2008-05-02

Beijo de despedida

Estava eu caminhando em direção ao ponto de ônibus, para voltar para casa. Estava no centro, andando em uma rua que faz parte dos locais mais valorizados da cidade, cheia de edifícios caros e bem decorados.

Era um fim de tarde de outono, em que os fins de tardes já se confundem com noites, denunciando a aproximação do inverno. Além disso, o ar frio já fazia com que as roupas mais pesadas despertassem da hibernação e começassem a habitar as peles novamente.

Pois bem, foi neste cenário, enquanto eu andava, que uma cena me chamou a atenção.

Do outro lado da rua, em frente a entrada da garagem de um edifício, um jovem casal se beijava apaixonadamente. Na entrada da portaria do prédio, outra jovem observava, claramente esperando um daqueles dois amantes, para entrar no edifício.

O beijo finalmente terminara, e a jovem apaixonada subiu os degraus, indo se juntar à outra jovem, que ali esperava. Enquanto lentamente subia os poucos degraus, apesar de olhar para o chão para não cair, não deixava de observar o jovem rapaz. Este, por sua vez, parecia ali paralisado, apenas retribuindo o olhar da bela jovem.

Eis que a jovem, finalmente chegou à entrada da portaria, se juntando à outra jovem. Elas conversaram rapidamente, praticamente um cochicho da primeira jovem à outra que ali esperava, o tempo de uma rápida confissão apenas.

Ao terminar de falar, a jovem enamorada desceu correndo os poucos e pequenos degraus, e foi novamente beijar o jovem. Outro beijo apaixonado, sôfrego, lânguido, outro beijo de despedida, enfim.


Desta vez o beijo durou um pouco menos, e a jovem finalmente se despedira do seu jovem pretendente. Subiu correndo os degraus, e desta vez, ela e a outra jovem entraram no edifício.

Embaixo, o jovem observava-as, e quando elas já estavam dentro do prédio, colocou as mãos nos bolsos, retirou um celular, se virou e começou a sua caminhada. Até aquele momento, eu ainda não o havia visto mexer as pernas, parecendo hipnotizado olhando a bela jovem.

E com isto, eu continuei o meu caminho, deixando para trás aqueles três protagonistas de um pequeno romance, um pequeno drama particular a eles e somente eles. Que eu pude presenciar um pequeno momento.

E eu continuei o meu caminho, afinal, o ônibus não iria me esperar.

2 comentários:

Perdido disse...

Ah se soubesse que aquela era a última vez... mas a gente nunca sabe.

Show essa imagem, hein?

disse...

Ainda existem atitudes bonitas no mundo!

Bjo