Trabalhar na China pode ser uma boa experiência? - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 17/09/2010, sobre o convite a trabalhadores brasileiros, para irem trabalhar na China.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Trabalhar na China pode ser uma boa experiência?


Não sei se isso é só uma coincidência, ou se é uma tendência, mas só nessa semana já me chegaram três mensagens de ouvintes que receberam propostas para trabalhar na China. Não são cargos executivos, mas também não é trabalho de chão de fábrica. Os três ouvintes são técnicos especializados, algo que países em fase de acelerado crescimento, como é o caso da China, sempre necessitam. E aí esses ouvintes perguntam se aceitar seria uma boa para a carreira, ou uma gelada.

Pensando bem, faz mais sentido para os chineses levar um brasileiro para lá, do que um americano ou um europeu. No mínimo, porque nós também somos um país em crescimento. Além disso, o brasileiro tem fama de ser mais adaptável e mais maleável do que os povos do hemisfério norte.

Em princípio, eu diria que essa seria uma bela experiência profissional. Ter trabalhado num país tão distante e tão diferente em termos de tudo, certamente vai alargar os horizontes. Mas eu daria algumas sugestões aos nossos ouvintes.

A primeira é ter um contrato de trabalho bem detalhado. A China certamente tem leis trabalhistas que não são iguais às nossas. A jornada pode ser mais longa e os benefícios legais podem ser menores. Então, é bom ter tudo por escrito, e antes de assinar, dar para um advogado ler. De preferência, um advogado que tenha algum conhecimento sobre as condições trabalhistas da China, incluindo noções sobre gastos de alimentação, transporte e moradia.

A segunda sugestão é torcer pelo melhor, mas não ser excessivamente otimista. Isso significa não comparar a cultura de um chefe chinês, com aquilo que sabemos ou esperamos de um chefe brasileiro. O modo de agir, de mandar ou de criticar, de um chefe da China, pode ser muito diferente do nosso. Não estou afirmando que seja melhor ou pior, mas apenas que a nossa cultura não pode ser usada como referência.

Eu também pediria a esses nossos ouvintes, caso eles decidam se bandear para a China, que escrevam para dizer o que é trabalhar por lá, para que possamos repassar essas impressões a outros brasileiros que venham a receber convites semelhantes no futuro. Se a importação de técnicos brasileiros for mesmo uma tendência, para muitos profissionais, isso poderá vir a ser um negócio da China.

Max Gehringer, para CBN.