2010-09-01

Filme: Par Perfeito

Imagine um filme de comédia/ação concebido especialmente pro público feminino. Evidente que a comédia teria toques de comédia romântica, e a ação teria a violência amenizada, ressaltando o lado cômico. Essa ideia não geraria um filme obrigatoriamente ruim. Mas gerou este Par Perfeito (ou Killers, no original). Eu o encaixaria na mesma categoria de filmes desacerebrados, mas com o diferencial que foi pensado para mulheres.

filme par perfeito katherine heigl ashton kutcher poster cartaz
A história: Jen Kornfeldt (Katherine Heigl) acabou de se separar e está de férias com seus pais na Europa. Num luxuoso hotel, ela conhece Spencer Aimes (Ashton Kutcher), os dois se apaixonam e depois se casam. Acontece que Spencer é um agente secreto, um assassino profissional. Mas ao conhecer Jen, decide largar a profissão. 3 anos depois, o casal vive o sonho americano: casinha com cerca branca e um grande jardim, um negócio próspero e uma vida em comunidade. Mas ao receber um bilhete de seu ex-chefe, Spencer começa a ser perseguido por assassinos profissionais. E agora, terá que contar a Jen sobre seu passado e junto dela, descobrir o que está acontecendo e sobreviver.

Par Perfeito lembra um pouco outro filme recente, o Encontro Explosivo. Entretanto, se neste último tudo era propositalmente muito caricatural, Par Perfeito parece se levar um pouco a sério demais. O que resulta num filme visualmente bem feito (e nem estou falando da beleza dos protagonistas), mas que é só isso, e por isso mesmo, não se sustenta.

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Heigl está começando a repetir sempre o mesmo papel, interpretando a si mesma (ou a imagem que fazemos dela). Neste filme, a bela loira tenta fazer comédia, enfatizando em sua personagem Jen, o jeito estabanado/atrapalhado. Entretanto, o resultado não fica bom, falta um certo timing para a comédia. Veja, por exemplo, logo no início do filme, a cena do elevador, quando ela chega ao hotel. Nesta cena, Jen vê Spencer pela primeira vez, todo saradão e sem camisa, indo para a praia, enquanto ela está carregando um enorme pote de remédios para o estômago e mastigando os comprimidos ruidosamente. Essa cena, que tinha alto potencial para ser engraçada, rende no máximo um risinho meio amarelo, assim como o que a protagonista dá.

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Kutcher, por outro lado, parece mais a vontade no seu personagem, o agente "fodão" especializado e com licença (revogada, ou nem tanto), para matar. Entretanto, isso não significa muita coisa, pois o personagem Spencer é tão carregado de clichês diferentes, que fica inverossímil demais. Desde suas atitudes (ele "confessa" seu ramo de trabalho para Jen, enquanto ela dorme depois de beber um pouco a mais), até sua história de vida (a agência recrutou ele porque ele era sozinho, sem família, e depois de uns servicinhos, tudo o que ele queria era uma família normal, sem mais essa história de ficar pegando modelos todo dia).

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Depois do primeiro terço do filme, quando a ação começa, o filme melhora um pouco. Até as situações cômicas se desenvolvem melhor, enquanto rola a ação. Infelizmente, quando o diálogo volta a cena, o filme volta à mesmice. Pelo menos não dá pra reclamar das cenas de ação, pois são bem feitas. Mesmo não tendo grandes explosões, sendo a ação mais corpo a corpo, com tiros e confrontos, essas cenas ficaram boas, e são a única coisa que impede o filme de cair numa chatice monumental.

Mas mesmo nestas cenas, em que o confronto se dá entre matadores profissionais (todos usando armas de fogo, claro), é interessante notar que, até a última cena, nenhuma pessoa é morta com tiros, sendo elas, todas "quase acidentais". Talvez uma maneira de tornar o filme menos violento, mais palatável ao público alvo feminino?

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Quando digo que Par Perfeito é voltado para as mulheres, é porque o desenvolvimento da personagem de Heigl é o sonho (machista) de toda mulher: encontrar um cara que a salve, que diga a ela que a ama (ou seja, que seja "fofo", como as mulheres dizem), mas que ao mesmo tempo, provoque uma emoção pra não deixar as coisas caírem na rotina.

Eu não tenho nada contra esse sonho de consumo feminino (ênfase na palavra sonho), mas o filme é ruim por outros motivos. Além de não ser engraçado (lembrem-se que isso era pra ser uma comédia), Par Perfeito ainda tem várias pontas soltas. Por exemplo, veja a mãe de Jen, interpretada por Catherine O'Hara. Durante o filme todo é enfatizado o seu alcoolismo, mas ele rende no máximo, uma única piada inicial. Que não é tão engraçada assim, e eu contando isso, devo ter estragado com a pouca graça que ela tinha. Outro exemplo de bizarrice é quando Spencer corta o vestido de Jen, que a estava apertando e ela não conseguia respirar. Ele faz isso, com uma faca tirada do bolso. Não um canivete, uma faca, dessas que o Rambo leva pra selva. Err... e ele estava vestido com traje chique (acho que era esporte fino, mas não conheço e não ligo pra essas classificações).

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Enfim, apesar de não ser tão terrível quanto filmes como Caçador de Recompensa, Par Perfeito com certeza tem um par. De defeitos. Se for ver, aproveite mesmo a beleza da Katherine Heigl (ou do Ashton Kutcher, se você gostar, enfim...), e as cenas de ação, que se não são extraordinárias (ou inovadoras), são bem feitinhas. Ah!, e claro, tem a participação de Tom Selleck como o pai de Jen. Impossível não lembrar de Magnum...

Trailer:



Para saber mais: crítica no Omelete.

2 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

hummm quero ver esse filme.

CintiaYamane disse...

Tenho visto a propaganda desse filme na tv, e nao me deu nem um pouco de vontade de assistir..