Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 15/02/2011, sobre a decisão do judiciário americano sobre um processo de uma funcionária que foi demitida por falar mal do chefe no Facebook.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Falei mal do meu chefe no Facebook e fui demitida'
Alguns ouvintes me pediram para comentar o caso de uma funcionária que falou mal do chefe no Facebook, foi demitida, processou a empresa e ganhou a causa. O que aconteceu foi o seguinte: o caso ocorreu há três meses nos Estados Unidos. E, de fato, a funcionária usou o Facebook para criticar o seu supervisor e foi demitida. Na carta de demissão, a empresa esclareceu que a dispensa foi causada por reclamações contra a funcionária, mas acrescentou que ela havia violado uma norma interna, que impede os empregados de fazer críticas públicas à empresa. Foi essa frase que fez o caso explodir no mundo inteiro.
Como a constituição americana dá a qualquer cidadão direito à livre expressão e a norma da empresa contraria essa liberdade, o sindicato fez uma denúncia à Câmara Nacional de Relações do Trabalho, um órgão federal que pode ser comparado ao nosso Ministério Público do Trabalho.
O que a Câmara faz é dar início a uma ação, sempre que o assunto tiver um alcance que vá além de um caso isolado. O uso do Facebook, que tem perto de 180 milhões de usuários nos Estados Unidos, se enquadra perfeitamente nesse quesito. Mas o processo não chegou a ser julgado por uma Corte Federal. A empresa denunciada fez um acordo e entre outras coisas, concordou em rever a sua política em relação às críticas feitas por seus empregados nas redes sociais.
Essa decisão tem um peso danado nos Estados Unidos porque fará com que muitas outras empresas sigam o exemplo e passem a ser mais tolerantes. No Brasil, um dos temas prioritários definidos pelo Ministério Público do Trabalho é o combate a todas as formas de discriminação no trabalho. E a grande pergunta é: ser punido por uma crítica pública ao chefe, é discriminação?
Por enquanto, o que se desconfia é que muitas empresas brasileiras consultem o Facebook antes de contratar os empregados, embora nenhuma confesse isso abertamente. E muitos candidatos podem estar sendo descartados em processo de seleção, sem nem saber porquê.
Mas eu não duvido que nosso Ministério Público do Trabalho, sabendo da repercussão e do desfecho do caso americano, acabará movendo um processo semelhante no Brasil, assim que uma empresa der brecha para isso. Faz todo o sentido. No Brasil, o Facebook está chegando aos 40 milhões de usuários. Pouquíssimas ações trabalhistas conseguiriam congregar tanta gente em uma só causa.
Max Gehringer, para CBN.
2 comentários:
eu conheço casos de demissão aqui no brasil, tudo por causa de uma comunidade no orkut.
diante de tudo isso, vou me manter calada kkkkk
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