sei que não adianta recomendar a alguém que fala muito, para falar menos. Mas você pode usar este caso para evitar futuras tentações de falar antes e pensar depois. E é bem fácil.

Assim que alguém lhe fizer uma pergunta, cuja resposta poderá comprometê-la, responda o seguinte: Não sei, mas aproveitando, você sabe de alguma empresa que está precisando de um bom mecânico? E aí, você começa a contar a história do seu tio Antenor, até que o locutor desista de continuar ouvindo.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Ana P. disse...

Como eu tenho ouvido a CBN de manhã, nesse dia eu ouvi esse comentário. E lembrei de uma situação pela qual eu já passei, de um chefe fazer uma pergunta desse naipe: "Ana, se você pudesse transferir alguém de agência, pra uma agência lá nas cucuias (sic), quem você mandaria?"

E eu: "Olha, fulano, eu acredito na minha capacidade de gerenciar conflitos, mas acho que ainda não estou qualificada para lhe ajudar nesse tipo de decisão. Acho que você pode conversar com alguns de seus funcionários e ver qual aceitaria melhor esse tipo de mudança. Mas não posso indicar um nome, pois não conheço todos tão bem assim."

Claro que depois eu xinguei muito ele. Sou paga pra tomar decisões por ele? Claro que não!

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!